quarta-feira, 15 de maio de 2019

RELATOS DOS TEXTOS DE LEITURAS DO GRUPO

Relato do texto da Bell Hooks cap 1.

A minha sugestão da leitura desse livro em uma de nossas reuniões, nasceu de uma curiosidade particular de conhecer e estudar autoras e autores negros. Durante a maioria dos anos da minha graduação em geografia sempre tive contato com muitos autores que debatiam diversas questões importantes, porém, nunca consegui sentir proximidade ou afetividade com o que era dito pois esses autores sempre foram muito diferentes de mim (homens, héteros, brancos). 
Por isso, comecei a buscar, no meu tempo particular, conhecer alguns autores e autoras negras que falassem dos mesmos temas, com uma discussão muito mais racializada. No meio dessa busca por auto reconhecimento nas obras, encontrei Bell Hooks. 
Gloria Jean Watkins, mais popularmente conhecida como Bell Hooks, é autora, feminista negra, artista e ativista social. Publicou mais de trinta livros e numerosos artigos acadêmicos, apareceu em vários filmes e documentários, e participou de várias palestras públicas. 
Suas obras incidem principalmente sobre a interseccionalidade de raça, capitalismo e gênero. Numa perspectivaanti colonial, anti racista e contra hegemônica, e influenciada pela pedagogia crítica de Paulo Freire, aborda raça, classe e gênero na educação, arte, história, sexualidade, mídia de massa, dentre outros assuntos. Essa inspiração em Paulo Freire originou um de seus primeiros livros chamado: “Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade”, que é tema principal deste relato. 
O livro “Ensinando a Transgredir: a educação como prática de liberdade” relata algumas das experiências da autora como aluna e professora nos Estados Unidos. Hooks faz fortes críticas ao sistema educacional metodológico e enrustido, que não leva em consideração o cotidiano e a vivência dos alunos. 
Bell Hooks analisa a sala de aula como o campo do constrangimento, porém também como um campo de liberdade.  Como professora, ela constatou que muitos professores apenas enchem os alunos de conteúdos acadêmicos sem nenhuma ligação com a realidade e conservam assim, o machismo, o racismo e o sexismo dentro das escolas.
A educação como prática de liberdade busca romper os muros criados pelo sistema hegemônico na educação. É uma pedagogia engajada e inovadora, mas que precisa que todos estejam abertos para essa mudança. Como diz: 

[… A academia não é o paraíso, mas o aprendizado, é um lugar onde o paraíso pode ser criado. A sala de aula com todas suas limitações continua sendo ambiente de possibilidades. Nesse campo de possibilidades, temos a oportunidade de trabalhar pela liberdade, exigir de nós e de nossos camaradas uma abertura da mente e do coração que nos permite encarar a realidade ao mesmo tempo em que, coletivamente, imaginemos esquemas para cruzar fronteiras, para transgredir. Isso é a educação como prática da liberdade…] HOOKS, 2013.pág. 273.

Relato por: Queila Romualdo


terça-feira, 7 de maio de 2019

PET PARTICIPAÇÕES: Participação na aula da graduação.



No dia 18 de março, o grupo Pet Geografia esteve presente na aula da disciplina trabalho de campo lecionado pela nossa Tutora Anita Loureiro. Colocamos um pouco das nossas experiências que adquirimos na comunidade de São Gonçalo Paraty, e expomos o último trabalho que foi realizado com a comunidade, o Mapa do Turismo de Base Comunitária.


Explicamos um pouco dos processos, como o mapa foi elaborado, as dificuldades, as limitações e principalmente as contribuições dos moradores da comunidade. Em suma, fizemos questão de enfatizar a importância do trabalho de campo para a pesquisa acadêmica, pois por mais que leituras a  priori sobre o lugar houvessem sido feitas, o campo nos proporciona sempre um novo olhar, novos aprendizados e experiências que não estão escritas em livros ou textos acadêmicos, e também nos permite ter uma maior aproximação.














Relato feito por: Francine Lins (Bolsista PETGEO)

PET PARTICIPAÇÕES: Peça "Greta Garbo: Quem diria chegou no Irajá!", estrelada por Thiago Cardoso (integrante do Grupo PET-GEOGRAFIA/IM)


No dia 16 do mês de março de 2019, os integrantes do grupo PET-Geografia; Mateus Duarte, André Tavares, estavam presentes na estreia da peça "Greta Garbo: Quem diria chegou no Irajá!", estrelada por Thiago Cardoso (integrante do Grupo PET-GEOGRAFIA/IM), Tatiana Lucckesi e Jonatas Henrique.
Escrita por Fernando Melo, segundo Arivaldo Sacramento de Soza, “Nas tramas de Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá: crítica filológica e estudo de sexualidades”, em sua tese apresentada ao Programa de Pesquisa e Pós-graduação em Letras e Linguística, Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, o texto: “dramatiza uma relação homoerótica conturbada entre um enfermeiro idoso e um jovem desabrigado do interior do Rio de Janeiro – tem sido encenada desde a década de 1970 com grande repercussão no cenário artístico nacional brasileiro, inclusive, surpreendentemente, no contexto político sob o qual o Brasil viveu o regime de epressão ditatorial militar.”
Destacando um ponto importante nesse recorte espaço-temporal, do Rio de Janeiro em plena ditadura militar, onde a arte era uma das maiores formas de resistência, e muitos artistas tiveram que pagar com a própria vida para garantir hoje a liberdade de um estado democrático de direito - ameaçado - é que objetiva-se traçar um paralelo sobre os espaços que esse conteúdo artístico-político era representado, e onde ele está em cartaz atualmente no estado do Rio de Janeiro.
A peça protagonizada pelo integrante do PET-GEO, Thiago Cardoso, está em cartaz na Praça CEUS, conhecida também como praça dos meninos, localizada no município de Nilópolis, no bairro Cabral, onde, segundo o secretário de cultura do município há próximo da praça pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, e que frequentam o teatro naquela praça, o que evidencia a arte em sua forma mais pura, que seja alcançada por todos os públicos, tocando em assuntos tão importantes para a sociedade como foi tratado no espetáculo.
Após a estréia houve uma roda de conversa mediada pelo bolsista André Tavares com os debatedores: Pedro Henrique - assessor do prefeito municipal; Antônio Costa - Secretário de cultura de Nilópolis;  Inês Simpliciano - superintendente dos conselhos municipais; Cezar Renato- superintendente da diversidade sexual de Nilópolis; Paulinha Única - superintendente da diversidade sexual de Mesquita; Alex Teixeira - Ator do Coletivo peneira; Edivaldo Barros - Diretor da Escola Municipal Antônio Pereira Guimarães; Adilson Farias - Ex presidente da Câmara Municipal de Nilópolis; onde foi possível pensar sobre como a educação e arte, e a educação através da arte pode proporcionar o combate a violência TLGBI+, e a luta por políticas públicas para TLGBI+ e a expansão da arte na periferia.
A imagem pode conter: 3 pessoas, incluindo Thiago Cardoso, pessoas sorrindo, pessoas em pé
Escrito pelos Bolsistas André Tavares e Matheus Duarte.

quarta-feira, 27 de março de 2019

RELATOS DE TEXTOS DE LEITURAS DO GRUPO

Relato do texto Geografia e(m) movimentos, sobre o debate realizado no dia 27 de março de 2019. O texto  (1º capítulo) é parte do livro “Por uma geografia em movimento: a ciência como ferramenta de luta” do geógrafo Timo Bartholl. 
Alguns apontamentos importantes: 
- A atuação de movimentos sociais junto com a atuação acadêmica possibilitou novas formas de pensar e fazer geografia. 
- Dificuldade metodológica em desenvolver uma forma crítica de saber científico institucional sem desvincular a prática transformadora.
- Bunge (EUA) defende a conexão direta entre geografia, vivência e prática das ideias radicais surgidas na luta. 
- Smith faz uma autocrítica sobre o isolamento na academia e a desconexão com a luta, e também o enfraquecimento das lutas sociais. 
- A cientista social Piven analisa a relação (ativismo X academia) como desvinculada, pois o pensamento crítico não gerou reflexos positivos sobre os movimentos sociais da época.
- Um pensar desvinculado as práticas de luta corre o risco de gerar um conhecimento vazio.
- A teorização da prática emancipatória provoca uma reflexão da luta pela transformação e pela transformação da reflexão. 
- A geografia crítica brasileira construiu uma relação direta com a sala de aula, problematizando o sistema e não as problemáticas dele.
GEOGRAFIA E MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL:
- Renato Emerson em “movimentos sociais e geografia: sobre a(s) espacialidades da ação social” distingue três tendências na análise de movimentos sociais: 
(1ª) “Geografia da organização dos movimentos sociais” : Estuda suas formas e sua “configuração espacial”;
(2ª) “Geografia das lutas sociais”: Foca na “materialização” das lutas e dos conflitos sociais no espaço, tirando o foco da “personificação dos movimentos sociais”;
(3ª) “Geo-grafias dos movimentos sociais”: Debater geografia e movimentos sociais em dois percursos distintos:
1º: Leitura dos movimentos a partir da geografia contemporânea.
2º: Proposição enquanto categoria de análise da geografia: 
- Deixar de ser objeto e ser instrumento analítico para desvendar novas especificidades e territorialidades.
- Portador de novas ordens espaciais. 
Outra característica importante do texto é a apresentação do trabalho enquanto representante de uma análise dos movimentos sociais a partir do entendimento de “movimentos sociais” como categoria, ou seja, pensar a partir dos próprios movimentos sociais e seus sujeitos. 
Geografia(s) e(m) movimento(s) são grafias junto aos, nos e/ou pelos próprios movimentos e seus sujeitos (com o objetivo metodológico, epistêmico, conceitual e teórico). 
- Ele propõe uma geografia que nasce nos seios e se insere em práticas de movimentos sociais. E que se propõe ser um eixo de reflexão transversal entre convivência, militância e ciência. 
Geografias em movimentos como ferra menta de luta do e para os movimentos sociais. 

Algumas reflexões no do final do capítulo: 
Qual ciência queremos e precisamos que possa fortalecer as lutas das classes periféricas? 
Qual epistemologia, quais ferramentas metodológicas, conceituais e teóricas temos e/ou devemos desenvolver para fortalecer a ciência em sua função de servir a essas classes e às suas lutas? 
Quais acúmulos têm e quais caminhos possíveis para construir geografias em movimentos? 
Escrito pelo bolsista André Luiz Bezerra Tavares. 

domingo, 17 de março de 2019


Vem aí nosso livro Gente de Cá: Geografias Periféricas. 


Para o lançamento convidaremos as/os autoras/es e teremos debate sobre os desafios da escrita acadêmica, relatos de experiência sobre o processo de elaboração das monografias, sorteio de livros e café com bolo. Participe! 

O PET-GEOGRAFIA é aberto, plural e quer somar!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Organização, Avaliação e Planejamento








O PET GEOGRAFIA do Instituto Multidisciplinar (IM-Campus Nova Iguaçu) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) "Geografia, Cultura e Cidadania: Diálogo de Saberes no Ensino de Geografia" encerra o ano organizando a programação e o planejamento de 2019. 
Neste momento é tempo de avaliar tudo o que fizemos em 2018 pra tentar sempre ser melhor! Também é hora de organizar coletivamente o que temos para o próximo ano. E tem muita coisa boa pra contar! Finalizamos nosso Mapa Caiçara com a comunidade de São Gonçalo (Paraty) e em breve vamos publicá-lo e contar sobre o lançamento em Paraty. Também estamos fechando o livro Gente de cá: Geografias Periféricas com artigos de petianos/as e egressos/as e que será lançado após o retorno das aulas em 2019. 

