terça-feira, 22 de maio de 2018

CINEPET - Estrelas Além do Tempo




No dia 21 de maio, às 14:00, o grupo PetGeo realizou sua atividade de cine debate com o filme "Estrelas Além do Tempo". O nosso objetivo nesse CinePet foi promover um debate, através da exibição do filme, sobre o algumas formas de discriminação que aparecem, tais como o racismo e machismo.  

O filme se passa durante o período da Corrida Espacial entre os EUA e URSS, e 3 americanas negras funcionárias da NASA protagonizam a história. É nítido que entre muitos, elas se destacaram fazendo com o que os EUA vencesse a corrida, porém em diversos momentos é mostrado o racismo (que ainda era coinstitucional no estado da Virgínia). Por diversos momentos observamos formas de segregação que os negros sofriam, como os assentos separados em ônibus, os banheiros coletivos para brancos eram diferentes dos para negros, e inclusive nas bibliotecas públicas tinham áreas onde os negros não podiam sequer circular, além de escolas onde só poderiam estudar brancos. Dentro da NASA a situação não era muito diferente, fazendo com que mesmo a funcionária que era vista como uma das melhores em sua área, tivesse que ir ao banheiro em outro prédio por conta de não ter banheiros pra negros no prédio para o qual ela havia sido levada para trabalhar temporariamente.

Após o filme, as alunas Queila Romualdo e Fernanda Lima coordenaram o debate acerca das questões mencionadas acima, e podemos então revelar algumas críticas positivas e negativas sobre o filme. Positivamente, o filme cumpre o objetivo de valorizar mulheres que foram de grande importância durante o processo da Corrida Espacial, e mostrar como era a luta para ultrapassar as barreiras do racismo e do machismo pelo o qual passavam por serem mulheres negras. Negativamente, o filme trás a ideia de que o homem branco e chefe de uma das personagens, é o "grande salvador" da história, dando entender que ele tomava algumas atitudes por ser contra o racismo, quando na verdade ele só as tomava quando era em prol do seu trabalho.


Por Leonardo Aragão - Bolsista do grupo PETGEO-IM.UFRRJ 

Katiúscia Ribeiro e a filosofia africana: Perspectivas Suleadoras da afrocentralidade do pensar



No dia 22-05 o grupo PETGEO participou da palestra promovida pelo grupo PET conexões baixada, direcionado pela professora Fernanda Felisberto. A convidada Katiúscia Ribeiro, trouxe reflexões acerca da filosofia Africana, que segunda ela nos permite pensar a vida a partir de uma outra perspectiva que não seja a Ocidental, mas sim a partir de perspectivas "Suleadoras", contra hegemônicas, no trilhar de um caminho referenciado no Sul e não ao Norte, tomando a África como centro do diálogo e da existência, esta que por sua vez só é possível graças às "matrigestoras", mulher, negra, que mesmo estando em um não lugar  consegue ser potencia, gerando potências, rompendo com uma ciência rígida, desligada do místico, e principalmente rompendo com uma ciência criada por homens, predominantemente brancos. Na filosofia africana a mulher é matrigestora, a filosofia parte da mulher.        


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quinta-feira, 17 de maio de 2018

PET - DEBATES: Geografia e pensamento descolonial: notas sobre um diálogo necessário para a renovação do pensamento crítico - Valter do Carmo Cruz


