No dia 5 de junho de 2019, o grupo deu continuidade a dinâmica de apresentação de texto, para essa atividade o título sugerido foi “Revolução de valores - A promessa da mudança multicultural” capítulo 2 , de autoria de Bell Hooks na sua obra “Ensinando a Transgredir - A educação como prática da liberdade”(Hooks, 2013). O presente capítulo aprofunda na discussão da revolução de valores, elucidando como esses permeiam a manutenção da cultura de dominação e ajudam a criar um mundo sem liberdade para estabelecer a evolução da supremacia branca. A ligação entre valores e hábitos são relacionados com o compromisso diretamente a liberdade, tendo como uma das principais referências para pensar essa questão as contribuições de Marthin Luther King acerca da revolução dos valores, pois são os valores que contribuem para a manutenção de ideias enraizadas de que a dominação é natural, por exemplo.
O discurso hegemônico de segregação racial na época do Apartheid nos Estados Unidos, era exaltado por figuras públicas que reproduziam o materialismo absoluto, naturalizando a dominação e a segregação sob uma racionalidade ilógica de poder material. Válido ressaltar que esse discurso era legitimado pelo Estado vigente na época, a ponto de ser foco central em propaganda partidárias com pensamentos conservadores. Hooks aponta para problemática da coletividade da rejeição à esse tipo de pensamento ser ineficiente, de modo a rejeitarmos tal discurso porém ainda tornar-se permanente nos nossos cotidianos e hábitos.
Nesse sentido, a autora resgata lembranças de sua adolescência, que mesmo os seus mais “rebeldes” atos não eram tão revolucionários assim quanto ela pensava na época, agora olhando sob a ótica de que a sociedade sustenta-se a partir de um sistema patriarcal capitalista de supremacia branca. Os processos de tentativa de dessegregação social, relata a autora, eram bem mais dolorosos para as pessoas negras, que precisam se esforçar para se adequar a uma realidade que ainda tinha práticas racistas. Mesmo nos meios mais progressistas a autora identifica a divergência entre o que se diz e o que se pratica de fato, e crítica essa cisão, pois nossa prática deve corresponder a nossa construção teórica. Os valores são construídos para favorecer os sistemas de dominação e o neoconservadorismo procura manter esses valores que surgem na tentativa de se voltar à ordem, sendo esta ordem, uma ordem inventada.
Tomamos o exemplo utilizado pela autora ao comentar sobre a questão da família patriarcal que é amplamente defendida pelos conservadores como um espaço de ordem e seguro, entretanto, as estatísticas mostram como essa estrutura pode ser violenta, nesse sentido, a cultura da dominação, dos valores, promove vícios de mentira e negação que são perpetrados na sociedade e resulta na crise em que estamos vivendo que está ligada ao acesso (ou falta) à verdade. O consumo coletivo está alojado em espaços de desinformação e resistência a mudanças nas bases que estrutura os valores hegemônicos para que ocorra uma revolução de fato, a começar pela mudança de valores dentro da própria universidade junto à uma revolução epistemológica, e essa revolução encontra resistência daqueles que não querem abrir mão de sua autoridade, que é uma autoridade que se dá por ter-se frojado como a única possível.
Relato pela bolsista: Fernanda Santos
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