terça-feira, 7 de abril de 2015

PET -Debates: O Consumo do espaço - Ana Fani Alessandri Carlos

No dia 01 de Abril de 2015 o Grupo PetGeo/UFRRJ- IM realizou a leitura e debate sobre o texto '' O consumo do espaço'', de Ana Fani Alessandri Carlos, fortalecendo nossa compreensão sobre o assunto.
A autora começa o texto fazendo uma relação com a globalização e as mudanças comportamentais que irão legitimar de forma ideológica a mercantilização do espaço. Ela deixa explicito que essa nova mentalidade está baseada no uso da razão como principal discurso vigente, e que essa racionalidade vai influenciar no modo como as pessoas vão viver suas vidas e consequentimente como elas vão se relacionar com o espaço. Em uma escala global, a globalização vai gerar a mundialização do capital e com isso a ordenação e hierarquização do espaço mundial.

            A relação do consumo dos objetos vai ganhar uma nova lógica, consumiremos não mais o objeto por ele mesmo, mas sim pelo que ele representa dentro da lógica do mundo moderno. E com o espaço não será diferente, ao invés de usarmos o espaço entramos na lógica mercadológica de consumir por meio da ideia de espaço- mercadoria, como aponta a autora ao afirmar que “cada vez mais se compram e se vendem pedaços do espaço para a reprodução da vida.” (FANI, 1999, P.175), fazendo com que seu acesso seja regulado pelo mercado e não mais pelas relações cotidianas.  

            O espaço que se faz globalizado se fragmenta quando colocado como mercadoria, ele é apenas globalizado no sentido das estratégias que serão aplicadas no mesmo, nesse caso ele se hierarquiza na escala global e se fragmente na escala do uso. Nesse contexto, o uso fica pautada nos parâmetros da sociedade moderna e globalizada que organiza a cidade na ótica do urbano, criando novas aparências e estéticas de como as cidades devem ser. 

            Quando a autora vai dar exemplos da mercantilização do espaço na escala global, o turismo aparece como destaque na venda dos espaços. Ela nos alerta para a efervescência do mercado imobiliário, ao criar espaços estandardizados que atraiam os olhares e atenção do mundo para a visitação do local, mas que vai trazer uma desordem no cotidiano, pois vai se tornar um espaço acessível apenas para aqueles que podem consumir.

            Analisando na escala do lugar, a autora usa como ponto de partida o lazer na metrópole, justifica sua escolha pelo lazer ser “uma atividade que redefine singularidades espaciais e reorienta seu uso com novos modos de acesso.” (FANI, 1999, P. 181).  Ela vai falar que a necessidade de seguirmos a cultura do urbano faz com que se diminua cada vez mais os espaços públicos de socialização e o acesso ao mesmo, fazendo com que a estrutura das cidades destruam por meio da materialidade imposta os espaços de socialização. Ela vai falar que essas mudanças vão gerar
“modificações profundas na vida cotidiana. Pelas mudanças que são impostas aos trajetos, ao ritmo dos passos, as possibilidades do encontro e do acaso. Nesse processo se diluem ou se destroem os referenciais urbanos indispensáveis à manutenção da identidade entre o cidadão e a cidade. Cada vez mais marcados por uma relação espaço-temporal dominada pela mercadoria.”
(FANI, 1999, P.181-182).

A autora vai nos atentar, por fim, que o uso dos espaços guarda a dimensão da vida, que neles podemos entender como a sociedade ser organiza expressando seus hábitos e costumes no mesmo. Fani (1999, p.185) fala que o espaço foi produzido para que as pessoas vivam nele no contexto urbano, e afirma que ao mercantilizarmos o espaço as relações que se estabelecem nesse contexto se tornam fruto de um produtivismo que o transforma em apenas uma distancia a ser percorrida. Nessa lógica, a reprodução do espaço se evidencia pela troca e não mais pelo uso.
           



Por: Camila Marcondes - Bolsista do grupo PETGEO-UFRRJ/IM.




            

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