terça-feira, 23 de outubro de 2012

Trabalho de Campo na Ilha Grande- RJ (25 a 27 de outubro, 2012)


A ideia de um trabalho de campo Ilha Grande foi proposta como forma de integração, principalmente para aproximar ainda mais o grupo no sentido de que possamos ter sempre uma relação de respeito e companheirismo além de buscar uma aproximação dos petianos com instrumentos cartográficos e a possibilidade de levar nosso olhar geográfico para este lugar belíssimo. A Ilha Grande é pensada a partir de seu potencial turístico, mas em outros períodos da sua história abrigou mais de um presídio e, antes disso, havia sido um espaço de isolamento para combater casos de cólera do Brasil.
Como futuros professores-pesquisadores, estamos a todo o momento formando opiniões críticas a respeito da complexidade que é morar no Estado do Rio de Janeiro, cujas modificações territoriais ocasionadas pelos grandes projetos e megaeventos sinalizam uma forma de “desenvolvimento” que afeta de modo significativo a vida de moradores e turistas no Estado. 
A preparação para a viagem se deu nos últimos dias da greve na UFRRJ e durante as reuniões de organização da viagem, fomos orientados a conhecer melhor a história da Ilha Grande e sua importância para o Estado do Rio de Janeiro e para o país. A pesquisa prévia nos revelou numerosos acontecimentos importantes para a compreensão da história do Estado e do país, pois desde a época do Brasil-colônia tornou-se um território disputado e cuja importância se revelaria alguns séculos mais tarde, quando a Ilha Grande recebeu a construção da Colônia Correcional de Dois Rios e do Lazareto que quando desativado passou a ser utilizado como Presídio Político. Se no início do século XX o presídio recebia detentos (muitos deles presos por vadiagem), anos mais tarde as questões políticas evidenciariam o papel de isolamento da Ilha Grande. Em 1954, o Lazareto foi demolido e seus detentos foram transferidos para o presídio de Dois Rios, que passou a se chamar Instituto Penal Cândido Mendes. 
Atualmente, as atividades praticadas na ilha são, em sua maior parte, ligadas ao turismo, com resquícios de uma vida caiçara onde a pesca resiste em meio ao consumo do/no lugar.
Com isso surgiram muitas ideias e a viagem que antes tinha objetivos pedagógicos relacionados à integração do grupo, transformou-se em um trabalho de campo de uma pesquisa que poderia gerar frutos analíticos. Integrando os conhecimentos adquiridos no PET e nas disciplinas do curso de Geografia, a proposta de geo-grafar a Ilha Grande contou com a colaboração e orientação da professora Monika Richter na concepção da proposta relacionada à cartografia dos locais visitados. Para além de um levantamento de dados sobre a história e o cotidiano do lugar, a proposta de uma cartografia sensível inclui uma compreensão mais ampla das análises sobre as práticas espaciais e a produção do espaço. Nosso objetivo era tentar compreender como as pessoas que moram e frequentam as vilas locais vivenciam o lugar e como percebem a dinâmica do espaço e suas transformações no tempo. Para isso a professora convidada propôs a aplicação de questionários para a realização de entrevistas e posterior sistematização dos resultados.
 O grupo foi animado pela ideia de conhecer um lugar rico em histórias, que mesmo sendo tão próximo geograficamente, não fazia parte diretamente da nossa realidade. Contamos com a participação de dez bolsistas do PET, além da tutora Anita Loureiro e de uma aluna do curso externa ao grupo, a bolsista do PIBIC Silvia.
Na manhã da viagem a temperatura estava muito agradável, mas quando chegamos em Mangaratiba a ventania já nos avisava o que estava por vir, mesmo assim a animação não acabou. Chegando na Vila do Abrão, todos ficamos extasiados com tamanha beleza. Mas o que mais chamou atenção foi que, apesar de ser um período de baixa temporada, havia um grande fluxo de pessoas com intensa atividade comercial, e, infelizmente numa quantidade imensa de lixo em locais inadequados. Apesar do mau tempo causado pela frente fria que chegou nessa semana no Rio, conseguimos fazer muitas atividades e cumprir grande parte do que havíamos planejado.
Logo no primeiro dia conhecemos o Parque Estadual da Ilha Grande, um lugar de beleza singular, com mata atlântica exuberante, com belas praias e cachoeiras. Conhecemos as ruínas do Lazareto e do Aqueduto e um pouco mais da história local por meio destes que são importantes marcos da memória e do patrimônio histórico do lugar. 


Grupo na entrada do Parque Estadual de Ilha Grande

Placa do Parque Estadual de Ilha Grande
Após a caminhada até a praia de Abraãozinho, nos reunimos para definir como faríamos a aplicação dos questionários nos distribuindo pelos 3 setores censitários da vila do Abraão.
                                                     
Grupo fazendo caminhada até o Abraãozinho

A forte chuva que atingiu a Ilha já no fim da tarde, permaneceu por todo o dia seguinte, quando fomos recepcionados por funcionários do CEADS (Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável) da UERJ na Vila de Dois Rios, onde tivemos a oportunidade de visitar as ruínas do Instituto Penal Cândido Mendes e conhecer melhor suas histórias e curiosidades. Visitamos o ECO MUSEU DA ILHA GRANDE acompanhados pela arte-educadora Angélica Liaño. Conhecemos a produção de artesanato local e a artesã Marilda nos falou um pouco do cotidiano na Vila de Dois Rios. A visita ao ecomuseu nos estimulou a produzir um material de apoio à recepção de visitantes e outras ideias surgiram no sentido desdobrarmos a atividade numa futura ação de extensão. No fim deste segundo dia, finalizamos as aplicações dos questionários na vila do Abraão e as entrevistas nos estimularam a refletir sobre questões que não nos mobilizariam se não fossem as falas dos moradores e suas preocupações com a dinâmica do turismo na Ilha Grande.

