quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Comentário do Cine PET – “Remoção”com Renata Neder







No dia 10 de fevereiro, o Cine PET apresentou o documentário “Remoção” dirigido por Anderson Quack e Luis Antônio Pilar, tendo como convidada a palestrar e realizar debates sobre o filme a Geógrafa Renata Neder.

O documentário trata da política de remoções de favelas durante as décadas de 60 e 70, no governo de Carlos Lacerda, demonstrando a transformação pela qual a cidade do Rio passou, quando moradores de favelas foram removidos à força e direcionados para áreas periféricas da cidade. Essas remoções são caracterizadas pela retirara de pessoas de suas casas contra a sua vontade, muitas vezes sem um aviso prévio necessário, sem oferecer posteriormente condições de habitação melhores, como apoio financeiro adequado, apoio pela perda de bens materiais, entre outros.


A partir de entrevistas com moradores que sofreram e continuam sofrendo com esse processo, o documentário fala de pessoas que moravam em favelas na zona sul carioca e que foram colocadas em caminhões e direcionadas para áreas periféricas da cidade, influenciando em diversos aspectos suas vidas, como o ir e vir do trabalho para casa, já que muitas vezes são direcionadospara áreas onde o transporte público é bem precário. A desculpa das autoridades para a realização das remoções é o fato dessas áreas serem caracterizadas como áreas de risco e não poderem ser ocupadas, porém anos depois, é visto que estas mesmas áreas são ocupadas por prédios de alto padrão, evidenciando o forte interesse do capital imobiliário e de segregar as favelas, consideradas como uma imagem feia para a cidade, provocando um “apartheid” entre pobres e ricos.

Durante a apresentação, Renata chama atenção para o mesmo fenômeno que está ocorrendo nos dias atuais, mais fortemente impulsionado pelos eventos esportivos, tais como a Copa do mundo e as Olimpíadas. Como exemplos, tem-se o Morro da providência, em que para a implantação do teleférico, muitas casas foram e têm sido removidas, e os moradores novamente recebem pouco ou nenhum aparo do governo. Na década de 60 e 70, as casas eram marcadas por um “X” vermelho, hoje, são marcadas pelo sigla “SMH” pertinente à Secretaria Municipal de Habitação.


Por fim, a convidada fala sobre a entidade na qual ela faz parte, a Anistia Internacional (anistia.org.br), que tem um trabalho de proteger os direitos humanos e buscam apoiar os moradores na busca de seus direitos, que estão sendo violados por esse processo de segregação espacial e elitização da cidade.

Henderson Neiva - Bolsista PET Geografia - UFRRJ