quarta-feira, 13 de maio de 2015

PET -Debates: O Geográfo na luta pela cidade como direito. - Arlete Moysés.

No dia 29 de abril de 2015, o grupo PETGEO\UFRRJ-IM realizou a leitura e debate sobre o texto “O Geógrafo na luta pela cidade como direito”, da Professora livre-docência  Arlete Moysés Rodrigues da Unicamp. 
            A autora em seu artigo apresenta elementos sobre algumas noções e características que estão presentes na cidade, numa pespectiva contempôranea, tanto nas formas em que o capital se expande no urbano como nos embates\conflitos que são travados em prol do direito coletivo. A luta pela cidade se dá segundo a autora pela a produção coletiva da cidade que se deve ter e, o direito está relacionado à apropriação coletivo da cidade.
            O processo de urbanização originou-se do avanço do capitalismo, até a década de 70 do século XX havia uma relação direta entre ambos. A cidade tem sua força produtiva, e torna-se o lugar onde predomina a acumulação de capital, os excedentes de capitais aplicados atualmente no espaço urbano estão imbricados com o processo de financeirização da economia, que tem como resultado a luta de classes e aumenta as desigualdades entre os dominadores (em vista da retomada de sua hegemonia) e os dominados (em vista dos impactos profundos que sofrem com o processo).
             Rodrigues levanta vários questionamentos, sobre quem são os produtores da cidade e qual é a sua participação na produção da cidade:
“Quem edifica a cidade não é tido como agente produtor do urbano, A cidade é entendida como se fosse resultante apenas da ação de proprietários das terras, dos incorporadores imobiliários, da indústria, da indústria da construção civil, do Estado e do capital financeiro”. (2013, p. 6)  

   A todo momento, tanto na história como na sociedade, há à omissão dos construtores da cidade que se valem do valor de uso (valor necessário para suprir necessidades e estabelecer relações sociais e afetivas), em vista dos produtores do espaço desigual que se valem do valor de troca (valor de mercado, para obtenção de mais capital) que gera a fragmentação. O direito à cidade implica colocá-lá com uma ótica predominante do seu valor de uso para que todos possam usufruir da riqueza socialmente produzida, pois, ao invés de ver cada pedaço da cidade como valor de troca, devemos pensar em sua totalidade como valor de uso.
Para autora, o papel do geógrafo é de desvendar as formas pelas quais as ideologias dominantes oculta as contradições e conflitos, e considera o padrão de vida urbana como sinônimo de qualidade de vida e esconde a importância do espaço, das classes sociais, dos produtores reais e concretos da cidade. E que para avançar na análise e na práxis, é necessário pensar se dispomos de instrumentais adequados para: analisar, compreender e interagir, no atual momento, objetivando desvendar as contradições, os conflitos e os confrontos que ocorrem no espaço.
Ela também aborda pontos importante do Estatuto da cidade como a função social da cidade e da propriedade urbana, ressalta a  participação e a importância dos movimentos populares que lutam pelo o direito à cidade, como os que lutam pela a moradia na produção (tentativa de produção) de um espaço mais social e coletivo. Os movimentos que lutam pela cidade como direito querem ver predominar o valor de uso e, o direito a cidade é uma bandeira de luta e utopia. 
A cidade como mercadoria é perversa, pois, para vender se esconde a miséria, a pobreza, a falta de moradia adequada, de saneamento básico e de transportes coletivos de qualidade. A imagem da cidade esconde a realidade contraditória, e nos revela que os problemas das e nas cidades mostram o sucesso do modo de produção capitalista e não seu fracasso, efetua-se ao mesmo tempo a produção de riquezas para uns e da pobreza para a maioria. A cidade mercadoria aparece como o sujeito da história, projeta-se o que considera qualidades da mesma onde parece nada faltar e, parece ser autônoma até mesmo das relações do processo de produção, mas é abstração porque é dependente de fatores para sua produção e reprodução.
Rodrigues diz sobre as conferências e os conselhos das cidades que são conquistas dos movimentos populares urbanos que, ao longo de muitos anos, procuram colocar a cidade real na agenda pública, assim como foi obtido com a criação do Ministério das Cidades em 2003. E afirma ainda, que as conferências fortalecem as lutas urbanas contra as desigualdades e a segregação e os conselhos agem como o interlocutor das propostas aprovadas em plenárias, ampliando a representação.  
.  Por fim, ela ressalta a importância da participação dos geógrafos em todas as instâncias que dizem respeito à produção da cidade, pois, é necessário compreender a dinâmica da produção e reprodução do espaço e colocar em relevo o espaço que tem sido ocultado pela a ideia de desenvolvimento e de progresso que poderá ocorrer com o tempo. “Se compreendermos a importância do nosso objeto de estudo, poderemos, quem sabe, ajudar a mudar o mundo e depois, como disse Brecht, mudar o mundo mudado” (RODRIGUES, 2013, p. 19). 

 


Por: Flávia Souza - Discente Colaboradora "informal" do Grupo PETGEO-UFRRJ/IM

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