quarta-feira, 15 de abril de 2015

PET CONVIDA - Francisco ²

Com o sucesso do último PET Convida Francisco, o grupo resolveu fazer mais um edição com o nosso querido professor Francisco Nascimento.

Não perca a oportunidade de participar deste debate com gostinho de Café!

Quando? 16 de Abril

Sala? 205 bloco administrativo

Horário? 13:30





terça-feira, 7 de abril de 2015

PET -Debates: O Consumo do espaço - Ana Fani Alessandri Carlos

No dia 01 de Abril de 2015 o Grupo PetGeo/UFRRJ- IM realizou a leitura e debate sobre o texto '' O consumo do espaço'', de Ana Fani Alessandri Carlos, fortalecendo nossa compreensão sobre o assunto.
A autora começa o texto fazendo uma relação com a globalização e as mudanças comportamentais que irão legitimar de forma ideológica a mercantilização do espaço. Ela deixa explicito que essa nova mentalidade está baseada no uso da razão como principal discurso vigente, e que essa racionalidade vai influenciar no modo como as pessoas vão viver suas vidas e consequentimente como elas vão se relacionar com o espaço. Em uma escala global, a globalização vai gerar a mundialização do capital e com isso a ordenação e hierarquização do espaço mundial.

            A relação do consumo dos objetos vai ganhar uma nova lógica, consumiremos não mais o objeto por ele mesmo, mas sim pelo que ele representa dentro da lógica do mundo moderno. E com o espaço não será diferente, ao invés de usarmos o espaço entramos na lógica mercadológica de consumir por meio da ideia de espaço- mercadoria, como aponta a autora ao afirmar que “cada vez mais se compram e se vendem pedaços do espaço para a reprodução da vida.” (FANI, 1999, P.175), fazendo com que seu acesso seja regulado pelo mercado e não mais pelas relações cotidianas.  

            O espaço que se faz globalizado se fragmenta quando colocado como mercadoria, ele é apenas globalizado no sentido das estratégias que serão aplicadas no mesmo, nesse caso ele se hierarquiza na escala global e se fragmente na escala do uso. Nesse contexto, o uso fica pautada nos parâmetros da sociedade moderna e globalizada que organiza a cidade na ótica do urbano, criando novas aparências e estéticas de como as cidades devem ser. 

            Quando a autora vai dar exemplos da mercantilização do espaço na escala global, o turismo aparece como destaque na venda dos espaços. Ela nos alerta para a efervescência do mercado imobiliário, ao criar espaços estandardizados que atraiam os olhares e atenção do mundo para a visitação do local, mas que vai trazer uma desordem no cotidiano, pois vai se tornar um espaço acessível apenas para aqueles que podem consumir.

            Analisando na escala do lugar, a autora usa como ponto de partida o lazer na metrópole, justifica sua escolha pelo lazer ser “uma atividade que redefine singularidades espaciais e reorienta seu uso com novos modos de acesso.” (FANI, 1999, P. 181).  Ela vai falar que a necessidade de seguirmos a cultura do urbano faz com que se diminua cada vez mais os espaços públicos de socialização e o acesso ao mesmo, fazendo com que a estrutura das cidades destruam por meio da materialidade imposta os espaços de socialização. Ela vai falar que essas mudanças vão gerar
“modificações profundas na vida cotidiana. Pelas mudanças que são impostas aos trajetos, ao ritmo dos passos, as possibilidades do encontro e do acaso. Nesse processo se diluem ou se destroem os referenciais urbanos indispensáveis à manutenção da identidade entre o cidadão e a cidade. Cada vez mais marcados por uma relação espaço-temporal dominada pela mercadoria.”
(FANI, 1999, P.181-182).

A autora vai nos atentar, por fim, que o uso dos espaços guarda a dimensão da vida, que neles podemos entender como a sociedade ser organiza expressando seus hábitos e costumes no mesmo. Fani (1999, p.185) fala que o espaço foi produzido para que as pessoas vivam nele no contexto urbano, e afirma que ao mercantilizarmos o espaço as relações que se estabelecem nesse contexto se tornam fruto de um produtivismo que o transforma em apenas uma distancia a ser percorrida. Nessa lógica, a reprodução do espaço se evidencia pela troca e não mais pelo uso.
           



