Entre ocultação e a revelação a partir do espaço.
Ao
longo deste primeiro tópico, Álvaro Ferreira buscará introduzir as ideias sobre
o espaço como algo oriundo de construção social ou socialmente produzido
segundo o mesmo. Ele aponta que tal construção será referenciada pela estrutura
que define o modo de produção e também a ação de agentes, culminando na
materialidade que não dicotomiza a objetividade e subjetividade. A leitura da
realidade se dá através das concepções de Henri Lefebvre sobre a forma, função
e estrutura, articulando- as entre si para “desvelar o conteúdo socioespacial”.
Utiliza os termos percebido, concebido e vivido de Lefebvre para elucidar sobre
os simbolismos , representações das relações de produção e das mensagens
hegemônicas do poder através das representações sociais de produção.
Entre a apropriação e a dominação
Neste
subtítulo, o autor busca apontar que o espaço urbano é produto, condição e meio
do processo de reprodução das relações sociais e de produção se materializando no espaço. Logo, se ele é
produto das relações de produção, será constituído de forma desigual e para tal
esclarecimento utiliza a Cidade do Rio de Janeiro como exemplo da reprodução
desigual pelo conjunto de infraestrutura distribuída de forma díspar no espaço,
mas por uma razão específica: o valor de uso e o valor de troca (em sua teorização
de base marxista e na concepção da cidade mercadoria fruto do consumo do espaço
e do espaço de consumo). Ao longo do debate desses dois conceitos, Álvaro
Ferreira busca apontar o potencial envolvido em estabelecer o espaço social
como valor de uso (utilizam os objetos) e o valor de troca (monetariza-se o
objeto) . A cidade é então submetida à lógica capitalista de mercantilização,
servindo aos desmandos do capital e sua reprodução possibilitando assim, a
dominação e a apropriação está voltada ao valor de uso dado pelo cidadão
estabelecendo o que Lefebvre denomina de “ordem próxima ( relação com o uso) e
“ordem distante” (relação de troca). Durante o debate, esclarece que o domínio
e a apropriação ocorre em esferas escalares diferentes, a primeira em nível
local e a segunda em nível global, com o global determinando a ordem local.
Entre ativismos e movimentos
sociais: ações para a transformação do espaço
O debate nesse último tópico gira em torno do
Estatuto da cidade formulado durante a constituinte que produziria a
constituição de 1988 e suas determinações sobre a participação popular em sua
formulação e acompanhamento da aplicação dos programas nele estabelecido, mas a
crítica é voltada ao mecanismo de participação restringindo apenas a concepção dos
planos diretores através de conselhos gestores que desagregam os movimentos
sociais que naquele momento (final da década de 80 do século XX) estavam
enfraquecidos e com lideranças que buscavam, segundo o autor, “avanços no plano
técnico e político burocrático”, mas a finalidade do Estatuto das cidades era
garantir a função social da propriedade que naquele momento se tornaria difícil
devido a fragmentação social estabelecida por agentes da sociedade que culminando na diversificação de demandas.
Como modificar isso? O autor busca argumentar que é necessário retomar as lutas
coletivas em nível global e local,não hierarquizado e agregados socialmente,
negando como método a luta compartimentada voltada a necessidade de pequenos
grupos, pois o “problema” é o mesmo para todos e a mobilização para alcançar a
utopia seja preponderante as imobilidades que enfraquecem os movimentos.
FERREIRA,Álvaro. A produção do
espaço: entre dominação e apropriação. Revista eletrónica de Geografia y
Ciencias Sociales. Universidade de Barcelona, Barcelona,v. XI, n.245. Ago.
2007. Disponível em :<http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-24515.htm>.
Acesso em : 28 de maio de 2015.
Por: Djalma Navarro - Bolsista do grupo PETGEO-UFRRJ/IM.
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