terça-feira, 20 de setembro de 2016
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
PET-DEBATES: Geografia do gênero: do (não) lugar de travestis e outros abjetos na cidade" - Pedro MacDowell
No dia 06 de setembro o Grupo PETGEO-UFRRJ/IM realizou a leitura e debate do texto "Geografia de gênero: do (não) lugar de travestis e outros abjetos na cidadade" de Pedro MacDowell, iniciando as leituras de Geografia de Gênero propostas para o mês de setembro.
O texto supracitado aborda a questão de gênero e usa como
estudo de caso a cidade de Brasília e algumas situações específicas.
O artigo, separado em três partes, começa abordando a
espacialidade dos corpos e a corporalidade dos espaços. O autor trata, por
exemplo, da diferenciação dos "corpos abjetos", que são dotados de um
tipo de vazio, nas palavras do autos: "são inteligíveis, não tem uma
existência legítima" (...) "são da ordem do "inóspito" e do
inabitável". Nessas primeiras discussões o autor fala da ressignificação
dos espaços pelos corpos e também da ressignificação dos corpos pelo espaço, em
um tipo de relação dialética. Para nós, o que insurge nesta parte é a relação
de empoderamento dos sujeitos em determinados recortes espaciais. Isso
significa que nossa leitura é pautada em relações de poder, onde o espaço se
transforma em território, segundo leituras passadas, como Souza (2004), por
exemplo.
Adiante, ainda nesse primeiro tópico, o autor fala da
diferenciação para corpos héteros, por exemplo, que ele chama de "corpos
que pesam (importam)", se baseando em Judith Butler (1993). Dentro da
análise, nessa perspectiva, o autor aborda, então, os corpos abjetos como
não-sujeitos, que situam-se em não-lugares. Dentro da discussão do grupo, na
reunião, pensamos as diferentes relações que existem, não só com relação a
gênero, mas de tudo que destoa do caráter patriarcal, heteronormativo,
eurocêntrico, etc. Essa discussão o autor expõe muito bem no texto, quando fala
de homens héteros que profanam palavras de ódio a travestis, mas que os
não-sujeitos co-existem nessas relações, caso o homem hétero seja negro, por
exemplo. Isso pautado dentro de uma discussão conceitual sociológica, para os
padrões da sociedade e dos sujeitos à cima dessa escala de poder. Assim,
segundo o autor, "o abjeto não está exclusivamente ligado ao gênero dos
corpos, mas a um lugar onde se cruzam muitos referentes que variam histórica e
espacialmente".
No tópico dois do seguinte texto, o mesmo aborda a relação
dos abjetos com o lugar, compreendendo a existência das especificidades, mas
não sendo esse seu objeto de estudo.(inclusive ele indica o autor: Benedetti (2005)
e Bento (2006) para tal discussão)
Assim, o autor assume os corpos abjetos, todos eles
(transexuais, travestis e transgêneros), como não-sujeitos perante a norma
matricial. Desta forma, segundo o autor, não há uma diferenciação pelo senso
comum destes (não)sujeitos. Onde a presença desses sujeitos em lugares públicos
durante o dia possivelmente irá gerar reações contrarias, enquanto à noite
teriam outras perspectivas para os sujeitos, sendo durante esse horário lugares de encontro e sociabilidade e aos
olhos da sociedade hegemônica como lugar "impuro" associando
múltiplos significados ao espaço. Essa
ideia também pode ser aprofundada com o conceito de territórios cíclicos (SOUZA
1995).
Por fim, a obra de Pedro Lemos MacDoWell nos
promove compreensão de como a relação corpo e espaço pode nos revelar situações
diversas dentro da sociedade. Essa relação é dialética, como afirma Lefvebre
(apud Soja, 1993, 102), "O espaço político e ideológico é permeado pela
mesma gramática que constitui os corpos; os espaços são (res)significados pelos
corpos que os habitam, e os corpos são (res)significados pelos espaços em que
habitam". Podemos compreender, com base em MacDoWell que os corpos
carregam valores dentro da sociedade, sendo a mesma estruturada por uma matriz
patriarcal, heteronormativa a qual constitui as ideias de corpos válidos e
corpos abjetos, onde os corpos abjetos seriam
todos aqueles a qual se diferem dessa matriz. Podemos compreender com a
obra o (não)lugar do corpo das travestis em Brasília, onde o autor nos mostra o
discurso a qual os corpos desses sujeitos carregam, suas espacialidades, suas
corporalidades perante os espaços e as dificuldades enfrentadas cotidianamente
nas suas existências. Os corpo travestis perante a sociedade transgridem e por
ela são renegados, porém mesmo que não "permitidos", esses corpos
(r)existem.