   Grupo no Ecomuseu (CEADS/UERJ) - Dois Rios
No terceiro dia fizemos um passeio de barco até a praia de Lopes Mendes, onde passamos o dia juntos. A praia com características singulares, como não possuir nenhuma construção e ter uma preservação ambiental evidente, já foi palco de uma série de manifestações que evidenciam uma luta dos moradores e usuários da Ilha Grande no sentido de preservá-la diante dos ímpetos de privatização do espaço público, que frequentemente ameaçam o local. O almoço na praia do pouso foi a última atividade antes de finalizarmos nossa viagem de confraternização e pesquisa.

  
  Despedida na Vila do Abraão

Como resultados deste trabalho de campo apontamos a possibilidade de intercâmbio com outras instituições de pesquisa, como o CEADS, a aproximação com a comunidade, por meio do ECOUSEU, a partir da ideia de futuramente voltarmos a Dois Rios para realizarmos uma oficina de reciclagem de garrafas PET para a produção de artesanato aprendendo esta técnica com os moradores da Vila, além de um aprofundamento do uso de técnicas de cartografia para reconhecimento de locais percorridos, que poderá vir a ser também uma futura oficina a ser desenvolvida em uma próxima visita à Ilha Grande. 
Foram produzidos mapas da Ilha Grande, banner com a síntese do trabalho desenvolvido, além de um folder com pontos de visitação a ser oferecido à UERJ como retribuição à nossa recepção. Os petianos também estão produzindo um artigo a ser apresentado como resultado da pesquisa desenvolvida pelo grupo na Ilha Grande.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Resumo texto: “Metrópole: a força dos fracos é seu tempo lento”, SANTOS. M.¹


Por Michele Souza

Espaço-tempo? Metropolização? Que relações existem entre estes fatores?
O advento do periodo Científico-Técnico permitiu afinal, que, na prática, isto é, na história, espaço e tempo se fundissem, confundindo-se. Não há, nas ciências sociais, como tratá-los separadamente. Sob o risco de tautologia², as categorias de análise devem ser outras, e não mais tempo e espaço, já que as definições se tornaram recíprocas. E a cidade, sobretudo a grande cidade é o fenômeno mais representativo dessa união.

O espaço é, em todos os tempos, o resultado do casamento indissolúvel entre sistemas de objetos e sistemas de ações. Hoje graças às técnicas, que realizam através da matéria a união do espaço e do tempo, tanto esses objetos são artificiais ou, em todo caso, plenamente históricos, quanto as ações tendem a ser artificiosamente instrumentalizadas.

Que é, assim, esse Tempo do Mundo? Isso existe? Nós sabemos que há apenas um relógio mundia, mas não um tempo mundial. Seja  como for, a distância do homem comum em relação a esse novo Tempo do Mundo é maior, muito maior do que antes. A mundialização multiplica o número de vetores e, na verdade, aumenta as distâncias entre instituições e pessoas, Ubiqüidade, aldeia global, instantaneidade são, para o homem comum, apenas uma fábula.

A cidade é o lugar em que o mundo se move mais, e os homens também. A co-presença ensina aos homens a diferença. Por isso, a cidade, mais numeroso e significativo o movimento, mais vasta e densa a co-presença e também maiores as lições e o aprendizado.

Na cidade, hoje, a “naturalidade” do objeto técnico ---- uma mecânica repetitiva, um sistema de gestos sem surpresa--- essa historização da metafísica, crava no organismo urbano, áreas “luminosas”, constituídas ao sabor da modernidade e que se justapõem, superpõem e contrapõem ao resto da cidade onde vivem os pobres, nas zonas urbanas “opacas”.³

A estrutura dessa população de “homens comuns” favorece o processo. A chegada incessante de migrantes à cidade aumenta a variedade dos sujeitos... dos sujeitos comuns e das interpretações mais próximas do “real”. A temporalidade introjetada que acompanha o migrante se contrapõe à temporalidade que no lugar novo quer abrigar-se no sujeito instala-se, assim, um choque de orientações, obrigando a uma nova busca de interpretações.

Para os migrantes pobres e para os pobres de um modo geral, o espaço “inorgânico” é um aliado da ação, a começar pela ação de pensar, enquanto a classe média e os ricos são envolvidos pelas próprias teias que, para seu conforto, ajudaram a tecer: as teias de uma racionalidade invasora de todos os arcanos da vida, essas regulamentações, esses caminhos marcados que empobreceram e eliminam a orientação ao futuro. Por isso os “espaços luminosos” da metrópole, espaços da racionalidade, é que são , de fato, os espaços opacos. 4


Comentários:

¹ In: SANTOS. M. Técnica, Espaço, Tempo, globalização e meio técnico-científico informacional. Editora Hucitec, São Paulo, 1994.

² Consiste na repetição de um conceito.


³ como exemplo no Rio de Janeiro entre outros bairros da zona sul,  o bairro Copacabana é uma zona “luminosa”, vista, um cartão postal do Rio de Janeiro para o Brasil e mundo. Em contrapartida uma favela localizada até mesmo no próprio bairro Copacabana tende a ser apagada e esquecida, colocando esta muitas vezes não pertecente a cidade.

