terça-feira, 5 de abril de 2016

CINEPET Especial - II Semana da Mulher - UFRRJ/IM

Relato CinePET – Semana da Mulher

Entre os dias 14 e 18 de março de 2016 ocorreu no Instituto Multidisciplinar da UFRRJ (Nova Iguaçu, RJ) a II Semana da Mulher, cujo objetivo foi de levantar debates sobre a mulher na sociedade atual, refletindo sobre todos os preconceitos machistas concebidos sobre as mulheres ao longo da história por diferentes culturas, que tem por fim causar uma inferioridade e fragilidade do feminino perante a sociedade. Assim, o evento buscou fazer a desconstrução destes estereótipos e preconceitos para as mais diversas mulheres (negras, brancas, pobres, ricas, homossexuais, heterossexuais...) através de palestras, rodas de conversa e manifestações artísticas.

Deste modo, o Programa de Educação Tutorial de Geografia (PET – GEO) realizou no dia 18 de março, integrado à programação do evento, mais uma edição do CinePET, exibindo o filme “As Sufragistas”, que retrata justamente a luta das mulheres na Inglaterra no século XIX pelo direito ao voto e a demonstração da indignação delas perante a sociedade machista e patriarcal a qual eram submetidas, sendo incorporadas nas piores condições trabalhistas, caracterizadas por cargas de trabalho exaustivas e com níveis de insalubridade altíssimos, deixando-as em completa vulnerabilidade social ao lado de homens que eram possuidores de muitos mais privilégios e vantagens cotidianamente pelo simples fato de serem homens.



Foto: Debate – Filme “As Sufragistas”
Fonte: Acerto do PET – GEO IM/UFRRJ (2016)

Após a exibição do filme, teve início o debate a partir das ideias propagadas pelo mesmo, e com isso, foram levantadas questões de como o machismo está impregnado de forma multifacetada na sociedade, desde o dia a dia da mulher, que recebe olhares e cantadas e acaba tendo o seu caráter (e o quão respeito merece receber) julgado pela roupa que está vestindo, até o “fazer ciência”, com a supervalorização de autores ao invés de autoras, e a prática da medicina, em especial, em relação aos procedimentos de obstetrícia, que subordinam as mulheres grávidas a cirurgias e a outros procedimentos invasivos de forma brutal e, em muitos casos, desnecessários, colocando tanto as mães como os filhos em risco, não proporcionando às grávidas o direito de escolher como querem parir os seus filhos; Além disso, também foi debatido sobre como o machismo pode se intensificar de acordo com quantos estereótipos determinada mulher carrega em sua vida como, por exemplo, a diferença de tratamento recebido a partir da sociedade entre uma mulher negra, pobre e moradora de favela e uma mulher branca que teve oportunidades de estudos e é pertencente à classe média alta.

Porém, o debate foi direcionado para além do conteúdo apresentado diretamente no filme, justamente pelo fato de que o mesmo é alvo de críticas por evidenciar apenas um aspecto da luta feminista, sendo este o que defende a luta da mulher europeia, branca e muitas vezes de classes média e alta. Isto ocorre pois dentro do próprio movimento sufragista britânico há outras correntes que são constituídas por mulheres em outros contextos sociais e econômicos, o que evidencia a segregação de classes dentro do movimento, ou seja, há a existência de diferentes vieses.

Assim, a luta das mulheres apresentada no filme não caracteriza um objetivo universal para as mulheres britânicas, pois aquelas que eram trabalhadoras da construção civil, das minas de carvão e membros do movimento operário não eram representadas em seus discursos, assim como as mulheres negras, o que justifica o fato de muitas mulheres negras atualmente não se sentirem representadas pelo movimento feminista como um todo e a partir daí buscarem as suas próprias reivindicações, pois a mulher negra carrega em si questões particulares que as mulheres brancas não possuem, como as heranças negativas da escravidão que perpetuou na difícil inserção e reconhecimento até mesmo como cidadã na sociedade. Por isso, o filme não demonstra a luta de forma democrática a todas as mulheres, mas sim para uma parcela, para um grupo social, devido à segregação racial e de classes na sociedade britânica e, consequentemente, diversas correntes nos movimentos sufragista e feminista.

Por fim, o CinePET foi de grande conexão com a pauta da II Semana da Mulher e de suma importância para o fomento de debates que envolvem o feminismo, a desconstrução de pensamentos machistas, racistas e homofóbicos, objetivando concretizar o empoderamento das mais diversas mulheres na sociedade.

Henderson Neiva
Graduando em Geografia do IM/UFRRJ
Bolsista do PET – GEO (MEC/SESu)

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