Por: Grupo PETGEO-UFRRJ/IM
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Resultado da seleção dos novos petianos realizada no dia 02 de agosto de 2016:
Todos os candidatos estão aprovados
1 - Thayná de Oliveira Cagnin Maia (Aprovada como bolsista)
2 - Júlia Ananda de Oliveira Canoza (Colaboradora)
3 - Fernanda Santos de Lima (Colaboradora)
4 - Francine da Silva Santos (Colaboradora)
5 - André Luiz Bezerra Tavares (Colaborador)
6 - Tales Gaspar de Mattos (Colaborador)
7 - Queila Romualdo da Silva (Colaboradora)
8 - Leonardo Aragão Sousa (Participação voluntária)
9 - Tainá Gomes de Araujo (Participação Voluntária)
sexta-feira, 29 de julho de 2016
quarta-feira, 27 de julho de 2016
Comunicado:
Em função da decretação de feriado municipal no próximo dia 03 de agosto pela Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu, por virtude da passagem da tocha olímpica pela cidade, estamos suspendendo as aulas previstas para esse dia, bem como as atividades administrativas do IM-UFRRJ.
SENDO ASSIM, AS ENTREVISTAS DO PROCESSO DE SELEÇÃO DE DISCENTES PARA O GRUPO PET-GEO/IM UFRRJ OCORRERÃO NO DIA 02/08, TERÇA-FEIRA NO HORÁRIO ENTRE 13h E 16h.
Grupo PET-GEOGRAFIA/IM
terça-feira, 12 de julho de 2016
SELEÇÃO PARA NOVOS PETIANOS 2016
EDITAL DE SELEÇÃO PARA NOVOS PETIANOS (BOLSISTA E COLABORARES)
Outras informações disponíveis em
< http://r1.ufrrj.br/graduacao/paginas/home.php?id=PET >
Ficha de inscrição disponível em
< https://www.facebook.com/groups/1581958752130770/1651979238462054/ >
Proposta do PETGEO disponível em
< https://www.facebook.com/groups/1581958752130770/1651978845128760/ >
Edital de seleção 2016 disponível em
< https://www.facebook.com/groups/1581958752130770/1651977371795574/ >
Cronograma
Etapas da seleção
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Datas/prazos e locais
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Inscrição
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De 08 a 29 de julho de 2016 – no horário das 10h às 12h e das 14h às 16h,
na sala 209 Bloco Administrativo - Secretaria da Coordenação do Curso de
Geografia / Departamento de Geografia DEGEO – Instituto Multidisciplinar da
UFRRJ, situado na Av. Governador Roberto Silveira s/n – CEP: 26020-740 –
Centro - Nova Iguaçu – Rio de Janeiro.
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Verificação e análise dos documentos
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01 de agosto de 2016
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Entrevista
(remarcada em função do feriado municipal) |
02 de agosto de 2016 – no horário das 13h às 16h – sala 205 do Bloco
Administrativo do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ
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Divulgação do Resultado
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02 de agosto de 2016 às 18h – Mural da Secretaria da Coordenação de
Geografia próximo à sala 209 do Bloco Administrativo do Instituto Multidisciplinar
e no blog do PET-GEO:
http://geo-pet.blogspot.com.br
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Assinatura do Termo de Compromisso e Início
das atividades no grupo
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04 de agosto de 2016, às 12h na sala 205 – Bloco Administrativo – Instituto
Multidisciplinar – UFRRJ.
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< http://r1.ufrrj.br/graduacao/paginas/home.php?id=PET >
Ficha de inscrição disponível em
< https://www.facebook.com/groups/1581958752130770/1651979238462054/ >
Proposta do PETGEO disponível em
< https://www.facebook.com/groups/1581958752130770/1651978845128760/ >
Edital de seleção 2016 disponível em
< https://www.facebook.com/groups/1581958752130770/1651977371795574/ >
segunda-feira, 9 de maio de 2016
PETGEO na ocupação Vito Giannotti

No dia 07 de maio de 2016 o PET Geografia – IM/UFRRJ visitou a ocupação Vito Giannotti, localizada no Morro do Pinto, parte central da cidade do Rio de Janeiro, espaço demarcado para grandes empreendimentos imobiliários desde que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede das Olimpíadas de 2016, o que torna o custo de vida cada vez mais alto e impede a permanência dos mais pobres no lugar, os expulsando para as bordas da cidade.