     Dando continuidade ao seu ciclo de leituras e debates, o grupo PET-Geografia da UFRRJ debateu, no dia 18 de abril de 2018, o artigo acima titulado do autor Valter do Carmo Cruz, em um movimento para suprir a demanda (levantada em nossa reunião de planejamento) de temáticas relacionadas ao pensamento descolonial. O referido artigo é um capítulo do livro “Geografia e giro descolonial: experiências, ideias e horizontes de renovação do pensamento crítico”, organização de Valter do Carmo e Denílson Araújo de Oliveira (editora Letra Capital, 2017).
     A importância da temática converge com a identidade do nosso grupo, pois pautamos nossas ações na tentativa máxima de construir pesquisas com base em experiências horizontais, dialógicas, partindo de outros lugares de enunciação por meio da construção de uma ciência mais sensível, humana, compromissada com a emancipação dos laços hegemônicos da sociedade moderno-colonial.
     O texto é muito interessante para quem quer começar a ler sobre o pensamento descolonial, porque o autor escreve de forma clara e didática acerca de algumas concepções e conceitos básicos da literatura desse movimento, sendo caracterizado por sua posição crítica às formas de poder estabelecidas por opressões, materializadas no cotidiano pela colonialidade do ser, da política, da cultura, dos saberes e da natureza. Cruz começa o escrito afirmando que a história da colonização não acabou como querem fazer parecer alguns movimentos e linhas teóricas, pois muitas das nossas relações na contemporaneidade são expressas com base no poder colonial. Para o melhor entendimento de tais categorias, o autor explica que usamos o termo “colonização” para indicar a forma de periodização (relações pretéritas) e “colonialidade” para se referir ao que se apresenta no tempo presente como herança. Ou seja, a colonialidade está presente no nosso dia-a-dia em variadas formas (objetivas e subjetivas) como processos oriundos da colonização.
     No campo da produção do conhecimento, isso se revela pela imposição do método científico arraigado pelas concepções positivistas, caracterizado por padrões dicotômicos e hierárquicos, que se manifesta como saber privilegiado e verdade absoluta, principalmente com a consolidação do capitalismo na evolução do meio técnico-científico, tendo uma referência geográfica única, o norte global. Esse é um movimento que gera profundas violências epistêmicas, ou epistemicídios, pois o que não é produzido dentro da academia e a partir do norte, é desconsiderado, subjugado, silenciado e invisibilizado. Cruz afirma que as nossas referências teóricas são formuladas por bibliotecas hegemônicas, e que devemos pensar e valorizar as bibliotecas descoloniais, que trazem as experiências teórico-metodológicas a partir do Sul.
    A partir da análise geográfica, Valter Cruz, referenciado por Doreen Massey, afirma que a colonialidade está presente na configuração dos lugares, sendo vistos a partir do olhar linear-desenvolvimentista, como se todos os espaços estivessem em uma linha cronológica de adaptação aos imperativos modernos, discurso legitimado justamente por trazer o “desenvolvimento” como motor das mudanças, não importando o massacre que isso pode gerar para diversas vidas, como é o caso das diversas famílias removidas de lugares estratégicos ao acúmulo de capital na cidade do Rio no contexto dos megaeventos. Assim, os lugares são vistos sem suas peculiaridades, cotidianidades e essências, são considerados apenas pela posição que ocupam na fila da história. A superação dessa forma de compreensão do tempo-espaço implica sérios e profundos compromissos epistemológicos, políticos e éticos, pautados em narrativas descoloniais que consideram o espaço como esfera da possibilidade da existência da multiplicidade.
     Para tanto, Cruz nos oferece alguns suportes teórico-metodológicos baseados em alguns desafios, a saber: 1) construir um pensamento descolonial enraizado nas especificidades e singularidades da formação socioespacial brasileira; 2) construção de um pensamento descolonial que efetivamente realize um giro espacial/territorial; 3) ultrapassar o debate epistêmico e teórico abstrato e fecundar essas ferramentas teóricas e epistemológicas que o pensamento descolonial vem produzindo; entre outros.
     Nosso intuito com esse breve relato foi o de despertar a curiosidade do leitor e da leitora para a consulta do artigo inteiro. É um texto que apresenta uma grande contribuição para as bibliotecas descoloniais em diálogo com a Geografia. Que possamos construir um novo modelo de ciência pautado no diálogo nas/com as experiências do Sul, mais humana, plural, democrática e emancipatória!


“Se o tempo é a dimensão da mudança, o espaço é a dimensão da multiplicidade contemporânea.” (MASSEY, 2005)





Por: Gabriel Martins -  Colaborador do grupo PETGEO-IM/UFRRJ