No dia 10 de fevereiro, o Cine PET
apresentou o documentário “Remoção” dirigido por Anderson
Quack e Luis Antônio Pilar, tendo como convidada a palestrar e
realizar debates sobre o filme a Geógrafa Renata Neder.
O documentário trata da política de
remoções de favelas durante as décadas de 60 e 70, no governo de
Carlos Lacerda, demonstrando a transformação pela qual a cidade do
Rio passou, quando moradores de favelas foram removidos à força e
direcionados para áreas periféricas da cidade. Essas remoções são
caracterizadas pela retirara de pessoas de suas casas contra a sua
vontade, muitas vezes sem um aviso prévio necessário, sem oferecer
posteriormente condições de habitação melhores, como apoio
financeiro adequado, apoio pela perda de bens materiais, entre
outros.
A partir de entrevistas com moradores que
sofreram e continuam sofrendo com esse processo, o documentário fala
de pessoas que moravam em favelas na zona sul carioca e que foram
colocadas em caminhões e direcionadas para áreas periféricas da
cidade, influenciando em diversos aspectos suas vidas, como o ir e
vir do trabalho para casa, já que muitas vezes são direcionadospara
áreas onde o transporte público é bem precário. A desculpa das
autoridades para a realização das remoções é o fato dessas áreas
serem caracterizadas como áreas de risco e não poderem ser
ocupadas, porém anos depois, é visto que estas mesmas áreas são
ocupadas por prédios de alto padrão, evidenciando o forte interesse
do capital imobiliário e de segregar as favelas, consideradas como
uma imagem feia para a cidade, provocando um “apartheid” entre
pobres e ricos.
Durante a apresentação, Renata chama atenção para o mesmo fenômeno que está ocorrendo nos dias atuais, mais fortemente impulsionado pelos eventos esportivos, tais como a Copa do mundo e as Olimpíadas. Como exemplos, tem-se o Morro da providência, em que para a implantação do teleférico, muitas casas foram e têm sido removidas, e os moradores novamente recebem pouco ou nenhum aparo do governo. Na década de 60 e 70, as casas eram marcadas por um “X” vermelho, hoje, são marcadas pelo sigla “SMH” pertinente à Secretaria Municipal de Habitação.
Por fim, a convidada fala sobre a entidade
na qual ela faz parte, a Anistia Internacional (anistia.org.br), que
tem um trabalho de proteger os direitos humanos e buscam apoiar os
moradores na busca de seus direitos, que estão sendo violados por
esse processo de segregação espacial e elitização da cidade.
Henderson Neiva - Bolsista PET Geografia - UFRRJ
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