quarta-feira, 5 de outubro de 2016

PET NA VILA AUTÓDROMO




No dia primeiro (1) de outubro de 2016 o grupo PETGEO-IM\UFRRJ realizou uma visita na Vila Autódromo em Jacarepaguá na cidade do Rio de Janeiro. Com os jogos olímpicos, o discurso da remoção na comunidade tomou uma dimensão mais concreta. A Vila Autódromo deveria ser removida para a construção de equipamentos olímpicos. Frente aos argumentos/planos do poder público municipal, a Vila Autódromo, comunidade organizada e pacífica, uniu forças com diversos movimentos e pessoas para resistir às imposições das remoções. 


Com o passar do tempo e maior resistência por parte da comunidade, as formas de negociação foram ficando cada vez mais truculentas. Então, a Prefeitura abriu um decreto para remoção de 50 famílias, sob o argumento para a realização de obras públicas. Um caso específico ficou bastante marcando entre os moradores, como afirmam as moradoras Sandra e Nathália, um caso de extrema violência cometido pelos Agentes do Grupamento de Operações Especiais da Guarda Municipal. Chegaram na comunidade de manhã, sem nenhum aviso prévio, com a forte intenção de remover à força algumas famílias. Com a resistência dos moradores, muitos ficaram feridos, a repressão foi forte através de cassetetes e gás lacrimogêneo. De uma população estimada em 700 famílias (segundo Sandra), apenas 20 conseguiram permanecer no território. Uma área que não atrapalhava em nada o fomento das olimpíadas, mas que hoje está vazia, especulando ao mercado imobiliário. Em outra parte do que foi a comunidade, construíram um hotel de luxo, em parceria público-privada. Desmataram cerca de 500 árvores durante o processo de remoção na comunidade em uma área da margem da lagoa de Jacarepaguá, com a intenção de “resgatar a flora original”, um paisagismo que custou muito a muitos. Mas a comunidade da Vila Autódromo resistiu e resiste com força, Sandra, Nathália e as outras famílias que conseguiram permanecer levam o legado de uma comunidade forte, ordenada, articulada. Através do Museu das remoções, pretendem não deixar a história da comunidade se apagar. Sandra nos disse que as remoções não removem apenas casas, removem a história da população que ali ocupava, remove a identidade de uma comunidade.


Para isso não acontecer, o Museu das remoções surge com o objetivo de relatar os acontecimentos histórico-geográficos ali ocorridos e mostrar que a identidade de resistência prevaleceu, uma comunidade exemplo para outras que sofrem e sofrerão com o processo das remoções. História essa contada através dos símbolos de luta da Vila Autódromo, em um Museu-território.
Foto: Acervo do Grupo PetGeo-IM/UFRRJ.




Por: Flávia Souza - Bolsista do Grupo PETGEO-IM/UFRRJ.






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