Tem muita novidade chegando! 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

RELATO PETGEO VIAGEM - São Gonçalo - Paraty- RJ


      Durante o dia 30 de novembro ao dia 01 de dezembro, o grupo PET-Geografia retornou à comunidade caiçara de São Gonçalo, em Paraty-RJ, com objetivo de produzir um mapa ilustrado com base na metodologia da cartografia da ação pautados nas contribuições de Ana Clara Torres Ribeiro.

     Após a produção da obra “Geografia e Dialogo de Saberes: Territorialidades Caiçaras em Paraty”, o grupo sentiu necessidade de retornar a pesquisa para aumentar o campo de possibilidades do diálogo, onde almejamos contribuir para o fortalecimento do Turismo de Base Comunitária do lugar, mapeando os pontos utilizados pelo roteiro turístico que, além de serem grandes atrativos para o lazer, materializam a trajetória e história de resistência dos caiçaras no território.Buscamos para a produção do mapa se pautar no reconhecimento das falas dos sujeitos, ou seja, ouvir o que eles têm a dizer e a nos ensina


   








Nesse retorno, visitamos novos pontos turísticos anteriormente não conhecidos pelo grupo, como a cachoeira do Iriri, a Aldeia Indígena Pataxó, o poço da fia.Fomos direcionados pelo líder comunitário Wagno Martins e a guia Mauricéia Pimenta, ambos caiçaras e moradores da comunidade, testemunhos dos conflitos territoriais com os agentes empresários, imobiliários e do Estado.



Relato feito por: Francine Lins e Marcus Aguiar - Bolsistas PETGEO.

PET PARTICIPAÇÔES: Apresentação de artigo na VI RAIC 2018


 







No dia 02 de Outubro de 2018 ocorreram as apresentações orais de pesquisas científicas realizadas pelos alunos da UFRRJ no Instituto Multidisciplinar nos eventos da VI RAIC – Reunião Anual Científica da UFRRJ 2018, cujo tema era “Multidisciplinaridade e democratização do saber”. Este evento tem um caráter multidisciplinar desde seu início e visa promover a oportunidade dos estudantes mostrarem os seus trabalhos produzidos no decorrer da vida acadêmica em condição de bolsista ou voluntário, como autor principal ou em coletivo. A RAIC reuni dois sub eventos que acontecem de forma concomitante, um voltado aos bolsistas PIBIC e bolsas afins (iniciação científica) aonde os alunos são convidados a apresentar suas produções na XXVIII Jornada de Iniciação Científica (JIC), e os demais alunos, como PET, monitoria e bolsistas de extensão apresentam na VI Semana de Pesquisa, Tecnologia e Inovação (SePTI).

A pesquisa produzida em coletivo sob a orientação da tutora Anita Loureiro durante os anos de 2016-2017 na região de Paraty, no Bairro de São Gonçalo com uma comunidade Caiçara, que culminou em no livro “Geografia e diálogo de saberes: territorialidades caiçaras em Paraty-RJ” lançado este ano na universidade a na comunidade, é detentora de um tema pertinente, de grande valor e que nos permite um diálogo de saberes com essas comunidades. A motivação da escolha do artigo "SER, SENTIR E R-EXISTIR: A ROÇA E O TERRITÓRIO CAIÇARA EM PARATY-RJ”, que compõem o livro para a apresentação no evento, se deu pelo fato do bolsista participar diretamente dessa escrita coletiva com outros 7 autores, ficando reservado a apenas um ator apresentar, o bolsista do grupo Tales Mattos. A avaliação da banca sobre o artigo foi positiva, argumentaram a importância do trabalho de vivência que realizamos no sítio, e na ação de devolver a pesquisa para a comunidade, realizando o lançamento lá e depois trazendo representantes da vila até a universidade. 