A ocupação se iniciou em janeiro deste ano, quando alguns movimentos sociais ocuparam o prédio na Zona Portuária do Rio de Janeiro, abandonado há mais de 10 anos, reivindicando o direito à moradia e a necessidade da garantia de sua função social. O local abriga 14 famílias, sendo algumas delas remanescentes de outras ocupações do centro do Rio de Janeiro, como do Quilombo da Gamboa, um projeto o qual já conhecíamos e buscamos nos aproximar cada dia mais, que infelizmente teve seu galpão interditado por conta das fortes chuvas do mês de março.
Nossa ideia ao visitar a ocupação foi realizar uma oficina com as crianças a partir da série Nana e Nilo, que trata diversos temas importantes, como a preservação do meio ambiente, o compartilhamento de experiências com outras crianças e o respeito ao legado cultural deixado pelos seus ancestrais africanos. Houve exibição de clipes sobre alguns aspectos culturais com forte influência africana, como o jongo e a leitura de histórias das aventuras de Nana e Nilo.
“Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!”
A resposta das crianças foi extremamente positiva e mostra o quanto a Universidade deve estar próxima dos movimentos sociais e das possibilidades de troca e aprendizado com os mesmos, ao nos fazer refletir sobre a necessidade de discutir as opressões cotidianas, como a étnico-racial e de gênero, além do apoio incondicional à luta pela moradia.
Por: Felipe Rodrigues - bolsista do grupo PETGEO-IM/UFRRJ.
PET - Debates: Território usado e humanismo concreto: o mercado socialmente necessário - Ana Clara Torres
No dia 3 de maio de 2016, o PET de Geografia da UFRRJ-IM realizou mais uma leitura de texto com o intuito em aprofundar questões e explorar discussões que abrangem todas as pesquisas em fase de andamento para o próximo livro do grupo. No relato que será aqui apresentado está ressaltado as contribuições teóricas do texto indicado e apresentado pelo o grupo que pesquisa as feiras livres do município de Queimados-RJ.
O texto aborda importantes contribuições para pensar as ações, táticas e estratégicas realizadas no território, refletindo sobre o cotidiano urbano, sobre diferentes formas de usualidade (valor de uso) e\ou mercantilidade (valor de troca) do espaço citadino pelos diferentes agentes que o produzem. Em suma, o texto se debruça na compreensão e na elucidação: da ontologia (ciência do ser; estudo sobre a existência e realidade) do território, do sujeito corporificado e no mercado socialmente necessário.
A cerca da ontologia do território, a partir do entendimento analítico de Santos (1999); Santos e Silveira (2001) se faz necessário refletir politicamente na centralidade do território e nas interações do mesmo com os agentes, analisando as relações de favorecimento ou negação das ações dos sujeitos - “A ontologia do território, em diálogo com a problemática do cotidiano e do senso comum, alimenta a valorização concreta do diverso e do múltiplo e, assim, apoia a reflexão de exigências éticas relacionadas ao Outro” (p. 12461).
No humanismo concreto (SANTOS, 1987), o território é compreendido da dualidade dos vivos e mortos, “os mortos, ou trabalho morto, impõem as regras do território normado, ao mesmo tempo em que oferecem, aos vivos, a interlocução necessária à realização dos seus desígnios” (ibidem) em uma interação que numa outra fase é tido como usado e praticado que inteira as experiências dos que lutam para sobreviver nos ambientes hostis e antagônicos - “O Homem e o humanismo são confrontados, no presente, pelo “homem lento”, que atrai, de maneira irreversível, a defesa da cidadania e da democracia social em direção ao cotidiano e aos lugares do Outro” (p. 12463); reforçando que o território está posto em uma categoria mediadora que permeia o presente e o passado e que é indispensável para o entendimento do futuro e emerge entre gerações e conjunturas.
