Relato CinePET – Semana
da Mulher
Entre os dias 14 e 18 de março de 2016
ocorreu no Instituto Multidisciplinar da UFRRJ (Nova Iguaçu, RJ) a II Semana da
Mulher, cujo objetivo foi de levantar debates sobre a mulher na sociedade
atual, refletindo sobre todos os preconceitos machistas concebidos sobre as
mulheres ao longo da história por diferentes culturas, que tem por fim causar
uma inferioridade e fragilidade do feminino perante a sociedade. Assim, o evento
buscou fazer a desconstrução destes estereótipos e preconceitos para as mais
diversas mulheres (negras, brancas, pobres, ricas, homossexuais,
heterossexuais...) através de palestras, rodas de conversa e manifestações
artísticas.
Deste modo, o Programa de Educação
Tutorial de Geografia (PET – GEO) realizou no dia 18 de março, integrado à
programação do evento, mais uma edição do CinePET, exibindo o filme “As
Sufragistas”, que retrata justamente a luta das mulheres na Inglaterra no século
XIX pelo direito ao voto e a demonstração da indignação delas perante a
sociedade machista e patriarcal a qual eram submetidas, sendo incorporadas nas
piores condições trabalhistas, caracterizadas por cargas de trabalho exaustivas
e com níveis de insalubridade altíssimos, deixando-as em completa
vulnerabilidade social ao lado de homens que eram possuidores de muitos mais
privilégios e vantagens cotidianamente pelo simples fato de serem homens.
Foto: Debate – Filme “As Sufragistas”
Fonte:
Acerto do PET – GEO IM/UFRRJ (2016)
Após a exibição do filme, teve início
o debate a partir das ideias propagadas pelo mesmo, e com isso, foram
levantadas questões de como o machismo está impregnado de forma multifacetada
na sociedade, desde o dia a dia da mulher, que recebe olhares e cantadas e
acaba tendo o seu caráter (e o quão respeito merece receber) julgado pela roupa
que está vestindo, até o “fazer ciência”, com a supervalorização de autores ao
invés de autoras, e a prática da medicina, em especial, em relação aos procedimentos
de obstetrícia, que subordinam as mulheres grávidas a cirurgias e a outros
procedimentos invasivos de forma brutal e, em muitos casos, desnecessários,
colocando tanto as mães como os filhos em risco, não proporcionando às grávidas
o direito de escolher como querem parir os seus filhos; Além disso, também foi
debatido sobre como o machismo pode se intensificar de acordo com quantos
estereótipos determinada mulher carrega em sua vida como, por exemplo, a
diferença de tratamento recebido a partir da sociedade entre uma mulher negra,
pobre e moradora de favela e uma mulher branca que teve oportunidades de estudos
e é pertencente à classe média alta.
Porém, o debate foi direcionado para
além do conteúdo apresentado diretamente no filme, justamente pelo fato de que
o mesmo é alvo de críticas por evidenciar apenas um aspecto da luta feminista,
sendo este o que defende a luta da mulher europeia, branca e muitas vezes de
classes média e alta. Isto ocorre pois dentro do próprio movimento sufragista
britânico há outras correntes que são constituídas por mulheres em outros
contextos sociais e econômicos, o que evidencia a segregação de classes dentro
do movimento, ou seja, há a existência de diferentes vieses.
Assim, a luta das mulheres apresentada
no filme não caracteriza um objetivo universal para as mulheres britânicas,
pois aquelas que eram trabalhadoras da construção civil, das minas de carvão e
membros do movimento operário não eram representadas em seus discursos, assim
como as mulheres negras, o que justifica o fato de muitas mulheres negras
atualmente não se sentirem representadas pelo movimento feminista como um todo
e a partir daí buscarem as suas próprias reivindicações, pois a mulher negra
carrega em si questões particulares que as mulheres brancas não possuem, como
as heranças negativas da escravidão que perpetuou na difícil inserção e
reconhecimento até mesmo como cidadã na sociedade. Por isso, o filme não
demonstra a luta de forma democrática a todas as mulheres, mas sim para uma
parcela, para um grupo social, devido à segregação racial e de classes na
sociedade britânica e, consequentemente, diversas correntes nos
movimentos sufragista e feminista.
Por fim, o CinePET foi de grande
conexão com a pauta da II Semana da Mulher e de suma importância para o fomento
de debates que envolvem o feminismo, a desconstrução de pensamentos machistas,
racistas e homofóbicos, objetivando concretizar o empoderamento das mais
diversas mulheres na sociedade.
Henderson Neiva
Graduando em Geografia
do IM/UFRRJ
Bolsista do PET – GEO
(MEC/SESu)
Para
saber mais sobre os diferentes correntes e pluralidade do movimento feminista,
acesse: http://blogjunho.com.br/sufragistas-classe-genero-e-politica/
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