Relato feito por: Tales Mattos - Bolsista PETGEO. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

PET PARTICIPAÇÔES: V Seminário Nacional Metrópole: Crise societária, análise de conjuntura e diálogos interdisciplinares.




Nenhum texto alternativo automático disponível.


      Nos dias 04, 05 e 06 de dezembro ocorreu na Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ – Campus Maracanã o V SEMINÁRIO NACIONAL METRÓPOLE: GOVERNO, SOCIEDADE E TERRITÓRIO, cujo tema foi: CRISE SOCIETÁRIA, ANÁLISE DE CONJUNTURA E DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES. 


      “A quinta edição do Seminário Metrópole Governo, Sociedade e Território tem como finalidade contribuir, por meio dos diálogos entre disciplinas das ciências sociais e humanas e com ênfase na relação entre geografia/sociologia/urbanismo/história, para a compreensão da natureza da crise societária brasileira e seus impactos nas metrópoles. Trata-se de um desafio pensar os contextos sombrios (políticos, econômicos, sociais e culturais) que vem passando o Brasil. O início do século XXI é marcado pela exacerbação da violência, pela fragilização das instituições e das formas solidárias de governança e pela perda de direitos recentemente conquistados.” (site do evento)


Nenhum texto alternativo automático disponível.


Relato feito por: Thayná Cagnin e Francine Lins - Bolsista PETGEO.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

PET PARTICIPAÇÕES: V Seminário Nacional Metrópole : Relato do 3º dia de evento.

Mesa 6: Contribuições da obra de Ana Clara Torres Ribeiro para estudar o presente

   A referida mesa contou com as presenças de Anita Loureiro de Oliveira (DEGEO e PPGGE-UFRRJ/IM), Maria Del Carmen Ledo García (Universidad Mayor de San Simón/Cochabamba-Bolívia), Thais de Bhanthumchinda Portela (ProuRb-UFBA), Adriana
Bernardes (UNICAMP) e Fabio Tozi (UFMG).

   Destaco aqui, a fala de Thaís De Bhanthumchinda Portela, que tem um trabalho de investigação acerca das questões teóricas e empíricas relacionadas às políticas que agenciam diferentes modos de fazer as cidades contemporâneas no contexto de crise do Antropoceno, trabalhando assim a Cartografia da Ação neste período.

     Suas indagações críticas ao Antropoceno dialogam com Donna Haraway à medida que aponta a necessidade de pensar num novo e potente nome que abranja todas as particularidades desta espécie humana, assim sendo: Capitaloceno e Chthuluceno - passado, presente e o que está por vir.

   Ao passo que aborda o confronto direto com o capital no qual nossa espécie segue travando uma batalha, Portela traz a potência do sujeito corporificado na busca por novas alternativas, por racionalidades alternativas; nesse sentido, a obra de Byung-Chul Han “Sociedade do Cansaço”, traz a reflexão de que nessa sociedade, respaldada no desempenho, no trabalho e na acumulação de capital, acabamos por explorar a nós mesmos, “fingindo que entendemos” e adoecendo por conta disso, como nos fala.

  Ela deixa claro que precisamos “matar o nosso herói”, pois só assim não buscaremos grandes feitos utópicos e inalcançáveis de nós mesmos e isto só se dará se superarmos esses modelos pré-existentes de sociedade com as racionalidades alternativas.

Relato feito por : Maria Eduarda - Colaboradora PETGEO.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

PET PARTICIPAÇÕES: V Seminário Nacional Metrópole : Relato do 2º dia de evento.

Mesa 5: Expansão Urbana e conflitos territoriais.


     O primeiro trabalho a ser apresentado e discutido pela mesa e os participantes foi o da Pedagoga Cleonice Puggian que tinha como título “Água e justiça ambiental na região hidrográfica da Baía de Guanabara: Aprendendo com comunidades impactadas pela indústria do petróleo e petroquímica.”