4 Ricos e classes médias  que optam por moradias em condomínios cada vez mais fechados e isolados da realidade  na cidade.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

XVII Encontro Nacional de Geógrafos


     O encontro foi realizado na Cidade de Belo Horizonte – MG, na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) entre os dias 22 e 28 de julho de 2012, possuindo como tema: “Entre Escalas, Poderes, Ações, Geografias”.
O ENG é organizado pela AGB (Associação de Geógrafos) sua realização ocorre a cada 2 anos.  O evento promove integração entre os geógrafos e estudantes de geografia de diversas partes do Brasil buscando estabelecer a troca de experiências e saberes.
Frente da UFMG- Campus Pampulha

Durante a semana do evento várias atividades foram propostas entre elas:

EDPs ( Espaço de diálogo e Práticas) – Trabalhos de diferentes temas são organizados por eixos: Cidade/urbano, Campo/ Rural, Natureza/meio ambiente, Pensamento Geográfico  e Educação. Nestes espaços cada autor tem a oportunidade de apresentar a sua pesquisa, e dialogar com os outros participantes sobre o trabalho apresentado.

Integrantes do grupo PET-Geografia  tiveram a oportunidade de apresentar suas pesquisas:

“A cidade como palco para arte de rua” (Camila Vianna de Souza, Claudiane Cabral Reis da Hora e Michele Souza) – apresentada por Camila e Claudiane

“Percepções e relações dos moradores do bairro Santa Cruz-RJ, frente ao patrimônio histórico-cultural” (Michele Souza da Silva)

 “Alfabetização cartográfica no 5º ano do ensino fundamental” (Nathalia de Oliveira Sousa)

 Mesas Redondas:

Eixo 1-Reestruturação produtiva do capital: Grandes projetos de desenvolvimento e conflitos territoriais
Eixo 2- Geografias, políticas e práticas educacionais
Eixo 3- Brasil-Latinoamérica-Mundo: Estado, territórios e sociedades em movimento
Eixo 4 – Movimentos sociais: formas de luta e resistência
Eixo 5 – Natureza e sociedade: desenvolvimento e contradições
Eixo 6 – Saberes geográficos e lutas sociais: novas questões, novas abordagens
Eixo 7- Geografias, Linguagens e tecnologias: apropriações e tensões

Mesa: Outras apropriações da natureza: conflitos sociais e disputa epistemológicas


Mesa: Desastres Naturais? A espetacularização da dinâmica da Natureza

Mini-cursos e Oficinas
Os mini-cursos  e as oficinas abordavam  temas como: ambiente, cidade-urbano, educação, Rural.

Trabalhos de Campo
Foram oferecidos diversos trabalhos de campo, grande parte tinha como objetivo mostrar os lugares de Belo Horizonte e de outras cidades de Minas Gerais, afim de conhecer e fazer uma análise sobre os aspectos específicos de cada um.

Igreja de Mariana- MG

Grupos de Trabalho

Os grupos de trabalho possui como relevância pensar ações e intervenções na sociedade. Visando fortalecer os trabalhos permanentes e a atuação política das seções locais da AGB, frente aos debates e ações demandados pela sociedade.

Espaços de socialização

Espaço que possui como caráter principal fortalecer a discussão de coletivos, não sendo necessariamente grupos constituídos, aprofundando as discussões propostas por grupos científicos. Um espaço aberto para o diálogo constituído por movimentos sociais, ambientais, culturais e políticos.

Petianas: Camila, Claudiane, Nathalia, Michele

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Relato XVII ENAPET


Do dia 22 a 27 de julho, aconteceu o XVII ENAPET – Encontro Nacional dos grupos PET em São Luis, no Maranhão.  Além de ser ser um espaço onde petianos e tutores podem se integrar, dialogar com grupos PET de todo o Brasil – e este foi um dos maiores aspectos positivos do encontro – é um espaço onde se discute os problemas ainda resultantes da expansão de grupos no ano de 2010. No primeiro dia, nas mesas redondas e conferencia de abertura, o tema era em torno da responsabilidade social que a Universidade Pública tem em levar os saberes científicos para além dos muros da academia  e estar aberta aos saberes populares, aos diferentes saberes,  às identidades, ao diálogo. Também fez um pequeno resgate histórico sobre os anos 90, onde no governo FHC, o PET ficou comprometido de terminar, já que era um risco o próprio fechamento das universidades. A  Dra Adelaide Coutinho da UFMA , ao lado do Dr Lucas Ramalho da UnB, direcionou sua fala com um olhar atencioso para a importância da extensão e da importância que os grupos PET tem que ter neste aspecto. Já Lucas Ramalho, direcionou sua fala para um olhar mais pragmático e foi bastante questionado nas falas do público devido as verbas de custeio, já que muitos grupos ainda não receberam, o que prejudica suas atividades. Na outra mesa, contou com uma falas conservadoras do Professor Álvaro Ayala, presidente da CENAPET e a Dra Mary Ferreira optou por fazer uma avaliação dos trabalhos enviados para o ENAPET de acordo com o que mais lhe chamou atenção. A segunda mesa ficou um pouco prejudicada e muito esvaziada devido aos atrasos da mesa anterior e mesmo do intervalo e as apresentações de Banner precisavam ser iniciadas.

Mesa Redonda 1 - Universidade brasileira hoje : políticas de expansão, qualidade e responsabilidade social

Mesa Redonda 2 - Programa de Educação Tutorial : significados e horizontes das mudanças
O maior aspecto negativo deste evento foi que viveu às sombras da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). O ENAPET historicamente ocorre concomitantemente com a SBPC, porém o ENAPET sempre fica prejudicado pois a estrutura é toda pensada para o grande evento que é a SBPC. Enquanto os melhores espaços e melhores auditórios ficavam com os eventos da SBPC, apenas um corredor estreito e escuro foi destinado para as apresentações de banner dos grupos PET. Sem contar que o principal local do evento foi uma grande tenda que não tinha circulação de ar satisfatória, fazendo com que todos os presentes se sentissem numa estufa. Aliás, esta foi uma demanda do GT de padronização de eventos PET : que o ENAPET se disvinculasse da SPBC. A ideia foi levada para a assembleia, que quase que por unanimidade concordou, já que devido a expansão dos grupos PET, precisamos que se pense num evento para o PET, numa estrutura pensada para o PET.

