segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Relato CINEPET: Nunca fui mas me disseram



No dia 29 de agosto, às 14:00, o grupo PetGeo realizou sua atividade de cine debate com o documentário "Nunca Fui Mas me disseram" produzido por um cineclube da Baixada Fluminense, denominado como Cineclube Mate com Angu, um símbolo de resistência. O objetivo dessa atividade proposta pelo grupo é a promoção de uma discussão com base em textos divulgados anteriormente, almejando articular um debate com os integrantes da Rural e todos aqueles interessados na atividade que acontece mensalmente.

Para essa atividade o texto sugerido foi o "A MÍDIA E O JOVEM DA BAIXADA FLUMINENSE, MACHADO, Renata; DUPRET, Leila. 2008" o qual aborda uma outra visão a respeito da Baixada Fluminense, agora contada a partir de sujeitos que antes não tinham seu espaço de dizer, indo contra a racionalidade hegemônica que reforça a exploração da violência e da pobreza pelos veículos de comunicação, associando a Baixada como sinônimo de tais fatos.

O trabalho tem o objetivo de fazer o trajeto oposto da mídia, buscando trazer aquilo que ela não diz sobre a realidade da Baixada Fluminense. E ao articular a discussão do texto com o documentário, realizou-se um proveitoso debate a respeito dos estigmas e pré-conceitos existentes sobre a Baixada Fluminense.

O documentário tem como intuito abordar por uma outra perspectiva o imaginário a respeito da Baixada Fluminense a partir da concepção dos moradores da Zona Sul, onde de forma inteligente levanta questões relacionadas à manipulação midiática, pré-conceitos e estereótipos presentes nos discursos dos entrevistados. Entretanto, o mesmo não tem a pretensão de responder ou esclarecer tais questões, apenas discutir a origem desses pensamentos.

A atividade resultou num produtivo debate, ficando aqui um convite para todos e todas que participem dos próximos CinePet.


Por: Thayná Cagnin - bolsista do grupo PETGEO-IM/UFRRJ

PET-DEBATES: Desenvolvimento, tecnociência e poder – A Globalização da Natureza e a Natureza da Globalização, de Carlos Walter Porto-Gonçalves.


No dia 23 de agosto de 2017 o grupo PET-Geografia do IM se comprometeu a iniciar a leitura e discussão dos textos presentes nas bibliografias utilizadas pelas pesquisas em andamento, as quais estão sendo elaboradas pelos integrantes e são relacionadas aos conflitos territoriais e resistência Caiçara em São Gonçalo, município de Paraty. Cada pesquisa faz parte de um eixo temático, e neste dia o eixo era referente ao tema “técnica”, sob o contexto da região estudada.

Para além do progresso
Neste momento inicial, o autor afirma que, dentro das contradições do mundo moderno-colonial, o desafio ambiental está presente, visto que a ideia de progresso e desenvolvimento se tornou sinônimo de dominação da natureza. Portanto, o ambientalismo trouxe consigo uma questão importante para se pensar acerca do modo de produção e consumo hegemônico, isto é, percebeu-se que “há limites para a dominação da natureza”.

Contudo, o é salientado no texto que os ambientalistas são acusados de quererem voltar ao passado, devido à renegação dos princípios de progresso e desenvolvimento. Sabe-se que estes princípios são provenientes das produções filosóficas vindas do Iluminismo, tendo como vertentes posteriores, os princípios liberais, ou seja, dos capitalistas, ou de marxistas produtivistas, tais como os que defendiam o desenvolvimento soviético.

Limites do Desenvolvimento, os Limites da Técnica e Temporalidades e Territorialidades em tensão
Neste momento o autor resgata as ideias de dominação da natureza e relembra que são tratadas quase como uma “luta” entre o ser humano e a natureza, para que assim, o homem tenha que superá-la. No entanto, é mostrado que essa ideia é equivocada, pois “sofremos, reflexivamente, os efeitos da própria intervenção que a ação humana provoca por meio do poderoso sistema técnico que moderno-colonialmente se impõe” (PORTO-GONÇALVES, 2006, p.69).

Portanto, o autor sugere que ao invés de haver esse conflito entre “Homem x Natureza”, dever-se-ia repensar os efeitos do sistema técnico vigente sobre a natureza. Permitindo-se citar a observação do geógrafo Milton Santos, que atenta ao fato de que:

"não há sistema técnico dissociado de um sistema de ações, de um sistema de normas, de um sistema de valores, e, assim, sinaliza para que não o reifiquemos afirmando uma ação do sistema técnico como se ele se movesse  por si mesmo, sem ninguém que o impulsionasse" (SANTOS, 1996).

Adiante, Porto-Gonçalves define o que seria o “desafio ambiental” com uma questão a se pensar sobre o risco que, a lógica mercantil e desigual submetida pela humanidade e seus modos de produção e consumo atuam sobre a natureza. Logo em seguida, são utilizados como auxílio, alguns dados da ONU do ano de 2002, referentes ao consumo de recursos naturais, o que demonstra que o 86% do consumo privado de recursos naturais no mundo está nas mãos de 20% dos mais ricos do mundo, enquanto somente 14% está sob o poder dos demais. Em seguida, outro gráfico é exposto, porém dessa vez referente ao consumo de aparelhos de telefone entre ricos e pobres no mundo: 74% do consumo pertence aos 20% mais ricos, 21% do consumo pertence aos 60% da média entre os mais ricos e mais pobres, e 5% pertence aos 20% mais pobres. Portanto, é explicitado a expressiva desigualdade social que o mundo apresenta.