É a partir desta relação que a densidade territorial Do “homem lento” (SANTOS, 1994) desvenda os recursos indispensáveis à vida e proporciona o entendimento e sinais de renovação, que segundo Ana Clara se dá de setes formas\momentos\modos:
I) No olhar o território para além dos limites da condição material do Estado e na compreensão do mesmo como a que é expressiva a vida das relações mais próximas de nação do que do próprio Estado;
II) Uma leitura de nação que possibilite o reconhecimento de territorialidades e as multiplicidades das formas de apropriação do território pelas táticas e cultura ordinária (CERTAU, 1998) ;
III) Leitura orientada no território pelas lutas de apropriação onde surge o rico universo de relações que se originam nos confrontos dos códigos de conduta (Legalidade X Ilegalidade; Público X Privado);
IV) Na densidade de vida social, apreendida através de lutas de apropriação, conduzindo à reflexão do território pautada na clareza da mediação como linguagem , ou seja, como cultura, a partir da assimilação da natureza do território como mediador das lutas por apropriação que passar a ser lidas como confrontos entre representações sociais, universos simbólicos, valores e diferentes formas de interpretação das condições materiais de vida.
V) Na articulação contínua e tensa entre materialidade e imaterialidade, entre objetividade e subjetividade, obrigando os estudos sobre o território à superação do Uno que sustenta a concepção predominante do humanismo que vê o homem como meta do evolucionismo;
VI) A indissolubilidade espaço-tempo exigindo o entendimento do território (territorialidades) envolvendo o cotidiano. Pois, é na espaço-temporalidade do cotidiano que a natureza prática do senso comum adquire a potência das territorialidades resistentes, transformando o acaso − valorizado pelos pós-modernos − em projeto realizado e, ainda mais, em tecido social;
VII) Enfatização da técnica e tecnicidade na origem da experiência da escassez, pois são os que experimentam a escassez que precisam desvendar as múltiplas ações possíveis permitidas pelo espaço herdado e costurar projetos num tecido social esgarçado e precário.
O sujeito corporificado, segundo Ana Clara (p.12464) será o sujeito inimaginável, pois está sem a sua corporificação de direitos, isto é, sem a experiência vivida de direitos; e ainda afirma que a corporificação de direitos exige, no mesmo movimento, a apropriação socialmente justa do espaço herdado, dependente da ação coletiva, e a subjetivação de direitos, que sustenta a afirmação de sujeitos plenos. Pois, a última versão do capitalismo, aceita e considera os que podem consumir, onde isso se traduzirá: em maneiras de circulação seletiva; amplifica a mancha urbana; privatização dos serviços que deveriam\devem ser de responsabilidade do Estado; aumento das barreiras que impossibilita o direito do ir e vir; no apropria-se de tecnologias da informação para o controle social, e não como instrumento de libertação dos menos desfavorecidos (podendo ser até por via educacional).
Segundo a autora a posição do atraso é um instrumento legitimador de práticas de exclusão, onde o Outro surge como o não-Outro, da mesma forma que o seu campo de atuação limita-se a ser um não-lugar que foi construído pela espaço-temporalidade de anônimos e deserdados. A co-presença dos tidos e ditos por deserdados e anônimos (RIBEIRO E LOURENÇO, 2001), se impõe com força nos espaços que historicamente concentraram investimentos públicos e privados nas metrópoles e em suas centralidades, “a sagacidade dos “homens lentos” e a praticidade do senso comum conduzem, em grande parte, à permanência nestas espacialidades” (p. 12462; grifo nosso).
[...] anônimos e deserdados partilham o espaço banal e, assim, o espaço herdado, lutando por permanecer nos insterstícios da riqueza e impondo a co-presença àqueles que buscam selecionar o Outro admissível ao convívio social. O Outro admitido, pelo pensamento dominante, resume-se aos que podem ser classificados segundo critérios estabelecidos por agentes que, em número crescente, buscam administrar o cotidiano. (p. 12461)
Com a privatização dos direitos sociais básicos, a naturalização da escassez e da carência impõe o corpo reduzido a objeto, negando a força que subjaz às tentativas de complementariedade do “homem lento” com a ação dos dominantes, levando a inclusão procurada a resumir-se à uma identidade de legítimo praticante do espaço, que possibilita a sobrevivência em áreas degradadas da cidade moderna. Ana clara nos afirma (p. 12465) que a ação tratada no ângulo da ontologia do território traz à reflexão a tecnicidade da existência e é esta ação que articula, pela experiência social acumulada no território, sistemas de objetos com diferentes idades, reduzindo a abstração característica do pensamento dominante, que envolve, atualmente, a metamorfose informacional da moeda, do crédito, da produção, dos serviços (aqueles que deveriam ser ofertados pelo Estado), do comércio e, até mesmo, do consumo.