Por: Camila Marcondes - Bolsista do grupo PETGEO-UFRRJ/IM.




            

PET - Debates: A produção do espaço - Sônia Barros

No dia 01 de Abril de 2015 o Grupo PetGeo/UFRRJ- IM realizou a leitura e debate sobre o texto '' A Produção do espaço'', de Sônia Barros, fortalecendo nossa compreensão sobre o assunto.

O presente texto pretende dar um aprofundamento teórico aos petianos nos seus artigos, para a publicação do primeiro livro do grupo, que estão em reta de conclusão.

A produção do espaço - Sonia Barrios

A autora traça primeiramente os processos que levarão à produção do espaço. São eles humanos de atribuição de valor, poder e de significado. Gerando produtos neste espaço, respectivamente, econômicos, políticos e semânticos (cultural-ideológico).

Na mistura destes saem também os produtos globais. Assim, temos o espaço físico socialmente transformado que é um resultado destes. Nada mais que uma relação espaço/sociedade. 

O espaço é caracterizado como funcional e nasce da incidência do fator distância na estruturação dos nexos entre homens/homens e homens/objeto materiais, aliado à necessidade de reprodução biológica e social. O espaço cumpre duas funções: o de objeto da atividade humana (recursos naturais) e o de como suporte (meio ambiente). O espaço é ainda produto das relações sociais, modificado, faz parte da totalidade relacional; determinado estrutura.

A autora parte para as definições e relações entre o espaço e as práticas econômicas, as políticas e as cultural—ideológicas.
As práticas econômicas e o espaço
As práticas econômicas são um conjunto de ações sociais que tenham por finalidade a produção, a distribuição e o consumo de meios materiais. Deposição de valor - de uso (qualidade, do para que serve) e de troca (quantidade). Realizam-se com base em técnicas (tecnologia) e relações entre os humanos.

As formações sociais têm hoje uma adaptação ativa, isto é: transformação da produção de bens materiais e adequação do meio ambiente às necessidades individuais e às de grupos.

O espaço sociocultural se explica pela apropriação histórica dos excedentes da produção por certos indivíduos em detrimento de outros. O espaço modificado é, portanto, produto intencional e não-intencional de uma ordem estabelecida.

A detenção do saber também é uma forma de dominar e historicamente foram.

As práticas políticas e o espaço
As práticas políticas têm por finalidade a conquista ou a detenção do poder. O Estado está entre; sempre se inserindo dando um caráter classista. Também mantém a ordem estabelecida das classes dominantes, mesmo que tenha que ceder às pressões das classes subordinadas. Instituições, também, se apóiam no Estado. Este viabiliza duas formas de legitimar suas ações:

Autoridade à produzir conhecimento (ex.: científico) e /ou por força contingente militar para afirmar a autoridade/dominação
Domínio à aceitação no direito de garantir a inviolabilidade do indivíduo, do lar, da nação.
Depreende-se das práticas políticas uma prática de dominação, apropriação, uma característica do nexo sociedade/espaço físico(natureza).
As relações de dominação são históricas e se complexificam pela evolução. 

Compartilhamento científico (saber) em parte para prejudica a emancipação do caráter colonial mais visível outrora.

Caráter ideológico na formulação de infra-estruturas e legitimar o ordenamento jurídico são funções atribuídas ao Estado. Dar coesão interna a sociedade e resolver as contradições de classe. O Estado cria espaço geopolítico pela divisão territorial para facilitar a administração, de modo hierárquica (município-distrito-entidade-nação). Um domínio político formal. A burguesia, por outro lado, não reconhece fronteiras em virtude do seu capital.

 O Estado dá as condições para os fixos com políticas planejadas. Os movimentos sociais estão no limite e são freqüentemente desviados dos seus objetos de reivindicação.
As práticas cultural-ideológicas e o espaço

São práticas orientadas para:
a) desenvolver responder às indagações do homem;
 b) gerar representações, valores, interesses, modelos, aspirações, mitos, crenças independentes – que mantenham ou não as relações vigentes;
c) difundir pelos meios de comunicação simbólicos.
A infra-estrutura determina, dá base aos fenômenos da superestrutura. Difusão de mensagens, vínculos interpretáveis:  a) texto ; b) processos observáveis e c) a organização de espaço social.
Suporte para o sagrado. O surgimento de novas idéias, valores e objetivos sociais conduzirá sempre uma reformulação do uso, desenho e conteúdo das formas espaciais.
Espaço construído: um conjunto de materiais valorados, apropriado pelas práticas políticas e constituído de significações.
Espaço físico: condiciona.
Espaço social: manifesta, opera.

