terça-feira, 7 de abril de 2015

PET - Debates: A produção do espaço - Sônia Barros

No dia 01 de Abril de 2015 o Grupo PetGeo/UFRRJ- IM realizou a leitura e debate sobre o texto '' A Produção do espaço'', de Sônia Barros, fortalecendo nossa compreensão sobre o assunto.

O presente texto pretende dar um aprofundamento teórico aos petianos nos seus artigos, para a publicação do primeiro livro do grupo, que estão em reta de conclusão.

A produção do espaço - Sonia Barrios

A autora traça primeiramente os processos que levarão à produção do espaço. São eles humanos de atribuição de valor, poder e de significado. Gerando produtos neste espaço, respectivamente, econômicos, políticos e semânticos (cultural-ideológico).

Na mistura destes saem também os produtos globais. Assim, temos o espaço físico socialmente transformado que é um resultado destes. Nada mais que uma relação espaço/sociedade. 

O espaço é caracterizado como funcional e nasce da incidência do fator distância na estruturação dos nexos entre homens/homens e homens/objeto materiais, aliado à necessidade de reprodução biológica e social. O espaço cumpre duas funções: o de objeto da atividade humana (recursos naturais) e o de como suporte (meio ambiente). O espaço é ainda produto das relações sociais, modificado, faz parte da totalidade relacional; determinado estrutura.

A autora parte para as definições e relações entre o espaço e as práticas econômicas, as políticas e as cultural—ideológicas.
As práticas econômicas e o espaço
As práticas econômicas são um conjunto de ações sociais que tenham por finalidade a produção, a distribuição e o consumo de meios materiais. Deposição de valor - de uso (qualidade, do para que serve) e de troca (quantidade). Realizam-se com base em técnicas (tecnologia) e relações entre os humanos.

As formações sociais têm hoje uma adaptação ativa, isto é: transformação da produção de bens materiais e adequação do meio ambiente às necessidades individuais e às de grupos.

O espaço sociocultural se explica pela apropriação histórica dos excedentes da produção por certos indivíduos em detrimento de outros. O espaço modificado é, portanto, produto intencional e não-intencional de uma ordem estabelecida.

A detenção do saber também é uma forma de dominar e historicamente foram.

As práticas políticas e o espaço
As práticas políticas têm por finalidade a conquista ou a detenção do poder. O Estado está entre; sempre se inserindo dando um caráter classista. Também mantém a ordem estabelecida das classes dominantes, mesmo que tenha que ceder às pressões das classes subordinadas. Instituições, também, se apóiam no Estado. Este viabiliza duas formas de legitimar suas ações:

Autoridade à produzir conhecimento (ex.: científico) e /ou por força contingente militar para afirmar a autoridade/dominação
Domínio à aceitação no direito de garantir a inviolabilidade do indivíduo, do lar, da nação.
Depreende-se das práticas políticas uma prática de dominação, apropriação, uma característica do nexo sociedade/espaço físico(natureza).
As relações de dominação são históricas e se complexificam pela evolução. 

Compartilhamento científico (saber) em parte para prejudica a emancipação do caráter colonial mais visível outrora.

Caráter ideológico na formulação de infra-estruturas e legitimar o ordenamento jurídico são funções atribuídas ao Estado. Dar coesão interna a sociedade e resolver as contradições de classe. O Estado cria espaço geopolítico pela divisão territorial para facilitar a administração, de modo hierárquica (município-distrito-entidade-nação). Um domínio político formal. A burguesia, por outro lado, não reconhece fronteiras em virtude do seu capital.

 O Estado dá as condições para os fixos com políticas planejadas. Os movimentos sociais estão no limite e são freqüentemente desviados dos seus objetos de reivindicação.
As práticas cultural-ideológicas e o espaço

São práticas orientadas para:
a) desenvolver responder às indagações do homem;
 b) gerar representações, valores, interesses, modelos, aspirações, mitos, crenças independentes – que mantenham ou não as relações vigentes;
c) difundir pelos meios de comunicação simbólicos.
A infra-estrutura determina, dá base aos fenômenos da superestrutura. Difusão de mensagens, vínculos interpretáveis:  a) texto ; b) processos observáveis e c) a organização de espaço social.
Suporte para o sagrado. O surgimento de novas idéias, valores e objetivos sociais conduzirá sempre uma reformulação do uso, desenho e conteúdo das formas espaciais.
Espaço construído: um conjunto de materiais valorados, apropriado pelas práticas políticas e constituído de significações.
Espaço físico: condiciona.
Espaço social: manifesta, opera.

Propõe um novo esquema metodológico para o estudo do espaço. Este, por fim é de aparentemente técnico, essencialmente social. O elemento estruturante são as relações de dominação históricas. Dinâmico o espaço é um instrumento material.





Por: Kleber Mattos - Colaborador do Grupo PETGEO-UFRRJ/IM.

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