Para que estes direitos sejam garantidos ao ente mercado, subordina-se o país ao olhar externo, abstrato, e abandona-se o planejamento do território, que poderia permitir a real corporificação de direitos por todos. É frente a estas conquistas do ente mercado, e a suas características intrínsicas, que torna-se indispensável criar um outro ator, que denominamos de mercado socialmente necessário (RIBEIRO, 2004).
O mercado socialmente necessário têm como memória e projeto possuir raízes ancestrais, ainda anteriores àquelas que alimentam a concepção hegemônica de mercado, pensado de baixo para cima os agentes, corporificado e territorializado, corresponde ao circuito inferior da economia urbana (SANTOS, 1979). Este agente também corresponde às formas sociais sobreviventes de constantes modernizações e às suas formas mais recentes que tiveram historicamente a capacidade de interagir com as práticas ancestrais, como produções e comércios em que a negociação predomina sobre a conquista e a destruição do Outro - o mercado que é socialmente necessário é submetido à trocas solidárias e realmente inteligentes, pode vir favorecer o conhecimento do Outro, valorizando a sua humanidade e igualdade entre todos e o seu direito a reivindicar direitos a partir de sua diferença.
O ator aqui proposto − que também se alimenta da reflexividade contemporanêa e, logo, do pensamento estratégico − já existe em embrião, como exemplificam: as lutas dos vendedores ambulantes (camelôs) nos centros das principais cidades brasileiras, as redes de troca de tantas experiências latino-americanas, os projetos de desenvolvimento local (RIBEIRO, 2004a) e os experimentos da economia solidária. (p.12468)
As características que correspondem à intensificação das disputas pelos territórios e corpos/mentes, tem sido instrumentalizada pelas ciências sociais aplicadas pela absorção das artes na administração técnico-científica da concepção hegemônica de mercado. Com base na reflexão do texto é possível afirmar que ocorre uma crescente penetração das regras empresariais na ação do Estado, que são expressas nos modelos visam a eficácia da gestão ao invés da justiça social, e é no ordenamento entre a economia e os aparelhos do governo que nota-se a penetração de sentidos da política no âmago do fazer econômico.
Por: Flávia da Silva Souza - bolsista do grupo PETGEO-IM/UFRRJ.
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RIBEIRO, Ana Clara Torres. Território usado e humanismo concreto: o mercado socialmente necessário. In: Encontro de geógrafos da América Latina, X., 2005, São Paulo. Anais… São Paulo. ?. 2005. p. 12.458 - 12.470.
PET - Debates: Apropriações do espaço público: alguns conceitos - Eneida Mendonça
No dia 02 de maio de 2016 o grupo PETGEO-IM/UFRRJ debateu o texto "apropriações do espaço público: alguns conceitos" da Eneida Maria Souza Mendonça com a apresentação guiada pelo subgrupo das "bikes", a fim de favorecer o desenvolvimento do novo projeto literário do grupo PETGEO.
Considerações preliminares
Neste artigo, Mendonça (2007) busca analisar os usos de espaços públicos a partir de três localidades: a praça, a rua e o parque. Essas análise ocorre na relação entre o espaço público na cidade com o meio urbano e sua morfologia e apropriações, pois essas são configuradas em aspectos físicos e/ou naturais construídos que podemos entender como a forma ou a imagem de um lugar em sua representação, pois as formas resultam dos fatores e interesses sócio- econômicos.
Para a autora, a apropriação acontece de modo coletivo ou individual, atrelado ao campo das possibilidades, pois utilizando (SANTOS e VOGEL, 1985) atribui as apropriações dos espaços públicos a função de “mecanismos de defesa e superação da população aos modelos urbanísticos impostos pelos planejadores”. Diante das diferentes formas de apropriação e da dominação que busca suprimir a utilização dos espaços públicos, há a necessidade de se mapear as apropriações alternativas do espaço público (coletivo ou individual), sem que para a prática não haja infraestrutura específica.