Propõe um novo esquema metodológico para o estudo do espaço. Este, por fim é de aparentemente técnico, essencialmente social. O elemento estruturante são as relações de dominação históricas. Dinâmico o espaço é um instrumento material.





Por: Kleber Mattos - Colaborador do Grupo PETGEO-UFRRJ/IM.

sábado, 4 de abril de 2015

PET CONVIDA - FRANCISCO CHAGAS

O PET Geografia convida o nosso querido professor Francisco para bater um papo maneiraço sobre território.

Que dia? 09 de abril.

Que horas? 13:30.

Onde? Na sala 205 do Bloco Administrativo.

PET- Debates. ''Pequena reflexão sobre categorias da teoria crítica do espaço: Território usado, território praticado'' - Ana Clara Torres Ribeiro

No dia 25 de março de 2015 o Grupo PetGeo/UFRRJ- IM realizou a leitura e debate sobre o texto ''Pequena reflexão sobre categorias da teoria crítica do espaço: Território usado, território praticado'', de Ana Clara Ribeiro, fortalecendo nossa compreensão sobre o assunto.


Em seu texto Ana Clara Torres Ribeiro se propõe em analisar o território como “ponte” entre a teoria crítica do espaço e a ação politica, sendo essa “ponte” como mediação e um contexto para o diálogo transdisciplinar.

            Em primeiro momento a autora busca contextualizar o território e as relações de poder oriunda da relações sociais propiciada pelo espaço e em segundo momento analisa as ações do Estado e seu papel, pontuando as ações horizontais e verticais das relações sociedade civil e sociedade politica.

            Analisa o poder em dois pontos: um a  ênfase na problemática do poder. Sendo o território como fato e condição, condiciona e é condicionado pelo exercício do poder, e em segundo a relação do Estado como mediador dos interesses da classe dominante e o resto da população civil.

            Em momento a autora vai buscar em Maquiavel através de uma citação, elementos para compreensão da dinâmicas politicas do território.

“Quanto à ação(...)[o príncipe] deverá habituar o corpo aos incômodos naturais da vida em campanha e aprender a natureza dos lugares, saber como surgem os montes, como afundam os vales, como jazem as planícies, e saber da natureza dos rios e dos pântanos,empregando nesse trabalho os melhores cuidados. Esses conhecimentos são uteis sob dois aspectos  principais: primeiro, aprende o príncipe a conhecer bem o seus pais e ficará conhecendo melhor os seus meios de defesa; segundo - pelo conhecimento e pratica daqueles sítios, conhecera facilmente qualquer outro, que lhe seja necessário especular(...) pelo conhecimento de uma província pode-se facilmente chegar ao conhecimento de outra”(Maquiavel, 2000, pp, 141,142).

            O território então como condicionado e condicionador proporciona  condição da ação e projeção da ação através do conhecimento praticado  e vivido do território .

            O Príncipe é uma ideia  viva, que sustenta o conceito de ação politica, o que possibilita que Gramsci  enxergue nele os partidos politico. Inserindo na problemática o Estado como configuração da vontade coletiva, elemento fundamental na luta pela hegemonia e na dialética sociedade civil e sociedade politica. Ainda se utilizando de Gramsci a autora mostra que a ação politica envolve tanto conhecimento histórico como  conhecimento geográfico.

            A autora vai destrinchando a ação através autores renomados dentre ele Milton Santos o qual ela afirma que “a ação, na plenitude da sua afirmação como práxis, inscreve-se na ontologia do espaço. A ação é portadora do tempo na própria espacialidade das  técnicas, na medida em que manifesta, no movimento pratico e politico, as condições historicamente herdadas e o projeto da sua transformação” Ana Clara Torres Ribeiro apud Milton Santos.

