A minha sugestão da leitura desse livro em uma de nossas reuniões, nasceu de uma curiosidade particular de conhecer e estudar autoras e autores negros. Durante a maioria dos anos da minha graduação em geografia sempre tive contato com muitos autores que debatiam diversas questões importantes, porém, nunca consegui sentir proximidade ou afetividade com o que era dito pois esses autores sempre foram muito diferentes de mim (homens, héteros, brancos).
Por isso, comecei a buscar, no meu tempo particular, conhecer alguns autores e autoras negras que falassem dos mesmos temas, com uma discussão muito mais racializada. No meio dessa busca por auto reconhecimento nas obras, encontrei Bell Hooks.
Gloria Jean Watkins, mais popularmente conhecida como Bell Hooks, é autora, feminista negra, artista e ativista social. Publicou mais de trinta livros e numerosos artigos acadêmicos, apareceu em vários filmes e documentários, e participou de várias palestras públicas.
Suas obras incidem principalmente sobre a interseccionalidade de raça, capitalismo e gênero. Numa perspectivaanti colonial, anti racista e contra hegemônica, e influenciada pela pedagogia crítica de Paulo Freire, aborda raça, classe e gênero na educação, arte, história, sexualidade, mídia de massa, dentre outros assuntos. Essa inspiração em Paulo Freire originou um de seus primeiros livros chamado: “Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade”, que é tema principal deste relato.
O livro “Ensinando a Transgredir: a educação como prática de liberdade” relata algumas das experiências da autora como aluna e professora nos Estados Unidos. Hooks faz fortes críticas ao sistema educacional metodológico e enrustido, que não leva em consideração o cotidiano e a vivência dos alunos.
Bell Hooks analisa a sala de aula como o campo do constrangimento, porém também como um campo de liberdade. Como professora, ela constatou que muitos professores apenas enchem os alunos de conteúdos acadêmicos sem nenhuma ligação com a realidade e conservam assim, o machismo, o racismo e o sexismo dentro das escolas.
A educação como prática de liberdade busca romper os muros criados pelo sistema hegemônico na educação. É uma pedagogia engajada e inovadora, mas que precisa que todos estejam abertos para essa mudança. Como diz:
[… A academia não é o paraíso, mas o aprendizado, é um lugar onde o paraíso pode ser criado. A sala de aula com todas suas limitações continua sendo ambiente de possibilidades. Nesse campo de possibilidades, temos a oportunidade de trabalhar pela liberdade, exigir de nós e de nossos camaradas uma abertura da mente e do coração que nos permite encarar a realidade ao mesmo tempo em que, coletivamente, imaginemos esquemas para cruzar fronteiras, para transgredir. Isso é a educação como prática da liberdade…] HOOKS, 2013.pág. 273.
Relato por: Queila Romualdo
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