A
autora começa o texto fazendo uma relação com a globalização e as mudanças
comportamentais que irão legitimar de forma ideológica a mercantilização do
espaço. Ela deixa explicito que essa nova mentalidade está baseada no uso da
razão como principal discurso vigente, e que essa racionalidade vai influenciar
no modo como as pessoas vão viver suas vidas e consequentimente como elas vão
se relacionar com o espaço. Em uma escala global, a globalização vai gerar a
mundialização do capital e com isso a ordenação e hierarquização do espaço
mundial.
A relação do consumo dos objetos vai ganhar uma nova
lógica, consumiremos não mais o objeto por ele mesmo, mas sim pelo que ele
representa dentro da lógica do mundo moderno. E com o espaço não será
diferente, ao invés de usarmos o espaço entramos na lógica mercadológica de
consumir por meio da ideia de espaço- mercadoria, como aponta a autora ao
afirmar que “cada vez mais se compram e se vendem pedaços do espaço para a
reprodução da vida.” (FANI, 1999, P.175), fazendo com que seu acesso seja
regulado pelo mercado e não mais pelas relações cotidianas.
O espaço que se faz globalizado se fragmenta quando
colocado como mercadoria, ele é apenas globalizado no sentido das estratégias
que serão aplicadas no mesmo, nesse caso ele se hierarquiza na escala global e
se fragmente na escala do uso. Nesse contexto, o uso fica pautada nos
parâmetros da sociedade moderna e globalizada que organiza a cidade na ótica do
urbano, criando novas aparências e estéticas de como as cidades devem ser.
Quando a autora vai dar exemplos da mercantilização do
espaço na escala global, o turismo aparece como destaque na venda dos espaços.
Ela nos alerta para a efervescência do mercado imobiliário, ao criar espaços
estandardizados que atraiam os olhares e atenção do mundo para a visitação do
local, mas que vai trazer uma desordem no cotidiano, pois vai se tornar um
espaço acessível apenas para aqueles que podem consumir.
Analisando na escala do lugar, a autora usa como ponto de
partida o lazer na metrópole, justifica sua escolha pelo lazer ser “uma
atividade que redefine singularidades espaciais e reorienta seu uso com novos
modos de acesso.” (FANI, 1999, P. 181). Ela vai falar que a necessidade de seguirmos a
cultura do urbano faz com que se diminua cada vez mais os espaços públicos de
socialização e o acesso ao mesmo, fazendo com que a estrutura das cidades
destruam por meio da materialidade imposta os espaços de socialização. Ela vai
falar que essas mudanças vão gerar
“modificações profundas na vida
cotidiana. Pelas mudanças que são impostas aos trajetos, ao ritmo dos passos,
as possibilidades do encontro e do acaso. Nesse processo se diluem ou se
destroem os referenciais urbanos indispensáveis à manutenção da identidade
entre o cidadão e a cidade. Cada vez mais marcados por uma relação
espaço-temporal dominada pela mercadoria.”
(FANI, 1999, P.181-182).
A autora vai
nos atentar, por fim, que o uso dos espaços guarda a dimensão da vida, que neles
podemos entender como a sociedade ser organiza expressando seus hábitos e
costumes no mesmo. Fani (1999, p.185) fala que o espaço foi produzido para que
as pessoas vivam nele no contexto urbano, e afirma que ao mercantilizarmos o
espaço as relações que se estabelecem nesse contexto se tornam fruto de um
produtivismo que o transforma em apenas uma distancia a ser percorrida. Nessa
lógica, a reprodução do espaço se evidencia pela troca e não mais pelo uso.
Por: Camila Marcondes - Bolsista do grupo PETGEO-UFRRJ/IM.
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