quinta-feira, 14 de maio de 2015

PET -Debates: Um fenômeno Urbano - Leandro Tartaglia

No dia 06 de maio de 2015 o grupo debateu três tópicos do segundo capítulo do livro Geograffitis, do autor Leandro Tartaglia, a fim de aprofundar o conhecimento sobre as formas de intervenção urbana, mais precisamente o Graffiti nas ruas do Rio de Janeiro.

O capítulo 2 intitulado “Um fenômeno Urbano”  fala sobre experiência e paisagem, nome dado ao primeiro tópico abordado. O autor começa com uma breve introdução explicando o seu primeiro contato com o Graffiti que se deu dentro de um ônibus a caminho da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, instituição na qual Leandro Tartaglia se graduou em geografia.

Leandro conta que seu trajeto de casa, na Tijuca, até a universidade poderia ser feito de metrô ou de ônibus, mas o mesmo preferia a segunda opção por conta do preço da passagem e principalmente pela paisagem. E foi em uma de suas inúmeras viagens pelo centro do RJ que Leandro passou a observar com mais criticidade os grafismos presentes na paisagem urbana, realizando assim o seu primeiro contato de forma indireta com o então desconhecido Graffiti.

Para Leandro, o Graffiti era familiar por conta da sua relação com o Hip-Hop o que comumente é associado a localidades e personagens marginalizados da sociedade, portanto, o Graffiti era visto como um ato de vandalismo, assim como a pichação, a qual o autor não parece deixar de relacionar durante o texto.

A dúvida quanto classificar o Graffiti como vandalismo passou a permear o autor no momento em que ele passa a observar detalhadamente o cuidado estético e artístico que essas obras apresentavam, e foi então que ele passou a pensar nos sujeitos que praticavam aquela ação. Em que horários eles praticavam? Por qual motivo? Quem eram esses sujeitos?

E durante essa investigação ele conclui que estes sujeitos, os grafiteiros, responsáveis pelas intervenções urbanas são ao mesmo tempo influenciados pela realidade urbana em que vivem, e essa intervenção é uma forma de questionamento, de resposta à essa realidade, bem como uma prova de territorialidade e existência. A partir deste momento o autor começa a trabalhar os conceitos geográficos como paisagem e território, analisando com criticidade as ações destes sujeitos.

O graffiti é visto como uma intervenção artística dotada de significados que expressam a experiência urbana, capaz de exercer influência sobre o cotidiano de muitos transeuntes da cidade. Por esta capacidade de influenciar que o Graffiti busca espaços da cidade com grande visibilidade tanto de pedestres, motoristas ou passageiros a fim de promover uma reflexão que não é repassada nos grandes canais de comunicação.

Adentrando na ideia da Visibilidade que o autor passa para o segundo tópico do capítulo 2, caracterizando a visibilidade como um recurso fundamental na relação do graffiti com a paisagem urbana, principalmente para os sujeitos que vivenciam a cidade cotidianamente, trazendo a ideia de espaço vivido.
A visibilidade da paisagem é um recurso de comunicação de tamanha importância que desperta o interesse de diferentes setores, bem como publicitários, artistas, políticos, vândalos, entre outros. Todos em busca do poder de influencia que a paisagem possui, criando-se assim a Polifonia, como afirma o autor, trata-se da disputa de interesses distintos, ou mesmo antagônicos, pela visibilidade.

Um exemplo do poder de visibilidade do Graffiti ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 2008 quando a prefeitura através da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) pintou muros e pilares dos viadutos no centro da cidade, escondendo todas as obras de arte ali expressa, demonstrando uma incongruência ideológica entre a prefeitura e os grafiteiros.

Terminamos o debate do texto no terceiro tópico que fala sobre a percepção da paisagem urbana, que trabalhamos durante toda a leitura do texto, facilitando assim uma boa compreensão da parte final.
O autor exemplifica o papel da memória quanto aos “flash’s” que o Graffiti proporciona durante as rápidas viagens pela cidade, e que mesmo que por uma fração de segundos a imagem vista passa a ser processada durante todo o dia na mente dos sujeitos que observam a paisagem.

A paisagem pode ser observada de diferentes maneiras, de acordo com o olhar de cada pessoa, como exemplo a visão do Geografo e do grafiteiro para com a mesma paisagem, mas que ambos buscam características diferentes, enquanto um busca analisar as expressões políticas, o outro por vezes busca reconhecer os sujeitos por trás dessas ações.

E por fim o autor conclui com a afirmação de que “... o graffiti imprime na paisagem suas marcas, o que permite a representação da territorialidade dos grafiteiros (bem como de outros sujeitos) pela construção material e simbólica de imagens.”.



Por: Yago Oliveira dos Anjos - Bolsista do grupo PETGEO-UFRRJ/IM


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