quarta-feira, 11 de abril de 2018

PET-DEBATES: Racismo Ambiental: expropriação do território e negação da cidadania de Tania Pacheco.


No dia 4 de março de 2018, o grupo Pet promoveu o debate do texto “Racismo Ambiental: expropriação do território e negação da cidadania” da autora Tania Pacheco. O grupo em suas reuniões tem buscado realizar discussões com enfoques em diferentes eixos temáticos, estes por sua vez, escolhidos pelos próprios integrantes. O presente texto se insere no eixo sobre Racismo ambiental. Por ser a primeira discussão referente a este tema, buscamos colocar este texto introdutório a fim de sanar quaisquer dúvidas sobre o que de fato o racismo ambiental busca retratar. Inicialmente, a autora traz um conceito sobre o que ele é e como ele se dá. Diz que:
Chamamos de Racismo Ambiental às injustiças sociais e ambientais que recaem de forma implacável sobre etnias e populações mais vulneráveis.O Racismo Ambiental não se configura apenas através de ações que tenham uma intenção racista, mas, igualmente, através de ações que tenham impacto “racial”, não obstante a intenção que lhes tenha dado origem. (…) O conceito de Racismo Ambiental nos desafia a ampliar nossas visões de mundo e a lutar por um novo paradigma civilizatório, por uma sociedade igualitária e justa, na qual democracia plena e cidadania ativa não sejam direitos de poucos privilegiados, independentemente de cor, origem e etnia (Pacheco, 2007, p.1).
A autora busca sobretudo ampliar a visão sobre o tema, para ela, a discussão vai além de cor, origem e etnia, o território exerce um papel significativo, pois o lugar onde uma dada população está inserida vai determinar as ações que se darão sobre ela, e essas ações terão total influência do atual modelo de desenvolvimento que nossa sociedade está pautada. Afirma que a maioria das denúncias sobre o racismo ambiental se dá fora dos holofotes da mídia e longe dos centros urbanos. Vide alguns exemplos de contaminação do solo por resíduos tóxicos:
No Amapá, o Conselho das Comunidades Afrodescendentes conseguiu vencer a luta contra os resíduos de manganês deixados pela ICOMI na Serra do Navio, após quase 30 anos de exploração do minério; na Bahia, habitantes de bairros negros ainda se vêem às voltas com crianças que nascem mortas ou inteiramente deformadas, em conseqüência da contaminação provocada pela Companhia Brasileira de Chumbo ao longo de décadas; no Ceará, os Jenipapo-Kanindé continuam sua luta contra a empresa Ypióca, que explora a água da sua sagrada Lagoa Encantada para alimentar seus 4.000 hectares de monocultura de cana e produzir cachaça e polui com vinhoto o lençol freático da reserva. Litoral abaixo, a carcinicultura expulsa povos indígenas, caiçaras, pescadores tradicionais e marisqueiras, destruindo manguezais e contaminando solo e trabalhadores com produtos tóxicos. (Pachedo, 2007, p. 2)
Em suma, a autora procurou demonstrar uma série de exemplos sobre as injustiças que acontecem no campo, como a privação do território, desmatamento e desertificação, e injustiças que ocorrem no urbano como a falta de acesso a emprego, moradia, a saúde e educação para aqueles localizados nas zonas periféricas. No decorrer da discussão os componentes do grupo trouxeram diversos exemplos de injustiças que ocorrem no lugar onde vivem, buscaram trabalhar o tema mediante suas experiências cotidianas. Vale ressaltar, que a maioria dos integrantes são moradores da Baixada Fluminense, e é difícil falar sobre racismo ambiental e não pensar nos diversos problemas que a Baixada vem sofrendo há anos.    


Link de acesso: https://racismoambiental.net.br/textos-e-artigos/racismo-ambiental-expropriacao-do-territorio-e-negacao-da-cidadania-2/


Por: Francine Santos - Bolsista do grupo PETGEO-IM/UFRRJ


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