   Este trabalho teve como proposta tratar os impactos da atividade petrolífera e petroquímica no município de Magé, Campos Elísios, Tinguá e no bairro de Parque Analândia em São João de Meriti. Os relatos de moradores apresentados pela Cleonice denunciavam a ausência do abastecimento de água para a população local enquanto a indústria gozava de todo recurso. Além disso, em alguns locais as pessoas compravam água de poços privados e outros consumiam água contaminada.

    O segundo trabalho apresentado tratava sobre as populações tradicionais em torno da Baía de todos os Santos na Bahia. Catherine Prost, professora no departamento de Geografia na UFBA, trouxe a discussão partindo da modernização e expansão urbana junto a relação que as empresas estabelecem com o território, que é a de território como recurso. A partir disso, podemos compreender como aquelas empresas instaladas no território quilombola trouxeram consequências irreversíveis para a comunidade. Além dos conflitos diretos com as empresas, a presença dessas organizações trouxe danos à saúde da população local, destruição da natureza que é de onde a comunidade sobrevive.

     Além da ausência do estado na regulação das ações arbitrárias das empresas com a comunidade, o mesmo age diretamente de forma violenta com a comunidade. A instalação da Marinha no Rio dos Macacos trouxe conflitos com os quilombolas e uma das consequências foi a transição e uso controlado do território pela comunidade, a ponto de eles terem que pedir permissão para sair e entrar. Catherine aponta que essa apropriação das empresas retira e exclui qualquer relação imaterial com o território pois o que elas propõem é o desenvolvimento da colonialidade do ser, saber e da natureza.


     O terceiro tema trazido pelo Professor da UERJ Matheus da Silveira tinha como título: “As práticas sócio-espaciais cotidianas como base da escalaridade do movimento dos sem-teto". A partir da leitura da apresentação, Matheus trouxe o conceito de escala dentro de uma análise dos mecanismos de transformações sociais a partir da luta.

Relato feito por : Tháyla Rocha - Colaboradora PETGEO.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

PET PARTICIPAÇÔES: V Seminário Nacional Metrópole : Relato do 1ª dia de evento.


Mesas debate do dia 04 de dezembro de 2018:


(1) Crise Societária e vida metropolitana: Habitar a metrópole

(2) Narrativas e resistências na metrópole: Sujeitxs Corporificadxs em ação

(3) Educação, Cultura e Cotidiano na metrópole

Mesa 1: Crise Societária e vida metropolitana: Habitar a metrópole

         A pesquisadora da ENSP-FIOCRUZ Roberta Gondim, iniciou a mesa abordando o tema da Saúde coletiva de base territorial como embasamento para pensar a perspectiva da Necropolítica trabalhada por Achille Mbembe, que seria esse poder soberano de fazer viver ou deixar morrer, onde vidas humanas são racializadas com intuito de retirar-lhe sua humanidade para assim, legitimar sua morte, a morte de vidas negras. Esse necropoder que rege a metrópole nesses tempos crises. Buscou-se em sua fala problematizar o Estado de exceção que opera na “necrópole” e pensar a vulnerabilização social de grupos sociais e o quanto alguns indivíduos e determinados lugares são impactados de maneira elevada a certos tipos de doenças, como por exemplo pela hepatite, onde a forma de controle e os remédios para doença caso não seja seguido a risca, há grandes chances da doença retornar, porém muito mais resistente à anterior. Contudo, até essas formas de prevenção da doença é para um público específico, Gondim evidenciou que moradores da Zona Sul por exemplo, não tomam tal medicamento justamente por conta do risco do retorno mais resistente da doença. A pesquisadora colocou a omissão proposital dos agentes do Estado frente aos sijeitos subalternizados.

