segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cúpula dos Povos : Relato do dia 20/06/2012


    Do dia 13 a 22 de junho de 2012, aconteceu no Rio de Janeiro a Rio +20, uma conferência das Nações Unidas que buscou discutir sobre o desenvolvimento sustentável com representantes de países diversos, Tais discussões obedeceram a uma ótica econômica e com grande interferência de interesses de empresários. Paralelamente a esta conferencia, aconteceu a Cúpula dos Povos no Aterro do Flamengo, onde a sociedade civil se organizou para discutir suas lutas em diversas escalas. Cenas incomuns para o Rio de Janeiro marcaram esses dias: policiamento reforçado, muitos índigenas circulando pelo Centro e bairros próximos ao Aterro, turistas diversos. Na cúpula dos povos, apesar das inúmeras tendas e dos diversos temas de discussão, por vezes a participação, de fato, nessas tendas não era muito recorrente, porque o público em geral tendia à circulação no local. Diversos movimentos sociais estavam presentes, e principalmente aqueles referentes ao uso da terra, conflitos e ao uso de agrotóxicos na agricultura. 
   Uma participação efetiva era na plenária dos índigenas, ocorrida numa das tendas principais e que discutiam assuntos que por vezes nós, seres urbanos, nos sentíamos perdidos. Os indígenas, de diferentes lugares do Brasil, contaram um pouco da sua história de sobrevivência, reforçaram suas lutas e tentaram ponderar (por vezes, em vão) conflitos. Chamou a atenção um dos indígenas em sua fala, atentar para a importância da educação e reforçar a necessidade mais eficaz da entrada dos índios nas universidades públicas.
    A participação é importante, se for pensada pela e para a sociedade. Não adianta reunir líderes governamentais de diferentes partes do mundo para se pensar numa perspectiva sustentável se estes são guiados por perspectivas econômicas e mercantis. É preciso romper a visão de que os elementos da terra são apenas “recursos” naturais, é preciso que se aprenda a ser cidadão, respeitando os direitos do Outro. É preciso que os direitos de cidadania sejam garantidos e que a participação seja de fato produtora de uma discussão sobre sustentabilidade. A Rio +20, com seu novo conceito intrigante de “economia verde” garante a sustentabilidade apenas do capital.


Exposição retratando as queimadas

Plenária dos indígenas