Durante a reunião do dia 14 de outubro
de 2015, os integrantes do grupo PET – Geografia realizaram a atividade de
leitura compartilhada, que consiste na escolha de um texto e a partir daí
ocorre a apresentação do mesmo, acompanhada de explicações e debates, em
especial, associados às pesquisas produzidas pelo grupo; No caso desta
quarta-feira, o texto foi “O Sujeito e o Poder” do autor Michael Foucault.
O texto começa abordando sobre como os
seres humanos tornam-se sujeitos, de forma multifacetada, seja o sujeito na
forma gramatical dos idiomas, sujeitos da sociedade econômica e sujeitos biológicos.
Assim, o autor enfatiza que esta preocupação em identificar e estudar os
sujeitos e a forma como os mesmo são desenvolvidos é uma maneira para melhor
compreender o que é o “poder”, não partindo exatamente da análise deste, mas de
outros aspectos, como as experiências dos sujeitos, para que daí sim seja
alcançada a compreensão do “poder” e todas as suas particularidades enquanto
conceito e aplicação prática.
Desta forma, é apresentado que as
formas de resistência devem ser identificadas como ações presentes numa relação
de poder, levando à compreensão de que onde há resistência, há poder, em que
o(s) sujeito(s) que está(ão) sendo submetido(s) à determinada ação de poder por
parte do(s) sujeito(s) que exerce(m) o mesmo, realiza uma resposta antiautoritária
a este exercício de poder, ou seja, a demonstração de descontentamento. Assim,
o autor afirma que analisar o “poder” a partir das ações de resistência é um
método de compreensão fora da racionalidade interna das relações de poder, e
sim, através do “antagonismo da estratégia” (p. 234).
Ao longo desta abordagem sobre a
importância de reconhecer quais as ações de resistências e os sujeitos destas
ações, os estudantes presentes na leitura do texto identificaram este método àquele
utilizado pelo grupo PET em suas pesquisas, visto que há a tentativa de
evidenciar quem são os “de baixo” destas relações de poder, e o que eles têm a
dizer, qual é a racionalidade alternativa à racionalidade dominante midiática
oriunda através destas vozes, seja por meio da manifestação artística,
protestos, dentre outras formas, objetivando afirmar o seu direito à cidade,
seja por moradia, seja por apropriar-se de determinado locus para o exercício do turismo ou ações culturais diversas.
Assim, é demonstrado como a estrutura
de poder utilizada pelos Estados tem sua origem muito vinculada àquela
utilizada na estrutura da igreja desde séculos passados, até porque o poder
vive em transformação e adaptação. Pois o “poder pastoral” buscava doutrinar,
levar o indivíduo/população a um determinado fim, neste caso, à salvação; Já no
caso do Estado, há uma busca de assegurar ao indivíduo o bem-estar, saúde,
segurança, educação, dentre outros aspectos das sociedades atuais; Há, também,
modificação na materialização institucional de como este poder será exercido,
enquanto no poder pastoral havia a instituição denominada de igreja, no caso do
poder governamental há diversas instituições e aparelhos para que o mesmo seja
efetivado.
É muito enfatizado que o poder não é
algo que se detém, não é um objeto, mas sim uma ação, está nas relações
sociais, e para tal, é necessário haver indivíduos, que se transformam em
sujeitos, e a partir daí, a relação de poder é ocorrida. Logo, o autor afirma
“O termo ‘poder’ designa relações entre ‘parceiros...” (p. 240), e complementa,
“O exercício do poder consiste em ‘conduzir condutas’ e em ordenar a
probabilidade [...] como um modo de ação sobre as ações dos outros.” (p. 244).
Por fim, é perceptível que o “poder”
trata-se de ações presentes nas relações sociais entre sujeitos, assim, o autor
afirma que uma sociedade sem relações de poder só existe enquanto abstração,
sempre havendo uma estratégia de atuação por parte de quem exerce o poder,
visando atingir, da melhor forma possível, os seus interesses, e uma estratégia
de resistência e resposta por parte dos sujeitos submetidos a estas ações,
estando estas presentes em diversas instituições da sociedade atual, como a
instituição familiar, escolar, empresarial, dentre muitas outras.
Por: Henderson Neiva - Bolsista do Grupo PETGEO-UFRRJ/IM.