terça-feira, 19 de junho de 2018

PETPARTICIPAÇÕES: O PENSAMENTO DAS MULHERES NEGRAS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA IDEIA DE FILOSOFIA AFRICANA POLÍTICA, ENQUANTO CRÍTICA AO EUROCENTRISMO

A imagem pode conter: 1 pessoa, textoNo dia 22/05/18 o grupo PETGEO esteve presente na palestra promovida pelo grupo PETCONEXÕES baixada, no Instituto Multidisciplinar, com objetivo de pensar outras temáticas a partir das margens, enxergando o grupo supracitado como ferramenta para pensar e falar a partir do lugar daqueles que se diferem do discurso tido como hegemônico, o Eurocentrismo. 
A palestra contou com a presença da Filósofa Katiúscia Ribeiro, Mestra em Filosofia e Ensino e Doutoranda do programa de pós graduação em Filosofia da UFRJ. Katiúscia trouxe reflexões acerca da filosofia Africana, cujo objetivo é refletir sobre a ontologia do sujeito por uma realidade que se difere do locus ocidental eurocêntrico de enunciação. Essa filosofia permite pensar a vida a partir de uma outra perspectiva que não seja a Ocidental,mas sim a partir de perspectivas "Suleadoras", contra hegemônicas, no trilhar de um caminho referenciado ao Sul e não ao Norte, tomando a África como centro do diálogo e da existência, esta que por sua vez, só é possível graças às "matrigestoras", mulheres negras, que mesmo estando em um “não lugar” imposto pelo processo de escravidão, conseguiu ser potência, gerou potências, rompeu com uma ciência rígida, desligada do místico, e principalmente, rompeu com uma ciência criada por homens, predominantemente brancos. 
A filosofia Africana busca uma visão do todo e enxerga o homem a partir desse todo, indo contra a tendência eurocêntrica de separação entre razão e emoção, entre homem e o cosmo. Propõem uma visão integrada de corpo com a mente, uma busca por transcendência, indo contra a tendência.
   Filósofa Katiúscia Ribeiro e Professora Fernanda Felisberto
Segundo ela, na filosofia africana a mulher é matrigestora, é "mulher potência", é a força dessas mulheres que movimenta o seu lugar no universo. É um corpo que está para além da racionalidade física. 
Em sua fala pudemos compreender a problemática da Colonialidade do poder e do saber promovidos pelo discurso único do ocidente, e o exercício de resistência constante de romper com essa "azili ocidental", que segundo ela é como se fosse um "sistema operacional que formata a realidade de um povo" para conquistar uma "azili operante"com sistemas plurais, diversos, e não uma única forma de ser, sentir e pensar.  Na fala da filósofa: “O problema não é só o que o ocidente fez, mas também o que ele não nos deixa enxergar. Não queremos uma única perspectiva de viver o mundo e enxergar uma única realidade.” Fala-se aqui do pluriverso (ESCOBAR, 2011) em contraponto a noção de universo, em defesa dos múltiplos pensamentos, das epistemes, das diversas culturas e modos de vida. 
A atividade foi muito enriquecedora e o grupo Pet Geografia gostaria de agradecer ao Pet Conexões Baixadas por momentos inspiradores para novas práticas e reflexões como esse na Universidade.

     


Por: Thayná Cagnin Maia - Francine Santos - Bolsistas do grupo PETGEO.IM - UFRRJ

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário