A mesa "Ambiente e Sociedade, desfazendo fronteiras", que fez parte do Ciclo de debates e vivências, denominado "Inquietações Geográficas", pelo PET de Geografia da UFF, foi mediada pela Profa. Rita Montezuma e com participações do historiador Prof. José Augusto Pádua (UFRJ) e pelo Geógrafo Prof. Ruy Moreira (UFF / UERJ). Com a plenária lotada, foram expostos os dois pontos de vista, que a principio, poderiam parecer opostos, mas que ao longo as exposições e com as posteriores perguntas feitas pela plenária, composta majoritariamente por estudantes, se completaram . Logo as análises foram uma aula de História Ambiental e da Lógica da ocupação do espaço hoje conhecido como Brasil.
O Professor e Historiador José Augusto Pádua expôs as suas reflexões sobre a História ambiental e, para tal, leu fragmentos de documentos da época colonial brasileira, que remetiam à ocupação predatória do espaço natural, justificando que fará uma reflexão com base nestes textos do passado. Destacou, entre diversos exemplos, o nocivo contato para as sociedades nativas com o colonizador, pois os mesmos, além da dizimação por força, trouxeram inúmeras doenças desconhecidas pelo sistema imunológico dos povos nativos, como gripes e outros vírus, que acabaram por diminuir a expectativa de vida das sociedades aqui originalmente constituídas. Apresentou também a lógica predatória da monocultura de "plantation", como herança cultural-econômica deixada ao longo da história, para que hoje entendamos a ocupação dos sistemas produtivos agrícolas brasileiros.
O Professor e Geógrafo Ruy Moreira, nos brindou com uma análise contundente extremamente didática sobre o que ele nomeou de "Ruptura ecológica-territorial", que segundo o mesmo esta justificada na sociedade moderna mercantil. O destaque foi a exposição do Professor, acerca dos modos de contato com o meio natural, na qual, a "evolução" da sociedade sob a base capitalista afasta a mesma do meio natural, criando assim uma alienação ambiental da espécie humana, que outrora com os denominados "índios" era de um contato harmonioso e fértil, na medida em que as sociedades originárias do espaço brasileiro, mantinham um contato extremamente sustentável com o meio, favorável à sua não degradação. Quando as relações mercantis passaram a exercer papel dominante nas relações sociais, a lógica da lucratividade passou a demandar o uso irracional do solo e o afastamento definitivo do ser humano com relação à natureza. O que antes era uma relação de extrema harmonia, nas sociedades comunitárias - como as indígenas - tornou-se uma convivência predatória, na transformação desta em sociedade societária, o que contribuiu para o atual alarme ambiental.
Em síntese, como se pode notar, as exposições se completaram e permitiram a realização de uma bela reflexão sobre a fronteira que há entre a sociedade capitalista e a natureza. Em tempo, faz-se necessário apontar que a Professora Rita Montezuma, na qualidade de mediadora, concluiu que a "emergência" das discussões sobre a preservação dos recursos é algo necessário para a manutenção do sistema, visto que o mesmo descobrindo que os recursos não seriam suficientes para a continuidade da produtividade nos moldes atuais. Não que tal preservação e busca de novas lógicas não sejam necessárias, porém são de grande necessidade para a guarda do consumo.
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