No segundo momento, a fala foi direcionada ao professor José Borzacchiello da Silva (PPGG-UFCE), que discorreu sobre a vida na metrópole, esta enquanto lugar da diferença, da segregação e do isolamento, além de ser centro funcional de múltiplas atividades. Direcionou a sua fala com o seguinte tema: Mudar a vida, mudar a métropole. Com uma perspectiva mais conceitual e voltada para a compreensão da metrópole nos países do Sul, ditos periféricos, evidenciou o processo de fragmentação da metrópole nesses países, e a insurgência de “novas centralidades”. Buscou refletir sobre como essas novas centralidades se constituem nos espaços, como se dá esse processo de descentralização, e por fim, buscou trazer para o debate lutas possíveis que são capazes de “mudar a metrópole”, como a importânciados movimentos sociais, a necessidade de investimentos em políticas de inclusão, e nos espaços cotidianos, colocou a importância dos territórios solidários, as táticas dos sujeitos subalternizados, as favelasenquanto lugares criativos, de solos férteis para criação e recriação para r-existir na metrópole, já que o Estado se porta como insuficiente para gerir uma equidade social, e na maioria das vezes atuando como “agente desterritorializador”, ainda que de maneira sorrateira, como em permitir que agentes empresariais regulem o valor da terra e o custo de vida nos grandes centros, impossibilitando a permanência dos pobres nestes lugares.

  Angela de Morais Santa’anna, integrante do movimento Luta pela Moradia, encerrou a mesa com uma fala extremamente forte e ao mesmo tempo emocionante. Envidenciou a luta do trabalhador, do negro, do pobre em permanecer nos grandes centros, e as ocupações enquanto possibilidade de acolhimento desses sujeitos, além de ser ação política de demonstrar que os espaços devem ser ocupados por todos, e que todos tem direito a moradia digna e de qualidade. Sendo assim, os prédios vaziosdevem dar espaços para os sujeitos que não tem casa para habitar, cumprindo sua função social, que não é especular, é ter gente dentro pra morar. Angela fez questão de dizer que “Foi com o nosso dinheiro que eles foram construídos”, e que sendo assim é direito nosso ocupá-los. 
      Angela citou em sua fala uma frase de Josué de Castro qye diz: “as sociedades estarão radicalmente divididas em apenas dois grupos de indivíduos: o dos que não comem e o dos que não dormem; não dormem com medo dos que não comem", contestandoassim a “pseudo sensação de paz” que se esgota cotidianamente, que podemos perceber quando um trabalhador  deve se desprender da baixada fluminense para o centro da cidade, e se sentir recompensado pelo trabalho, ou quando o governo contabiliza que os espaços pobres foram os que mais tiveram casos de zica vírus e mesmo assim essas cenas permanecerem se repetindo, sendo os mesmos corpos marcados para morrer, os mesmo espaços da Necrópole com riscos iminentes da morte. Enfatizou que precisamos pensar:“quem a gente quer nessa metrópole?”



Mesa 2: Narrativas e resistências na metrópole: Sujeitxs Corporificadxs em ação


      Joseli Maria Silva trouxe para o exercício de reflexão a temática de pensar o espaço e a corporiedade, um olhar atento a outras escalas, sujeitos e métodos. Pensar a morte e o envelhecimento de corpos transgressores da ordem patriarcal, corpos esses que eram de travestis e transexuais femininas, para isso ela reforça a necessidade de novos métodos de pesquisa, uma prática de pesquisa não predatória. Em sua fala foi evidenciado que sua prática é baseada no fazer COM e não no fazer SOBRE.
        Partindo de uma outra forma de ver e fazer ciência, Joseli constrói uma geografia atenta ao olhar cotidiano, ao corpo e as sexualidades, para buscar entender a corporiedade complexa dxs sujeitxs no espaço. Uma força de construir uma ciência geográfica que se oponha a perspectiva da suposta neutralidade, objetividade e racionalidade acima de tudo da forma de fazer ciência cunhada pela modernidade. Conforme Joseli, essa Geografia Marginal enfrenta muitas adversidades para ser vista como legítima por essa prática masculina de geografia.
               Joseli buscou compartilhar de narrativas de corpos com marcas específicas que são fadados a morte, pois o ato de transgressão binária é visto como algo que precisa ser eliminado pela racionalidade da dominação patriarcal que perdura em nossas sociedades, pois os longos processos de socialização da nossa cultura cria uma visão que busca a todo tempo negar a aceitação desses corpos pois são vistos como trangressores da suposta normalidade. Esses corpos, o de travestis e transexuais femininas são corpos que constantemente são alvos de intervenção disciplinar, dizia Joseli. 
          Dando prosseguimento as narrativas, Geny Guimarães dialogando com a fala anterior procurou enfatizar a busca de outros métodos de pesquisa quando não conseguimos nos adaptar aos métodos canônicos, esses pensados por homens, brancos, europeus e heteronormativos. Essa insuficiência e tentativa de silenciamento presentes no discurso científico serve como instrumento de força para se pensar outras questões e outros métodos. E com isso sua fala buscou compartilhar sua trajetória de pesquisa enquanto geógrafa que problematiza e se preocupa com as questões raciais, trazendo o tema: Espacialidade dos corpos negros no Rio de Janeiro.