Espaços públicos formalmente constituídos- a rua,
a praça e parquePara entendermos a dinâmica desses espaços públicos citados pela autora, se fez necessário conceituar cada um deles (a rua, a praça e o parque). Para alguns autores a rua pode ser entendida como definidor de um território, promotor de traçado como algo permanente, hierarquização dos espaços a partir da capacidade de fluxos, organizador da forma urbana e um acidente de traçado.
Para fundamentar as falas em torno da utilização da rua, é utilizado o exemplo dado por Santos e Vogel (1985) ao utilizar o bairro do Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro, para elucidar “a rua como uma extensão da casa para diversas comunidades, observadas e vivenciadas por meio de atividades cotidianas, como as brincadeiras infantis e encontros de vizinhos, ou sazonais como as festas”.
A praça como espaço público de uso volátil é pensada para a estrutura urbana do qual (LAMAS, s/d, p.102) apresenta a praça como “lugar intencional do encontro, da permanência, dos acontecimentos, de práticas sociais, de manifestações de vida urbana e comunitária e de prestígio, e, consequentemente, de funções estruturantes e arquiteturas significativas” ou como buscam apontar Carneiro e Mesquita (2000) pois para as autoras as praças “são espaços livres públicos, com função de convívio social, inseridos na malha urbana como elemento organizador da circulação e de amenização pública, com área equivalente à da quadra, geralmente contendo expressiva cobertura vegetal, mobiliário lúdico, canteiros e bancos”, com isso apontando a definição formal e estrutural da praça a partir de elementos configuradores.
O parque para Lamas (s/d), pode ser conceituado como “estruturas verdes, com vegetação abundante, mesmo em forma de canteiro ou jardim” ou como um todo constituído de espaço verde. A autora entende o parque como um diferencial na estrutura urbana principalmente pelo aspecto arborizado ou como a fusão entre os elementos construídos e os naturais, irão atribuir os mesmos valores culturais e estéticos, configurando a paisagem como elemento estético. Ao final, busca indicar que as possibilidades de recreação surge a partir da inventividade e da criatividade.
Espaços públicos sob diversos olhares conceituais
A análise acerca do espaço público é realizado a partir da visão sobre a dicotomia público- privado, pois segundo Hertzberger (1999) esta se configura a partir da acessibilidade, forma de uso e população usuária, configurando o consumo do espaço em algumas lógicas.
O entendimento do público e privado em um olhar espacializado permite a realização, como aponta Da Matta (1997) de “estudos antropológicos entre a casa e a rua a partir da relação e complementação”, no diálogo entre o público e privado.
Fundamentando o uso do espaço público na contemporaneidade da globalização, utiliza Santos (1985) e sua ideia dos fixos e dos fluxos para a análise da dinâmica sócio-espacial do espaço público, pois a “aceleração da circulação dos bens e de pessoas no período técnico- científico” e nesta lógica a intervenção das empresas transnacionais. Assim, a infraestrutura implantada pelo Estado (fixos) criam os fluxos e também há o comprometimento do espaço público frente à informática que desfragmenta a presença física nesses espaços, ampliando a presença na rede informacional ampliada (vide aplicativos de comunicação por celular), em contraposição, Carlos(2001) coloca que “o espaço urbano e/ou público é parte da vida cotidiana na metrópole”.
Espaços públicos- mudanças e permanências de papéis
O panorama é feito, à priori, a partir das mudanças ocorridas no ambiente europeu no século XIX com o intuito de “melhoramento” e embelezamento, sendo as praças, parques e boulevard. Como resultado, ocorre a apropriação dessas localidades “renovadas” pela elite em troca da classes populares que ali habitavam anteriormente. Há também o afastamento desses espaços via cerceamento da apropriação dos espaços públicos através da difusão do medo, associado à violência urbana nos grandes centros urbanos, mas devido à capacidade de difusão de informação, atinge as médias e pequenas cidades. Como resultado deste processo a diversão e o entretenimento são realizados em lugares fechados e com controle de acesso, visando garantir a segurança. Seguindo esta análise, utiliza Caldeira (2000) e seus conceito de enclave fortificado e a mudança social dos espaços públicos, pois os enclaves fortificados “espaços privatizados, fechados e monitorados, destinados a residência, lazer, trabalho e consumo”. Para entendermos o espaço público, Mendonça (2007) aponta que o tripé do espaço público é formado pela conjuntura da heterogeneidade, acessibilidade (universalização) e igualdade, mas Caldeira (2000) aponta que “o novo meio urbano reforça e valoriza desigualdades e separações e é, portanto, um espaço público não democrático e não moderno”, assim como a aparente contradição existente na necessidade de espaços públicos, porém reforçando o uso privado, como o exemplo dos parque que são gradeados e possibilitam o acesso apenas em determinados horários, em volto do discurso da violência, difundindo o “espaço público virtual” das redes sociais.