Apresentação de Banner

Apresentação de Banner

Auditório principal da SBPC
O GD de Mobilidade Acadêmica discutiu uma demanda muito recente em relação as bolsas para estudos no exterior. O petiano, quando volta, tem possibilidade de retornar ao seu grupo PET? Programas como Ciência sem Fronteiras permitem que o petiano retorne a seu grupo uma riqueza da troca de culturas única, sem contar nos saberes que a graduação sanduíche proporciona. O grupo, em sua maioria, ficou favorável a que os petianos façam a graduação e retornem para seu PET depois, com um afastamento máximo de um ano - isso dependendo da demanda dos editais de cada grupo PET.
Mais uma estrutura precária, em salas pequenas, pouco refrigeradas e cheias, as apresentações orais foram mais um reflexo da preferencia para eventos da SBPC.

GD de Mobilidade

No ultimo dia de evento, tivemos algumas palavras da chapa unica da CENAPET que ganhou a eleição, que teve 267 votantes, num evento de mais de 1.500 inscritos. Em seguida e com uma longa pauta, começou a Assembleia que cada vez mais ia esvaziando, esvaziando e só foi terminar por volta das 22h. Dentre as principais questões colocadas, foi aprovado a desvinculação da SBPC ; que o CLA retome seu caráter avaliativo, sendo chamado agora de CLAA - Comitê Local de Acompanhamento e Avaliação e os critérios de avaliação devem levar em conta as dificuldades dos grupos recem criados. Também foi discutido a sobre a compra de material permanente, e para isso seria necessário modificar a lei - segundo o presidente da CENAPET ; Indicar que se reveja a portaria MEC 976/2010 e posteriormente o Manual de Orientações básicas, entre outros.

Assembléia geral
Para aproximar os visitantes da cultura local, também teve uma apresentação cultural, mostrando a dança cacuriá, bumba-meu-boi. 
Apresentação Cultural

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cúpula dos Povos : Relato do dia 20/06/2012


    Do dia 13 a 22 de junho de 2012, aconteceu no Rio de Janeiro a Rio +20, uma conferência das Nações Unidas que buscou discutir sobre o desenvolvimento sustentável com representantes de países diversos, Tais discussões obedeceram a uma ótica econômica e com grande interferência de interesses de empresários. Paralelamente a esta conferencia, aconteceu a Cúpula dos Povos no Aterro do Flamengo, onde a sociedade civil se organizou para discutir suas lutas em diversas escalas. Cenas incomuns para o Rio de Janeiro marcaram esses dias: policiamento reforçado, muitos índigenas circulando pelo Centro e bairros próximos ao Aterro, turistas diversos. Na cúpula dos povos, apesar das inúmeras tendas e dos diversos temas de discussão, por vezes a participação, de fato, nessas tendas não era muito recorrente, porque o público em geral tendia à circulação no local. Diversos movimentos sociais estavam presentes, e principalmente aqueles referentes ao uso da terra, conflitos e ao uso de agrotóxicos na agricultura. 
   Uma participação efetiva era na plenária dos índigenas, ocorrida numa das tendas principais e que discutiam assuntos que por vezes nós, seres urbanos, nos sentíamos perdidos. Os indígenas, de diferentes lugares do Brasil, contaram um pouco da sua história de sobrevivência, reforçaram suas lutas e tentaram ponderar (por vezes, em vão) conflitos. Chamou a atenção um dos indígenas em sua fala, atentar para a importância da educação e reforçar a necessidade mais eficaz da entrada dos índios nas universidades públicas.
    A participação é importante, se for pensada pela e para a sociedade. Não adianta reunir líderes governamentais de diferentes partes do mundo para se pensar numa perspectiva sustentável se estes são guiados por perspectivas econômicas e mercantis. É preciso romper a visão de que os elementos da terra são apenas “recursos” naturais, é preciso que se aprenda a ser cidadão, respeitando os direitos do Outro. É preciso que os direitos de cidadania sejam garantidos e que a participação seja de fato produtora de uma discussão sobre sustentabilidade. A Rio +20, com seu novo conceito intrigante de “economia verde” garante a sustentabilidade apenas do capital.


Exposição retratando as queimadas

Plenária dos indígenas


sábado, 23 de junho de 2012

A programação da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental aconteceu de 15 a 22 de junho, das 9h às 20h, no Aterro do Flamengo e em outros pontos da cidade do Rio de Janeiro.  Dentre as centenas de atividades do evento, o encontro do PET ocorreu no dia 20/06 (quarta) dia da Mobilização Global, quando também pudemos participar da mobilização de alunos e professores em defesa da educação pública e de qualidade!
Abaixo um trecho da Declaração Final da Cúpula dos Povos:
Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental
Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida


Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade. A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Atividade Cultural do PET Geografia

     No dia 13/06/12, o PET-Geografia UFRRJ/IM realizou uma visita ao bairro Santa Cruz, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de conhecer as construções históricas e culturais aprender um pouco mais sobre a história do bairro. O roteiro da atividade incluiu visita ao Palacete do Matadouro, Ruínas do  antigo Matadouro e Batalhão Villagran Cabrita. Além de visitar os monumentos, os participantes puderam conhecer o centro do bairro. Contamos com a presença de um integrante do PET-História UFRRJ-Seropédica

                                                          Foto Palacete do Matadouro.

