Espaço e tempo nunca estiveram tão unidos
como agora, isso por causa do advento do Período Científico-Técnico. Agora,
para um estudo mais completo e antitautológico, faz-se necessário o estudo
simultâneo dos dois. “E a cidade, sobretudo a grande cidade, é o fenômeno mais
representativo dessa união.” (Pág. 81)
O
espaço é o resultado/produto do conjunto dos objetos e das ações. Mas esses
objetos estão se unindo com ações artificias, egoístas e segregadoras,
reproduzindo com isso, grandes fabulações. Isso porque esse espaço e tempo
comprimido não é um fato para todas as classes sociais. O tempo de um
empresário em seu escritório será bem diferente do tempo de um ambulante
(sobre)vivendo vendendo coisas na rua. “Nós sabemos que há apenas um relógio um
relógio mundial, mas não um tempo mundial.” (pág. 82)
“Na cidade, hoje, a “naturalidade” do
objeto técnico – uma mecânica repetitiva, um sistema de gestos sem surpresa -“ (pág.
83), naturalidade essa verticalizada, produz zonas luminosas, zonas onde todo o
foco e atenção serão direcionados, consequentemente, isso irá produzir zonas
opacas, áreas que serão tratadas sem importância, onde a cultura e a sociedade
serão esquecidas. Isso até os atores hegemônicos perceberam que uma zona opaca
pode dar lucro – caso do Porto Maravilha – a partir daí, zonas opacas começam a
ser afetadas por “flash”. O que repentinamente está mostrando não ser uma coisa
boa, pois a comunidade local sofre com as atitudes manipuladoras e egoístas de
certos atores de darem “luz”.
De maneira geral, poderíamos imaginar que
a velocidade é um grande fator para a “vitória”, e por isso, o grande
empresário está onde está, e que o “pobre, quase imóvel na grande cidade, seria
o fraco” (pág. 84). Mas Milton Santos nos dá outra perspectiva: “Creio, porém,
que na cidade, na grande cidade atual, tudo se dá ao contrário. A força é dos
“lentos” e não dos que detêm a velocidade [...]. Quem, na cidade, tem mobilidade
– e pode percorrê-la e esquadrinha-la – acaba por ver pouco da cidade e do
Mundo. Sua comunhão com as imagens, frequentemente pré-fabricadas, é a sua
perdição. Seu conforto, que não desejam perder, vem exatamente do convívio com
essas imagens. Os homens “lentos”, por seu turno, para quem essas imagens são
miragens, não podem, por muito tempo, estar em fase com esse imaginário
perverso e acabam descobrindo as fabulações.” (pág. 84)
E assim, concluímos que os “espaços
luminosos da metrópole, espaços da racionalidade, é que são, de fato, os
espaços opacos.”
Por: Gabriel Martins - Colaborador do grupo PetGeo/UFRRJ-IM.
Alguém tem o texto do Milton Santos em questão?
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