No dia 06 de maio de 2015 o grupo debateu três tópicos do
segundo capítulo do livro Geograffitis, do autor Leandro Tartaglia, a fim de
aprofundar o conhecimento sobre as formas de intervenção urbana, mais
precisamente o Graffiti nas ruas do Rio de Janeiro.
O capítulo 2 intitulado “Um fenômeno Urbano” fala sobre experiência e paisagem, nome dado
ao primeiro tópico abordado. O autor começa com uma breve introdução explicando
o seu primeiro contato com o Graffiti que se deu dentro de um ônibus a caminho
da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, instituição na qual
Leandro Tartaglia se graduou em geografia.
Leandro conta que seu trajeto de casa, na Tijuca, até a
universidade poderia ser feito de metrô ou de ônibus, mas o mesmo preferia a
segunda opção por conta do preço da passagem e principalmente pela paisagem. E
foi em uma de suas inúmeras viagens pelo centro do RJ que Leandro passou a
observar com mais criticidade os grafismos presentes na paisagem urbana,
realizando assim o seu primeiro contato de forma indireta com o então
desconhecido Graffiti.
Para Leandro, o Graffiti era familiar por conta da sua
relação com o Hip-Hop o que comumente é associado a localidades e personagens
marginalizados da sociedade, portanto, o Graffiti era visto como um ato de
vandalismo, assim como a pichação, a qual o autor não parece deixar de
relacionar durante o texto.
A dúvida quanto classificar o Graffiti como vandalismo
passou a permear o autor no momento em que ele passa a observar detalhadamente
o cuidado estético e artístico que essas obras apresentavam, e foi então que
ele passou a pensar nos sujeitos que praticavam aquela ação. Em que horários
eles praticavam? Por qual motivo? Quem eram esses sujeitos?
E durante essa investigação ele conclui que estes sujeitos,
os grafiteiros, responsáveis pelas intervenções urbanas são ao mesmo tempo
influenciados pela realidade urbana em que vivem, e essa intervenção é uma
forma de questionamento, de resposta à essa realidade, bem como uma prova de territorialidade
e existência. A partir deste momento o autor começa a trabalhar os conceitos
geográficos como paisagem e território, analisando com criticidade as ações
destes sujeitos.
O graffiti é visto como uma intervenção artística dotada de
significados que expressam a experiência urbana, capaz de exercer influência
sobre o cotidiano de muitos transeuntes da cidade. Por esta capacidade de
influenciar que o Graffiti busca espaços da cidade com grande visibilidade
tanto de pedestres, motoristas ou passageiros a fim de promover uma reflexão
que não é repassada nos grandes canais de comunicação.
Adentrando na ideia da Visibilidade que o autor passa para o
segundo tópico do capítulo 2, caracterizando a visibilidade como um recurso
fundamental na relação do graffiti com a paisagem urbana, principalmente para
os sujeitos que vivenciam a cidade cotidianamente, trazendo a ideia de espaço
vivido.
A visibilidade da paisagem é um recurso de comunicação de
tamanha importância que desperta o interesse de diferentes setores, bem como
publicitários, artistas, políticos, vândalos, entre outros. Todos em busca do
poder de influencia que a paisagem possui, criando-se assim a Polifonia, como
afirma o autor, trata-se da disputa de interesses distintos, ou mesmo
antagônicos, pela visibilidade.
Um exemplo do poder de visibilidade do Graffiti ocorreu na
cidade do Rio de Janeiro em 2008 quando a prefeitura através da Companhia
Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) pintou muros e pilares dos viadutos no
centro da cidade, escondendo todas as obras de arte ali expressa, demonstrando
uma incongruência ideológica entre a prefeitura e os grafiteiros.
Terminamos o debate do texto no terceiro tópico que fala
sobre a percepção da paisagem urbana, que trabalhamos durante toda a leitura do
texto, facilitando assim uma boa compreensão da parte final.
O autor exemplifica o papel da memória quanto aos “flash’s”
que o Graffiti proporciona durante as rápidas viagens pela cidade, e que mesmo
que por uma fração de segundos a imagem vista passa a ser processada durante
todo o dia na mente dos sujeitos que observam a paisagem.
A paisagem pode ser observada de diferentes maneiras, de
acordo com o olhar de cada pessoa, como exemplo a visão do Geografo e do
grafiteiro para com a mesma paisagem, mas que ambos buscam características
diferentes, enquanto um busca analisar as expressões políticas, o outro por
vezes busca reconhecer os sujeitos por trás dessas ações.
E por fim o autor conclui com a afirmação de que “... o
graffiti imprime na paisagem suas marcas, o que permite a representação da
territorialidade dos grafiteiros (bem como de outros sujeitos) pela construção
material e simbólica de imagens.”.
Por: Yago Oliveira dos Anjos - Bolsista do grupo PETGEO-UFRRJ/IM
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