Grupo na FAETEC


Ruínas do Matadouro

Batalhão Villagran Cabrita


Um dos quadros existente no interior do Batalhão,
 pinturas que retratam a antiga Fazenda Real de Santa Cruz

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pesquisa PET: "Percepções e relações dos moradores do bairro Santa Cruz-RJ, frente ao Patrimônio Histórico-Cultural"


Michele Souza da Silva
michleal@hotmail.com
Graduanda em Geografia- UFRRJ
Bolsista PET Geografia- UFRRJ

Percepções e  relações dos moradores do bairro Santa Cruz-RJ, frente ao Patrimônio Histórico-Cultural

      Esta pesquisa tem como intenção analisar a relação dos moradores com o Patrimônio Histórico-Cultural do bairro Santa Cruz, além destas torna-se de grande relevância pesquisar a história dos lugares. que por muitas vezes encontram-se “invísiveis” e são pouco valorizados na cidade.  O bairro em questão fica localizado na Zona Oeste do Munícipio do Rio de Janeiro, Santa Cruz, é um dos muitos bairros que compõem o subúrbio carioca, sua população é estimada em  217.333 habitantes, segundo dados do Censo de 2010. Um bairro antigo com inicio no séculos XVIII e XIX, possuíndo diversas construções históricas e importantes na cidade do Rio de Janeiro. Portanto nesta pesquisa a análise central está focada na compreensão e identificação das noções , conhecimentos e as percepções que estes moradores possuem sobre a história local e as construções históricas existentes, observando como as políticas públicas voltadas para o Patrimônio Histórico-Cultural dialógam com  a comunidade ,incluindo também nesta questão do diálogo com a comunidade ,os grupos de pesquisadores que trabalham e tentam resgatar a história do bairro, um exemplo de um grupo que atua nesta perspectiva é o NOPH (Núcleo de Orientação e Pesquisas Histórica) que vem atuando desde  1985. Outro projeto que nos parece interessante à investigação é a  implantação do  Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro de Santa Cruz, criado em 1995 , Lei Municipal de Nº 2354 de 01 de setembro de 1995, e que buscaremos identificar se esta implantação se construiu junto com a população do local. Esta pesquisa contou com as fases: a primeira levantamento bibliográfico, afim de construir uma reflexão teórico conceitual de : Lugar, Subúrbio, Patrimônio e Cidadania, que são os conceitos centrais para este trabalho; para tanto, tornou-se necessário a utilização de autores como: CARLOS (2007), SANTOS (2006), MACIEL (2010), LIMA (2010), CHUVA (2009) e OLIVEIRA(1998).A segunda os trabalhos de campo que foram de  grande importância para se estabelecer um conhecimento sobre as  construções históricas e o próprio bairro ,analisando as potencialidades e fragilidades que puderam ser observadas in loco. A terceira foi a  realização de entrevistas com os moradores, na qual os mesmos responderam ao questionário elaborado pela própria autora destas pesquisa , afim de identificar essa relação dos moradores com o patrimônio histórico-cultural. Procurando sempre desenvolver o diálogo e a troca de  saberes com a comunidade , a pesquisa inclui entrevista com o coordenador geral do NOPH, para entender melhor o funcionamento e  os objetivos deste grupo,  e como este se aproxima e  articula suas ações  com a população do bairro. A coleta de informações incluiu ainda pesquisa em  sites como o do IPHAN, que auxiliaram na compreensão das questões relacionadas ao patrimônio histórico e como este  é definido na esfera pública. A pesquisa encontra-se em estágio inicial, assim, os resultados alcançados até o momento foram a sistematização das análises feitas em campo, onde foi possível ressaltar os problemas existentes relacionados ao próprio poder público, na falta de frequência da manutenção, cuidados e valorização  das construções históricas. Mas não somente os problemas foram analisados , as potencialidades também podem ser encontradas, que é a própria existência destas construções históricas que agregam importância ao bairro. A realização da entrevista com o coordenador geral do NOPH, que auxiliou na compreensão da atuação do núcleo e apontou os resultados já alcançados com a implementação dos projetos criados pelos pesquisadores do núcleo , bem como as principais dificuldades que este enfrenta atualmente para prosseguir com os seus trabalhos. A aplicação do questionário com os  moradores  ainda encontra-se  em andamento , porém as entrevistas que já foram realizadas possibilitaram uma compreensão inicial dessa relação dos moradores com o Patrimônio. E o aprofundamento da reflexão sobre os conceitos de Lugar ,Subúrbio, Cidadania e Patrimônio nos permitirá produzir com este trabalho novas compreensões teóricas sobre estes conceitos tão importantes para a geografia.







Pesquisa do PET ,Resumo do artigo " A cidade Como Palco para a Arte de Rua"


Camila Vianna de Souza
Graduanda do curso de Geografia – Bolsista do Pet Geografia-UFRRJ/IM
Kmi.la.souza@hotmail.com

Claudiane Cabral Reis da Hora
Graduanda do curso de Geografia – Bolsista do Pet Geografia-UFRRJ/IM
Diane_jk@hotmail.com

Michele Souza da Silva
Graduanda do curso de Geografia – Bolsista do Pet Geografia-UFRRJ/IM
michleal@hotmail.com



A cidade como palco para a arte de rua.