         Com isso em sua fala Geny buscou problematizar a prática de apagamento geográfico nas paisagens da historicidade da formação e dos sujeitos fundantes daquele local, no caso a região portuária do Rio de Janeiro. Pensar a dimensão racial do espaço com outros métodos e metodologias a fim de superar essa formação histórica baseada em paradigmas eurocentrados. Dialogando com a fala de Joseli, pensar o peso que os corpos tem nas nossas ações e vivências. 

       Raquel de Padua deu prosseguimento a mesa reforçando a necessidade de criação de novos métodos de pesquisa e reconhecimento de outras epistemes, essas que sempre existiram, mas nunca se buscou ouvir nem dialogar. Nesse sentido, falava-se do esforço urgente que precisamos ter de reconhecer outras formas de habitar e pensar o(s) mundo(s) e nos abrir para a construção de uma episteme mais plural. Por fim, pensar em crise societária requer pensar de maneira complexa e entender que xs sujeitxs irão ser afetados de maneiras distintas, mas diante da crise, apesar do pessimismo difícil de ser superado, não podemos deixar com que nossas utopias sejam perdidas. O momento urge por formas de resistências a esses tempos sombrios. 



Relatos feitos por: Francine lins e Thayná Cagnin - Bolsistas PETGEO.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

PET PARTICIPAÇÕES: Encontro com a pesquisadora Joseli Maria Silva.

         No dia 03 de dezembro de dois mil e dezoito, a Coletiva Vandana Shiva, grupo de pesquisa em Geografia, Cultura, Existência e Cotidiano, organizou um bate-papo informal sobre “Geografias Feministas em Tempos Sombrios” com a presença de Joseli Maria Silva, autora dos livros “Geografias feministas e das sexualidades: encontros e diferenças”, “Geografias Malditas corpos, sexualidades e espaços”, entre outros. O encontro foi na casa das Pretas e foi muito importante o apoio de Bia Onça, geógrafa e educadora parceira do PETGEO.
          O Pet-Geografia estava presente e esse evento se fez de grande importância para continuarmos acreditando que, diante desses tempos sombrios para nós, que acreditamos em uma produção de ensino, pesquisa e extensão pautados na horizontalidade, no diálogo de saberes e no fazer sensível, podem ser superados na fortificação de nossas redes de contato, no estreitamento de laços e imprescindivelmente na afetividade. 
           As emoções, os afetos, os laços constroem conhecimentos, e é desse lado da produção de conhecimento que gostaríamos de estar, esse lado que preza pela existência dos sujeitos e das sujeitas que foram subalternizados(as) e silenciados(as) durante tanto tempo. É desse lado da ciência, que não pensa em um sujeito genérico e universal, que pensa em um diálogo com um “sujeito corporificado”, que sabe que também é gente, que tem sangue, carne, osso e sente. Nossos corpos sentem as pressões dos tempos sombrios e vamos nos fortificar na afetividade. 

“Ninguém solta a mão de ninguém” 

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Relato feito por: André Távares - Bolsista PETGEO.