No dia 23 de Setembro de 2015, o grupo se reuniu para o
debate a respeito do artigo publicado pela Associação dos Geógrafos Brasileiros
no Boletim Gaúcho de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), de autoria de Milton Santos, “Por uma Geografia Cidadã: Por uma
Epistemologia da Existência”.
Em primeiro momento, o tópico a ser questionado é o porquê
de construir uma “Geografia Cidadã”, e nisto o autor é claro em dizer que a
Geografia Cidadã se fundaria baseada na pertinência do geógrafo ao abordar um
assunto que questiona a realidade, dando uma atenção ao conceito de lugar como
um conjunto de objetos, de uma forma que visaria o coletivo, criticando assim,
os que valorizam o enfoque em somente um objeto de estudo se externalizando dos
demais objetos. Acrescentando também, favorável à atitude de se considerar uma
integração de determinações coletadas de disciplinas econômicas, políticas,
sociais e culturais no estudo.
No segundo momento, Milton Santos sugere que enxerguemos o
espaço, não como espaços adjetivados, ou seja, espaços fragmentados – como o
espaço econômico, o espaço político, o espaço social ou o espaço cultural – mas
que enxerguemos como um espaço banal. Banal por integrar todas as qualidades, riquezas,
povos, etc. Além disso, aconselha que haja discussões voltadas a indagações
sobre o espaço, e com isso, acaba criticando discussões que muitas vezes são
voltadas para o questionamento do conceito de Geografia.
No terceiro momento, o autor trabalha três dimensões do
homem para entender o cotidiano: a corporeidade; a individualidade; e a
socialidade. A corporeidade define o lado objetivo do homem, a atuação do
corpo, material, objetivo. A individualidade é definida pela subjetividade dos graus
de consciência do ser humano. A socialidade é configurada pelo ato de o ser humano
viver junto a outro. A relação destas três dimensões define a cidadania e
ajudam no estudo do cotidiano de um ponto de vista espacial, visando os tempos
que moldaram, estão moldando e possivelmente moldarão as configurações do
cotidiano.
Por último, uma Epistemologia da Existência é sugerida pelo
autor de modo que possamos ter a noção de que o mundo é feito de um conjunto de
possibilidades, considerando os conceitos de lugar e espaço como
funcionalizações do mundo “através de suas formas materiais e de suas formas
não materiais. E é por isso, também, que através do espaço nós podemos abraçar de
uma só vez o ser e o existir”. E finaliza esclarecendo que os estudos da
sociedade são feitos através do espaço geográfico, logo, existem devido ao
espaço, assim como todos existem. Portanto, não seria racional o estudo de
Geografia ser escolhido para determinadas empresas, instituições ou pessoas,
dever-se-ia pensar a Geografia determinada ao espaço banal, ou seja, à
totalidade.
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