O presente trabalho foi baseado na linha de pesquisa  do PET (Programa de Educação Tutorial) do curso de graduação em Geografia,na modalidade Licenciatura Plena,UFRRJ\IM , que tem como fundamento o diálogo de saberes no ensino da Geografia. Visando assim a troca de informações e experiências entre a Universidade e o saber que  não é acadêmico. Durante a organização dos referenciais teóricos, tivemos a oportunidade de assistir a um vídeo disponível no youtube, que se chama “Proibido parar”, apresentando a insatisfação da sociedade ao visualizar a ação do choque de ordem quando os guardas municipais tentam reprimir um artista de rua (Estátua viva), proibindo que esse continuasse a fazer suas demonstrações artísticas em via pública.O objetivo da pesquisa é buscar compreender o uso do espaço público, por artistas que se encontram nos Centros das grandes metrópoles procurando exibir sua arte,recebendo colaborações espontâneas das pessoas, e quais as conseqüências desse uso. Seja pelo público que aplaude ou pelas repressões que tentam impedir a divulgação dessa arte.A realização de trabalhos de campo tornou-se imprescindível para a nossa pesquisa, por isso visitamos o Centro do Munícipio do Rio de Janeiro, a fim de conhecer estes espaços utilizados pelos artistas de rua e também nos aproximar destes. Assim pudemos conhecer suas histórias, trabalho e a própria visão do artista de rua em relação as políticas públicas voltadas para o ordenamento do espaço urbano. Além disso continuamos aprimorando nossos referenciais teóricos, através do desenvolvimento dos conceitos: cidade, apropriação, espaço público e noções de direito à cidade. Utilizando texto de autores importantes como David Harvey, Paulo Carrano, Ana Clara Torres Ribeiro, Carlos Walter Porto Gonçalves, entre outros. Essa pesquisa encontra-se em estágio inicial, como resultado preliminar confeccionamos um material escrito do que já foi produzido até agora, fazendo referencia aos conceitos e autores já citados. Em breve esta pesquisa se tornará um artigo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

“Os índios nunca foram atrasados, eles sempre viveram seu próprio tempo”

Carlos Walter Porto Gonçalves critica visão eurocêntrica de “modernidade” e “atraso” e indica a importância da resistência indígena e camponesa

07/12/2011

Joana Tavares,
da Reportagem


Adolescente indígena guajajara tem o rosto pintado - Foto: Christian Knepper/Funai
O professor Carlos Walter Porto Gonçalves vem dedicando suas análises sobre a Pátria Grande, a América Latina. Um antigo defensor das lutas indígenas e camponesas e ex-assessor de Chico Mendes, ele diz que não faz sentido querer um ambiente sem gente nem um desenvolvimento para as pessoas sem cuidar necessariamente do ambiente. Corrobora com a filosofia do ex-líder sindical e ambientalista, assassinado em 1988: “Não há defesa da floresta sem os povos da floresta”. E também se inclui na filosofia do ecossocialismo, como a união das lutas contra a devastação e o capitalismo. Nesta entrevista, ele fala sobre a América Latina e a posição arrogante do Brasil, critica o projeto e a visão da modernidade e defende a força da luta e das ideias indígenas.

Brasil de Fato – Por que há tanto desconhecimento no Brasil em relação à América Latina?
Carlos Walter Porto Gonçalves – A história do processo colonial, o fato de o Brasil ter sido colonizado por Portugal e a maioria dos países pela Espanha, implica certas diferenças. Nosso continente foi marcado por presenças coloniais diversas, como a inglesa, francesa, holandesa, e ainda há países que são colônias mesmo hoje, como a Guiana Francesa. Mas não é só isso. Parece que a nossa dificuldade de nos aproximar do resto da América Latina e do Caribe não é uma questão de língua – com certo esforço a gente acaba se entendendo –, mas o processo de independência diferenciado. O Brasil não seguiu a ideia do “inventar ou errar” – uma expressão de Simón Rodríguez – dos outros países, que tentaram inventar um regime republicano, diferente do regime monárquico que reinava nas metrópoles colonizadoras. O Brasil foi o único que fez a independência e se manteve como império, inclusive com uma monarquia, com uma casa real. E achava que por ser uma monarquia era superior às “repúblicas de caudilho” da América Latina, expressão que continua a ser usada hoje pelas elites brasileiras e pela mídia. E de certa forma os países de colonização hispânica são obrigados a conhecer um pouco mais uma história que lhes é comum, haja visto que muitos países surgiram se emancipando de outros, como a Colômbia da Venezuela. A história deles tem que se remeter uma à outra. A história do Brasil em face de nossos vizinhos é mais desconfortável, por ter se apropriado de territórios que, a rigor, eram de outros países. Cabe também falar que a maior parte das elites formadas na América Latina continuou preocupada em se integrar com as elites europeias e dos países imperialistas para continuar exportando seus diversos produtos.

Qual o sentido político do termo “América Latina”?
O termo “América Latina” foi usado pela primeira vez por um poeta colombiano, José María Caicedo, num poema chamado “As duas Américas”, em 1854. Ele usou essa expressão com clara posição de tensão em relação à América anglo- saxônica. Ele estava muito impactado pelo que havia acontecido, numa data que todos nós deveríamos ter sempre em mente: 1845- 1848, que é o período da guerra dos EUA contra o México. Quando os EUA fizeram a independência eram apenas as 13 colônias situadas a leste. Todas as terras do Texas até a Califórnia – com todos aqueles nomes em espanhol – foram tomadas do México. De certa forma, o Caicedo dá continuidade ao que Simón Bolívar tinha percebido nos anos de 1820 em função da posição norte-americana em relação ao Haiti, o primeiro país do mundo a abolir a escravidão. O que faz os Estados Unidos? Junto com a França, faz pressão para que o Haiti pague por cada escravo que tinha se tornado livre, o que faz com que o país fique sufocado em dívidas. E Simón Bolívar, que recebeu armas dos revolucionários haitianos para fazer os processos de libertação da América Latina, percebe que a doutrina de Monroe, “América para os americanos”, era para os americanos do norte, para os estadunidenses. Percebeu isso em 1823 e denunciou imediatamente, convocando uma integração entre os países, entre iguais, não uma integração subordinada. Ele usava a expressão “Pátria Grande”, a América integrada; ele dizia que tínhamos uma “pátria chica” – Brasil, Venezuela etc. – mas também a Pátria Grande. Então, a expressão “América Latina” tem um significado muito forte, porque abriga o caráter anti-imperialista, antagoniza com a América anglo-saxônica. Mas ao lado do seu caráter emancipatório, Caicedo não estava livre de um certo eurocentrismo. A expressão ‘latina’ ignora todo o patrimônio civilizatório que aqui existe e que não é de origem latina, como os quéchuas, os aimarás, os tupiguarinis, os maias.