            As condições herdadas cria e designo e condições objetivas e subjetivas que transcendem o caráter imediativo conduzindo a transformação da materialidade O  projeto da ação é portados da força  necessária força potencial da reificação e da alienação.

            A noção de projeto  conduz a ideia de passagem do presente para o futuro. Então o espaço tem sua essência um conjunto de elementos dentro de sua dinâmica social, citando a autora “Desse modo o território, ação,projeto, práxis constituem a substancia da dinâmica societária  que direciona os fluxos” (Ana Clara Torres Ribeiro, pp.33)


            Como conclusão o texto nos possibilita a compreensão da complexabilidade que é a realidade que rege o território desde as ações, relações horizontais e verticais, o papel do Estado dentro do território como difusor da “ideia ilusória geral” assegurando os interesses da classe dominante e como mediador do conflito e tenções entre as classes. Também o texto nos possibilita uma compreensão do lugar para os indivíduos e como também que as açoes horizontais podem instaurar a desordem nas relações horizontais com intuito de trazer a “ordem” que possibilita a estabilidade da hegemonia da classe dominante.



Por: Bruno Pereira - Bolsista do grupo PETGEO/UFRRJ-IM.

PET - Debates. Metrópole: A força dos Fracos é seu tempo Lento - Milton Santos

No dia 25 de março de 2015 o Grupo PetGeo/UFRRJ- IM realizou a leitura e debate sobre o texto ''Metrópole: A força dos fracos é seu tempo lento'', de Milton Santos, fortalecendo nossa compreensão sobre os espaços da cidade.

     Espaço e tempo nunca estiveram tão unidos como agora, isso por causa do advento do Período Científico-Técnico. Agora, para um estudo mais completo e antitautológico, faz-se necessário o estudo simultâneo dos dois. “E a cidade, sobretudo a grande cidade, é o fenômeno mais representativo dessa união.” (Pág. 81)

      O espaço é o resultado/produto do conjunto dos objetos e das ações. Mas esses objetos estão se unindo com ações artificias, egoístas e segregadoras, reproduzindo com isso, grandes fabulações. Isso porque esse espaço e tempo comprimido não é um fato para todas as classes sociais. O tempo de um empresário em seu escritório será bem diferente do tempo de um ambulante (sobre)vivendo vendendo coisas na rua. “Nós sabemos que há apenas um relógio um relógio mundial, mas não um tempo mundial.” (pág. 82)

     “Na cidade, hoje, a “naturalidade” do objeto técnico – uma mecânica repetitiva, um sistema de gestos sem surpresa -“ (pág. 83), naturalidade essa verticalizada, produz zonas luminosas, zonas onde todo o foco e atenção serão direcionados, consequentemente, isso irá produzir zonas opacas, áreas que serão tratadas sem importância, onde a cultura e a sociedade serão esquecidas. Isso até os atores hegemônicos perceberam que uma zona opaca pode dar lucro – caso do Porto Maravilha – a partir daí, zonas opacas começam a ser afetadas por “flash”. O que repentinamente está mostrando não ser uma coisa boa, pois a comunidade local sofre com as atitudes manipuladoras e egoístas de certos atores de darem “luz”.  

     De maneira geral, poderíamos imaginar que a velocidade é um grande fator para a “vitória”, e por isso, o grande empresário está onde está, e que o “pobre, quase imóvel na grande cidade, seria o fraco” (pág. 84). Mas Milton Santos nos dá outra perspectiva: “Creio, porém, que na cidade, na grande cidade atual, tudo se dá ao contrário. A força é dos “lentos” e não dos que detêm a velocidade [...]. Quem, na cidade, tem mobilidade – e pode percorrê-la e esquadrinha-la – acaba por ver pouco da cidade e do Mundo. Sua comunhão com as imagens, frequentemente pré-fabricadas, é a sua perdição. Seu conforto, que não desejam perder, vem exatamente do convívio com essas imagens. Os homens “lentos”, por seu turno, para quem essas imagens são miragens, não podem, por muito tempo, estar em fase com esse imaginário perverso e acabam descobrindo as fabulações.” (pág. 84)
     E assim, concluímos que os “espaços luminosos da metrópole, espaços da racionalidade, é que são, de fato, os espaços opacos.”




Por: Gabriel Martins - Colaborador do grupo PetGeo/UFRRJ-IM.