sexta-feira, 16 de outubro de 2015

PET-Debates: “Por uma Geografia Cidadã: Por uma Epistemologia da Existência” - Milton Santos.

No dia 23 de Setembro de 2015, o grupo se reuniu para o debate a respeito do artigo publicado pela Associação dos Geógrafos Brasileiros no Boletim Gaúcho de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de autoria de Milton Santos, “Por uma Geografia Cidadã: Por uma Epistemologia da Existência”.

Em primeiro momento, o tópico a ser questionado é o porquê de construir uma “Geografia Cidadã”, e nisto o autor é claro em dizer que a Geografia Cidadã se fundaria baseada na pertinência do geógrafo ao abordar um assunto que questiona a realidade, dando uma atenção ao conceito de lugar como um conjunto de objetos, de uma forma que visaria o coletivo, criticando assim, os que valorizam o enfoque em somente um objeto de estudo se externalizando dos demais objetos. Acrescentando também, favorável à atitude de se considerar uma integração de determinações coletadas de disciplinas econômicas, políticas, sociais e culturais no estudo.

No segundo momento, Milton Santos sugere que enxerguemos o espaço, não como espaços adjetivados, ou seja, espaços fragmentados – como o espaço econômico, o espaço político, o espaço social ou o espaço cultural – mas que enxerguemos como um espaço banal. Banal por integrar todas as qualidades, riquezas, povos, etc. Além disso, aconselha que haja discussões voltadas a indagações sobre o espaço, e com isso, acaba criticando discussões que muitas vezes são voltadas para o questionamento do conceito de Geografia.

No terceiro momento, o autor trabalha três dimensões do homem para entender o cotidiano: a corporeidade; a individualidade; e a socialidade. A corporeidade define o lado objetivo do homem, a atuação do corpo, material, objetivo. A individualidade é definida pela subjetividade dos graus de consciência do ser humano. A socialidade é configurada pelo ato de o ser humano viver junto a outro. A relação destas três dimensões define a cidadania e ajudam no estudo do cotidiano de um ponto de vista espacial, visando os tempos que moldaram, estão moldando e possivelmente moldarão as configurações do cotidiano.

Por último, uma Epistemologia da Existência é sugerida pelo autor de modo que possamos ter a noção de que o mundo é feito de um conjunto de possibilidades, considerando os conceitos de lugar e espaço como funcionalizações do mundo “através de suas formas materiais e de suas formas não materiais. E é por isso, também, que através do espaço nós podemos abraçar de uma só vez o ser e o existir”. E finaliza esclarecendo que os estudos da sociedade são feitos através do espaço geográfico, logo, existem devido ao espaço, assim como todos existem. Portanto, não seria racional o estudo de Geografia ser escolhido para determinadas empresas, instituições ou pessoas, dever-se-ia pensar a Geografia determinada ao espaço banal, ou seja, à totalidade.


Por: Marcus Aguiar - Colaborador do Grupo PETGEO-UFRRJ/IM.


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