Qual o papel dos países latinoamericanos no mercado mundial?
A demanda de matérias-primas em países como a China faz com que o Brasil e outros países da América Latina passem por um processo de reprimarização da sua pauta de exportações. E as pessoas estão vendo isso como uma vantagem! Para os capitalistas com visão de curto prazo é bom, porque estão ganhando dinheiro. Na verdade, isso é uma nova fase de um processo que tem 500 anos. Sempre fomos exportadores de produtos primários ou manufaturas. Há um mito de que estamos vivendo um processo de modernização tecnológica, com o agronegócio e seus equipamentos modernos. É um mito porque o Brasil no século 16 já exportava manufaturados, como o açúcar. Nossa história é muito colonizada, contamos a história como os europeus nos contaram. Inclusive europeus que nos são caros, como Marx. Marx conta a história da revolução industrial a partir da Europa, mas as primeiras manufaturas, os engenhos de açúcar, estavam no Brasil, no Haiti, em Cuba. Nós já éramos modernos tecnologicamente, mas uma tecnologia colocada aqui não para nos servir, mas para nos explorar. A rigor, um trator e computador fazendo plantio direto hoje é o equivalente ao que fazíamos no século 16, com tecnologia de ponta. Que ideologia é essa da “modernidade” que achamos que veio para nos salvar? A modernidade sempre nos fez ser o que somos. A gente não consegue se desprender da ideologia eurocêntrica da modernidade e acabamos propondo como solução o que é parte do problema.

O que são os megaprojetos de infraestrutura colocados para o continente hoje?
Há muitos projetos de infraestrutura em curso. Na América Central, há um projeto de integração física, que é o Plano Puebla Panamá, hoje rebatizado como Plano Mesoamérica. E temos a Iirsa, Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, proposta numa reunião convocada pelo Fernando Henrique Cardoso no ano 2000. É um grande projeto de portos, aeroportos, estradas, uma rede de comunicação, que torna o espaço geográfico mais fluido e diminui o tempo socialmente necessário para a produção. Essas obras estão sendo feitas a partir de uma proposta das elites, feita pelo capital. No caso do Brasil, feitas com a presença muito incisiva do BNDES, que tem mais dinheiro que o Banco Mundial para investir. Esses investimentos já estão trazendo problemas, no Equador, na Bolívia, na Argentina.

O Brasil tem uma postura imperialista em relação aos outros países da América Latina?
A estratégia brasileira não é antagônica com a estratégia norte-americana. A burguesia brasileira sabe manejar muito bem o Estado quando lhe é conveniente. Sabe manejar o BNDES para os seus interesses, usar os recursos. As grandes empresas de engenharia civil do Brasil estão presentes em todos os países da América Latina. O complexo de poder envolvido no agrobusiness é um belíssimo exemplo: é um complexo de aliança política entre as burguesias brasileiras articuladíssimas com a burguesia internacional, que estão se beneficiando dessas estruturas. É uma burguesia associada ao imperialismo americano, mas que tem um projeto próprio ao mesmo tempo. A ideia de subimperialismo de Ruy Mauro Marini me parece correta. A diplomacia brasileira não usa o termo “América Latina”, diz “América do Sul”, quer dizer, está preocupada com a integração física para exportar. Estamos fazendo com nossos povos aquilo que sempre fizemos desde o período colonial.

