sexta-feira, 16 de outubro de 2015

PET - Debates: O Sujeiro e Poder - Michael Foucault

Durante a reunião do dia 14 de outubro de 2015, os integrantes do grupo PET – Geografia realizaram a atividade de leitura compartilhada, que consiste na escolha de um texto e a partir daí ocorre a apresentação do mesmo, acompanhada de explicações e debates, em especial, associados às pesquisas produzidas pelo grupo; No caso desta quarta-feira, o texto foi “O Sujeito e o Poder” do autor Michael Foucault.

O texto começa abordando sobre como os seres humanos tornam-se sujeitos, de forma multifacetada, seja o sujeito na forma gramatical dos idiomas, sujeitos da sociedade econômica e sujeitos biológicos. Assim, o autor enfatiza que esta preocupação em identificar e estudar os sujeitos e a forma como os mesmo são desenvolvidos é uma maneira para melhor compreender o que é o “poder”, não partindo exatamente da análise deste, mas de outros aspectos, como as experiências dos sujeitos, para que daí sim seja alcançada a compreensão do “poder” e todas as suas particularidades enquanto conceito e aplicação prática.

Desta forma, é apresentado que as formas de resistência devem ser identificadas como ações presentes numa relação de poder, levando à compreensão de que onde há resistência, há poder, em que o(s) sujeito(s) que está(ão) sendo submetido(s) à determinada ação de poder por parte do(s) sujeito(s) que exerce(m) o mesmo, realiza uma resposta antiautoritária a este exercício de poder, ou seja, a demonstração de descontentamento. Assim, o autor afirma que analisar o “poder” a partir das ações de resistência é um método de compreensão fora da racionalidade interna das relações de poder, e sim, através do “antagonismo da estratégia” (p. 234).

Ao longo desta abordagem sobre a importância de reconhecer quais as ações de resistências e os sujeitos destas ações, os estudantes presentes na leitura do texto identificaram este método àquele utilizado pelo grupo PET em suas pesquisas, visto que há a tentativa de evidenciar quem são os “de baixo” destas relações de poder, e o que eles têm a dizer, qual é a racionalidade alternativa à racionalidade dominante midiática oriunda através destas vozes, seja por meio da manifestação artística, protestos, dentre outras formas, objetivando afirmar o seu direito à cidade, seja por moradia, seja por apropriar-se de determinado locus para o exercício do turismo ou ações culturais diversas.

Assim, é demonstrado como a estrutura de poder utilizada pelos Estados tem sua origem muito vinculada àquela utilizada na estrutura da igreja desde séculos passados, até porque o poder vive em transformação e adaptação. Pois o “poder pastoral” buscava doutrinar, levar o indivíduo/população a um determinado fim, neste caso, à salvação; Já no caso do Estado, há uma busca de assegurar ao indivíduo o bem-estar, saúde, segurança, educação, dentre outros aspectos das sociedades atuais; Há, também, modificação na materialização institucional de como este poder será exercido, enquanto no poder pastoral havia a instituição denominada de igreja, no caso do poder governamental há diversas instituições e aparelhos para que o mesmo seja efetivado.

É muito enfatizado que o poder não é algo que se detém, não é um objeto, mas sim uma ação, está nas relações sociais, e para tal, é necessário haver indivíduos, que se transformam em sujeitos, e a partir daí, a relação de poder é ocorrida. Logo, o autor afirma “O termo ‘poder’ designa relações entre ‘parceiros...” (p. 240), e complementa, “O exercício do poder consiste em ‘conduzir condutas’ e em ordenar a probabilidade [...] como um modo de ação sobre as ações dos outros.” (p. 244).


Por fim, é perceptível que o “poder” trata-se de ações presentes nas relações sociais entre sujeitos, assim, o autor afirma que uma sociedade sem relações de poder só existe enquanto abstração, sempre havendo uma estratégia de atuação por parte de quem exerce o poder, visando atingir, da melhor forma possível, os seus interesses, e uma estratégia de resistência e resposta por parte dos sujeitos submetidos a estas ações, estando estas presentes em diversas instituições da sociedade atual, como a instituição familiar, escolar, empresarial, dentre muitas outras.

Por: Henderson Neiva - Bolsista do Grupo PETGEO-UFRRJ/IM.

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