Logo mais, o autor complementa o raciocínio exposto com a questão da importância da vida com o equilíbrio dinâmico do planeta, o que implica questões de ordem ética e política. Compreende-se assim, que prática como a intensa exploração de recursos naturais e do trabalho geram grandes problemas que podem comprometer a vida no e do planeta.
Por fim, o autor sugere que olhemos para as práticas produtivas de forma que sejam dotadas de temporalidades, e portanto, não deixa de citar a importância de saberes dos povos tradicionais com a natureza, apresentando assim, alternativas para um modo produtivo e que dialogue com a vida. 


Por: Marcus Vinicius C. Aguiar - bolsista do grupo PETGEO-IM/UFRRJ

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

RELATO DE ATIVIDADE - visita ao Centro do Rio com os alunos da ex-petiana Andréia Ribeiro

O grupo Pet-Geo recebeu o convite da egressa Andréia Ribeiro para participar do trabalho de campo promovido por ela para seus alunos do Colégio Estadual General Dutra que fica localizado no município de Campos dos Goytacazes. Desta forma, alguns integrantes do grupo se encarregaram de apresentar determinados pontos de visitação do Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, carinhosamente apelidado pelos petianos de CHACHA.
No dia 22 de agosto, assim, quatro integrantes do grupo se encontraram com a professora Andréia, seus alunos e mais alguns professores do colégio. O primeiro ponto de visitação foi a Central do Brasil, no qual o petiano Marcus Aguiar explicitou a história e a importância que a estação tem para a região metropolitana do estado do Rio de Janeiro. Também, nesse momento ele falou um pouco do Morro da Providência e sua história, bem como o mesmo foi inserido no projeto de revitalização da zona portuária do município. Os alunos demonstraram interesse em conhece a Providência, entretanto, não tinha tempo hábil para tal e também não se achou conveniente adentrar no morro com um grupo tão grande, e sem a presença de um morador que os conduzisse como já foi feito em outras ocasiões pelo Pet-Geo.
Depois o grupo foi para o Cais do Valongo, onde a própria professora Andréia Ribeiro falou sobre a história do Porto e da representação que ele tem para a população negra que vive na cidade. Também foi explicado como o movimento de revitalização acabou expulsando essas pessoas ao invés de valorizar a cultura delas, como o próprio nome do circuito diz. Nesse momento os alunos tiraram diversas fotos e aparentaram se interessar por aquele espaço e por sua história.
O ponto seguinte foi o Jardim Suspenso do Valongo, em que as petianas Camila Marcondes e Mayara Lobato apresentaram a história do jardim e falaram sobre os dois processos de revitalização. O primeiro feito pelo prefeito Pereira Passos em 1906 e o segundo pelo prefeito Eduardo Paes em 2016, na lógica de embelezamento do centro da cidade. Nesse momento, os estudantes entenderam um pouco da lógica de segregação desse espaço aonde, num primeiro momento, se usa o espaço como um lugar para que os negros que seriam escravizados engordassem para serem vendidos e depois esse espaço é revitalizado, as ruas são alargadas e um belo jardim é construído, para que as pessoas ricas da sociedade, que não eram os negros que sempre estiveram presentes ali, contemplassem o centro da cidade.
Quando o grupo chegou ao jardim, a casa da guarda estava fechada. Por isso, o ponto foi apresentado apenas na parte externa do jardim. Em seguida, partiram em direção do próximo local de visitação pelo Morro da Conceição, que fica localizado na parte de traseira do jardim. Antes de chegar à Pedra do Sal, os estudantes foram guiados a um mirante em que puderam contemplar a beleza do centro da cidade. De lá desceram o Morro e chegaram à Pedra do Sal. Ali, o petiano Felipe Rodrigues explanou a importância daquele lugar para a comunidade negra como uma forma de resistência no centro da cidade, apesar de todas as disputas vividas por esse povo. Ele falou também de como o samba da Pedra do Sal, que é mais um movimento do processo de resistência, está sendo apropriado por turistas e pessoas que não vivem naquele espaço e que, ao ignorarem a luta travada ali, esvaziam o caráter de resistência do lugar e o tornam apenas um espaço de consumo e não de resistência da comunidade negra.
Após algumas fotos que foram tiradas na Pedra do Sal, os estudantes seguiram para o Museu de Arte do Rio (MAR), no qual todos ficaram admirados com a vista do terraço do museu e fizeram várias fotografias. Alguns até reconheceram a ponte Rio - Niterói e afirmaram que tinham vindo de lá. Visitaram as exposições do museu e depois foram para o museu do Amanhã, nesse momento os integrantes do Pet se despediram dos estudantes.
Agradecemos à professora Andréia Ribeiro pelo convite e esperamos que a visita tenha sido proveitosa para os estudantes e os professores que acompanharam.


Att, Camila Marcondes.
Foto 2: Alunos do 3 ano do Ensino Médio em frente ao Grafite da Pedra do Sal