Como esse projeto impacta as populações indígenas e camponesas?
Quem está se revelando os maiores antagonistas desse projeto são as populações indígenas, camponesas e afro-latino- americanas. Elas que estão sendo expulsas de suas terras. A Iirsa diz claramente que os projetos vão se expandir para áreas de vazios demográficos. A Amazônia não é vazia. Não é à toa que o imperialismo diz que os indígenas são os novos comunistas. São áreas cujas populações historicamente sempre viveram com a Pachamama. Os índios sequer têm um nome para a “natureza”, porque significaria pensar o homem como fora da natureza. A Pachamama não é a natureza, é a origem de tudo, de todas as energias, todos nós fazemos parte dela. Eles não são antropocêntricos, não vivem na matriz da racionalidade que vem da Europa, que hoje é parte da crise. Se há 50 anos as forças hegemônicas podiam passar um trator por cima dessas comunidades, hoje essas populações conseguem se mobilizar e encontram eco para suas denúncias. O próprio capitalismo não sabe o que fazer com essas áreas. Tem um setor novo do capitalismo que é o da biotecnologia, que depende de informação do geoplasma. Para esse capitalismo, a diversidade biológica é um valor, ele se confronta com o capitalismo predador que quer derrubar a mata para entrar com gado na Amazônia. Hoje, o capitalismo tem dentro de si um confronto sobre o que fazer com essas regiões. Nessa brecha de dúvida sobre o modelo que vai imperar, abriu-se um espaço para que as populações indígenas encontrassem uma possibilidade maior de falar. Antes havia um consenso, inclusive entre a esquerda, com raríssimas exceções, que achava que tinha que passar o trator. Era uma noção eurocêntrica de “moderno” e “atraso”. Os índios nunca foram atrasados, eles sempre viveram seu próprio tempo. Para nós é fundamental fazer a crítica não só ao capitalismo, mas à mentalidade colonial, à colonialidade do saber e do poder. A discussão dessas populações que estão sendo atingidas é fundamental. A própria ideia de uma Via Campesina só é possível na medida em que essas populações adquirem uma centralidade muito mais importante nos dias de hoje; o campesinato e aquilo que o Darcy Ribeiro chamava de indigenato, um campesinato etnicamente diferenciado. Estamos vivendo uma crise do capitalismo e ao mesmo tempo uma crise de padrão civilizatório. E, nesse sentido, até setores de esquerda, que embarcaram numa visão desenvolvimentista, não perceberam que na verdade existem múltiplas forças produtivas que se desenvolveram por populações outras. Já havia uma sofisticada metalurgia entre as populações originárias de nuestra América, uma sofi sticada agricultura, arquitetura, como Machu Pichu. Os indígenas, sabe-se lá como, conseguiram preservar muitas das coisas desse período, conseguiram manter sua identidade própria. Esses povos têm algo a nos ensinar. Temos que ter a humildade de ver como, depois de 500 anos, eles ainda resistem com essa força. Eles estão mais vivos do que nunca.

Carlos Walter Porto-Gonçalves é doutor em Geografia e professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi presidente da Associação dos Geógrafos Brasileiros (1998-2000). É Membro do Grupo de Assessores do Mestrado em Educação Ambiental da Universidade Autônoma da Cidade do México (Unam). Ganhador do Prêmio Chico Mendes em Ciência e Tecnologia em 2004 e do Prêmio Casa de las Américas (Ensaio Histórico-social) em 2008, é autor de diversos artigos e livros publicados em revistas científicas nacionais e internacionais.
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sexta-feira, 30 de março de 2012

Cancelamento do CinePet Geo

Devido à greve dos ônibus intermunicipais, comunicamos que a exibição do filme Narradores de Javé foi adiada para o dia 17 de abril de 2012, às 15h.

Att,
Pet Geografia

quinta-feira, 1 de março de 2012


Em mais uma sessão do Cine Geo Pet, o filme "Hair" (1979) traz a tona uma temática muito pouco aprofundada criticamente no cinema, apesar de ser uma produção bem simples. A viagem psicodélica feita por Berger e seus amigos onde a luta pela liberdade individual e coletiva se fazem diariamente através de seus modos de vida alternativos que negam o frenesi patriota do contexto histórico da Guerra do Vietnã, onde a "paz" militarizada não convence. Com ótimas coreografias, o filme conduz a uma crítica nada sutil ao conservadorismo americano através de seus números musicais. Hair é, antes de tudo, um filme provocador e  para quem não quer se acomodar.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Museu da República e Catete

   No dia 11/01/12, o grupo PET-Geografia da UFRRJ esteve na exposição "A res publica brasileira", no Museu da República - Catete/RJ, e pode acompanhar cronologicamente o nascimento e afirmação da República Brasileira no local onde um dia já foi sede do Poder Executivo, através de mobílias, pinturas, documentos, entre outros.
Grupo PET com os novos petianos na varanda do Museu da República


Grupo no Jardim do Museu da República

Parte da Exposição "A res publica Brasileira"
   O grupo visitou o Museu do Folclore e Cultura Popular, com a exposição "brinquedos em Recife", o Espaço Oi Futuro no Museu das Telecomunicações - que é um espaço muito interessante e interativo que conta a história da telecomunicação no mundo. Como outro local para fonte de pesquisas, o grupo também fez uma breve visita ao Instituto Pereira Passos.

Museu das Telecomunicações-Espaço Oi Futuro

Luiz Antônio, Karoline e Willian no Museu das Telecomunicações

Biblioteca Nacional


   No dia 09/01/2012, os Petianos tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e de ter contato com o acervo como uma fonte para as pesquisas.

Petianos no saguão de entrada da Biblioteca
    A Biblioteca Nacional do Brasil, considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, é também a maior biblioteca da América Latina. 

O núcleo original de seu poderoso acervo calculado hoje em cerca de nove milhões de itens é a antiga livraria de D. José organizada sob a inspiração de Diogo Barbosa Machado, Abade de Santo Adrião de Sever, para substituir a Livraria Real, cuja origem remontava às coleções de livros de D. João I e de seu filho D. Duarte, e que foi consumida pelo incêndio que se seguiu ao terremoto de Lisboa de 1º de novembro de 1755.

   O início do itinerário da Real Biblioteca no Brasil está ligado a um dos mais decisivos momentos da história do país: a transferência da rainha D. Maria I, de D. João, Príncipe Regente, de toda a família real e da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, quando da invasão de Portugal pelas forças de Napoleão Bonaparte, em 1808.

   O acervo trazido para o Brasil, de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março. A 29 de outubro de 1810, decreto do Príncipe Regente determina que no lugar que serviu de catacumba aos religiosos do Carmo se erija e acomode a Real Biblioteca e instrumentos de física e matemática, fazendo-se à custa da Fazenda Real toda a despesa conducente ao arranjo e manutenção do referido estabelecimento. A data de 29 de outubro de 1810 é considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no entanto, só foi franqueada ao público em 1814.



Visita guiada 
fonte : http://www.bn.br/portal/?nu_pagina=11