Espaços públicos e seu planejamento- considerações finais.
Buscando elucidar a participação do Estado Arantes (1998) sobre a participação do poder público na construção da segregação, pois “a requalificação de espaços urbanos micro dimensionais desarticulada, portanto de uma programação e um planejamento mais amplos” e nessa perspectiva o desenvolvimento obtido é o econômico. Em contraponto ao desenvolvimento econômico por si só, Souza (2002) aponta que o desenvolvimento necessário é o desenvolvimento sócio-espacial por que mira a justiça social e espacial como mecanismo para a qualidade de vida da qual também será adquirida a partir das práticas vindas da autonomia dos sujeitos.
Por: Djalma Navarro - Bolsista do Grupo PETGEO-IM/UFRRJ.
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segunda-feira, 2 de maio de 2016
PET - Debates: Identidades territoriais: Entre a multiterritorialização e a reclusão territorial - Rogério Haesbaert
No dia 12 de
abril de 2016 o grupo o PETGEO /UFRRJ-IM debateu o texto Identidades territoriais: Entre a multiterritorialização e a reclusão
territorial (ou: do hibridismo cultural à essencialização das
identidades) do Rogério Haesbaert, sendo
liderado pelo subgrupo da “praça”,que está desenvolvendo um capítulo sobre o
uso da praça,para o novo projeto literário do PETGEO /UFRRJ-IM. O subgrupo é composto pelo petianos:
Andréia Ribeiro, Alessandra Ramos, Beatriz Maravalhas, Felipe Rodrigues, Maiara
Lobato, Willian Rocha.
O texto
começa com uma citação de Lévi-Strauss falando
sobre a crise de identidade e que não devemos olhar somente os aspectos subjetivos
dessa crise e sim nos ater as condições objetivas que ela expressa. Daí a importância de obtermos
também uma abordagem geográfica da identidade, pelo viés das identidades
territoriais.
O intuito do
texto é debater a questão das identidades à partir da dimensão territorial,
tanto no que se refere ao caráter múltiplo, híbrido e flexível dos territórios
e das identidades quanto às manifestações territoriais.
O texto
aborda a crise da identidade territorial e da nacionalização da identidade cultural
que o autor define como "processo pelo qual as identidades móveis e
parcelas dos diferentes grupos sociais são territorializadas e
temporalizadas no espaço-tempo nacional.
As identidades se expressam hoje, na prática através de uma espécie de continuum que vai
desde as identidades mais abertas e híbridas até as mais rígidas e (re)essencializadas.
Paralelamente na construção identitária temos o território, no sentido mais múltiplo e aberto da
"multiterritorialização" em
curso, como também a acepção mais fechada
dos processos que propomos denominas de "reclusão territorial",
muitas vezes concomitantemente articulados.
A
partir daí, podemos dizer, que esses processos estão ligados a uma ideia geral
referido as construções identitárias, pois na medida em que vivenciamos
juntamente, a tensão entre a construção de um sentido mais estável de
identidade e a busca por crescente independência e
liberdade.
A grande questão seria como cada grupo resolve
essa tensão, ora apelando para o pólo da liberdade
e da independência, através de identidades múltiplas, híbridas, sempre abertas
e negociáveis, ora privilegiando o pólo da
estabilidade, da fixação e do fechamento em identidades unas,
"naturais" e essencializadas. Nosso espaço-tempo
se move hoje claramente num ir-e-vir entre estes dois pólos.
Haesbaert propõe a
visão de que os espaços e os territórios são compostos por diferentes histórias
e produzidos pelos sujeitos que o compõem. Há a presença da ideia de que a multiterritorialidade produz
reações diversas nos territórios os quais são modificados pelas pessoas, muitas
vezes há a perda da condição humanitária da hibridização cultural, produzindo a
xenofobia e a intenção de rechaçar a circulação das pessoas por novos
territórios, o que provoca uma chamada reclusão territorial.
Por: Maiara Lobato - Bolsista do Grupo PETGEO-IM/UFRRJ.
