No
dia 4 de março de 2018, o grupo Pet promoveu o debate do texto
“Racismo Ambiental: expropriação do território e negação da
cidadania” da autora Tania Pacheco. O grupo em suas reuniões tem
buscado realizar discussões com enfoques em diferentes eixos
temáticos, estes por sua vez, escolhidos pelos próprios
integrantes. O presente texto se insere no eixo sobre Racismo
ambiental. Por ser a primeira discussão referente a este tema,
buscamos colocar este texto introdutório a fim de sanar quaisquer
dúvidas sobre o que de fato o racismo ambiental busca retratar.
Inicialmente, a autora traz um conceito sobre o que ele é e como ele
se dá. Diz que:
Chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações mais vulneráveis.O Racismo Ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas, igualmente, através de ações que tenham impacto “racial”, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem. (…) O conceito de Racismo Ambiental nos desafia a ampliar nossas visões de mundo e a lutar por um novo paradigma civilizatório, por uma sociedade igualitária e justa, na qual democracia plena e cidadania ativa não sejam direitos de poucos privilegiados, independentemente de cor, origem e etnia (Pacheco, 2007, p.1).
A autora busca sobretudo ampliar a visão sobre o
tema, para ela, a discussão vai além de cor, origem e etnia, o
território exerce um papel significativo, pois o lugar onde uma dada
população está inserida vai determinar as ações que se darão
sobre ela, e essas ações terão total influência do atual modelo
de desenvolvimento que nossa sociedade está pautada. Afirma que a
maioria das denúncias sobre o racismo ambiental se dá fora dos
holofotes da mídia e longe dos centros urbanos. Vide alguns exemplos
de contaminação do solo por resíduos tóxicos:
No Amapá, o Conselho das Comunidades Afrodescendentes conseguiu vencer a luta contra os resíduos de manganês deixados pela ICOMI na Serra do Navio, após quase 30 anos de exploração do minério; na Bahia, habitantes de bairros negros ainda se vêem às voltas com crianças que nascem mortas ou inteiramente deformadas, em conseqüência da contaminação provocada pela Companhia Brasileira de Chumbo ao longo de décadas; no Ceará, os Jenipapo-Kanindé continuam sua luta contra a empresa Ypióca, que explora a água da sua sagrada Lagoa Encantada para alimentar seus 4.000 hectares de monocultura de cana e produzir cachaça e polui com vinhoto o lençol freático da reserva. Litoral abaixo, a carcinicultura expulsa povos indígenas, caiçaras, pescadores tradicionais e marisqueiras, destruindo manguezais e contaminando solo e trabalhadores com produtos tóxicos. (Pachedo, 2007, p. 2)
Em suma, a autora procurou demonstrar uma série de
exemplos sobre as injustiças que acontecem no campo, como a privação
do território, desmatamento e desertificação, e injustiças que
ocorrem no urbano como a falta de acesso a emprego, moradia, a saúde
e educação para aqueles localizados nas zonas periféricas. No
decorrer da discussão os componentes do grupo trouxeram diversos
exemplos de injustiças que ocorrem no lugar onde vivem, buscaram trabalhar o tema mediante suas experiências cotidianas. Vale
ressaltar, que a maioria dos integrantes são moradores da Baixada
Fluminense, e é difícil falar sobre racismo ambiental e não pensar
nos diversos problemas que a Baixada vem sofrendo há anos.
Link de acesso:
https://racismoambiental.net.br/textos-e-artigos/racismo-ambiental-expropriacao-do-territorio-e-negacao-da-cidadania-2/
Por: Francine Santos - Bolsista do grupo
PETGEO-IM/UFRRJ
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