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domingo, 1 de maio de 2016
PET - Debates: Fazer com: Usos e Táticas - Michel de Certeau
No dia 06 de abril de 2016 o Grupo PETGEO/UFRRJ-IM debateu o capítulo "Fazer com: Usos e Táticas" do Michel de Certeau, sendo liderado pelo subgrupo das "Trilhas", que está desenvolvendo o capítulo "Partiu Cachu? Um olhar sobre as táticas de lazer no Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, RJ" para o novo projeto literário do PETGEO/UFRRJ-IM. O subgrupo é composto pelos petianos: Gabriel Martins, Henderson Neiva, Marcus Aguiar e Yago Anjos.
As diferenças que o texto
destaca a respeito do comportamento do sujeito, segundo o lugar que estiver
presente, se referem às “modalidades da ação e às formalidades das práticas.”
Essas diferenças podem “atravessar as fronteiras que permitem as classificações
de trabalho ou de lazer.” (pág 92)
A partir do momento em que
essas fronteiras são atravessadas, “essas táticas não obedecem à lei do lugar.
Não se definem por este.” (pág 92) Para diferenciarmos estratégias e táticas
basta sabermos os “tipos de operações”. Essas operações “podem distinguir as
maneiras de fazer”. Enquanto um campo pode regular uma maneira de fazer, esse
estilo de ação pode “tirar partido dele, que obedece a outras regras e
constitui um segundo nível imbricado no primeiro” Como no exemplo dado no
texto, “o magrebino que mora em Paris ou Roubaix as insinua no sistema que lhe
é imposto na construção de um conjunto residencial popular ou no francês. Ele
os superimpõe e, por essa combinação, cria para si um espaço de jogo para
maneiras de utilizar a ordem imposta do lugar ou da língua. Sem sair do lugar
onde tem que viver e que lhe impõe uma lei, ele aí instaura pluralidade e
criatividade.”(pág 93)
Noutro momento, o autor
apresenta uma diferenciação dos conceitos de uso e consumo. Primeiramente,
usando a televisão como um exemplo de consumo, o autor explica o caráter
impositor do consumo. O sujeito não exprime autoria ou participação na criação
do produto que lhe é transmitido, diferentemente de uma criança que rabisca um
livro, que ao realizar seus traços sobre as páginas, atribui-se a si uma
autoria. (pág 94).
Por outro lado, salienta
que os usos podem depender do consumo, dando exemplos que abrangem desde usos
da língua (págs 96 e 97) e o uso subversivo aproveitado pelos indígenas às leis
e obrigações (com intenção de driblá-las) impostas pelos colonizadores espanhóis.
Posteriormente, o autor revela a característica de tática a esses usos que o
sujeito realiza, ao tentar preencher um novo caminho dentro de um sistema de
técnicas.
Neste momento, o autor
distingue as táticas das estratégias. “Chamo de estratégia cálculo (ou a
manipulação) das relações de forças que se torna possível a partir do momento
em que um sujeito de querer e poder (uma empresa, um exército, uma instituição
científica) pode ser isolado” (pág 99). A estratégia busca “distinguir de um
‘ambiente’ um ‘próprio’, isto é, o lugar do poder e do querer próprios”(pág
99). E logo após, explica “o ‘próprio’ permite capitalizar vantagens
conquistadas, preparar expansões futuras e obter assim para si uma
independência... É um domínio do tempo pela fundação de um lugar autônomo” (pág
99). Além disso, “é também um domínio dos lugares pela vista” e “um tipo
específico de saber, aquele que sustenta e determina o poder de conquistar para
si um lugar próprio” (pág 100). O poder, portanto, torna-se aspecto principal
da estratégia.
Já a tática se define pela
“ausência de um próprio”, ela se configura pela condição de astúcia realizada
internamente de uma estratégia (um poder/ uma norma imposta), condicionando
desse modo, uma força ao fraco (o não possuidor de poder estratégico). O autor
ainda acrescenta “ as estratégias apontam para a resistência que o
estabelecimento de um lugar oferece ao gasto de tempo; as táticas apontam para
uma hábil utilização do tempo, das ocasiões que apresenta e também dos jogos
que introduz nas fundações de um poder” (pág 102).
Marcus Vinicius C. Aguiar – Bolsista do grupo PET – GEO da
UFRRJ-IM.
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