quarta-feira, 20 de março de 2013

RODA DE CONVERSA "FAVELA É CIDADE!"



       Cleonice Dias nos contou sobre sua experiência como moradora da Cidade de Deus e sobre suas lutas cotidianas em esclarecer essa ideia de que favela não é um lugar apartado da cidade, onde apenas temos uma perspectiva de ausências como se fosse um território vazio e apto a ser dominado...sem sujeitos, sem dinâmicas e sem vivências. Nos diz que a cidade surge como um espaço de disputa e construção atendendo a interesses globais e mercadológicos e é muito fácil percebemos isso quando atualmente temos no Rio de Janeiro esse imaginário de uma “Cidade Olímpica”, que tem transformado bastante o espaço urbano carioca para efetivação de alguns projetos – como o Porto Maravilha – e que tem passado por cima dos direitos dos cidadãos já que o foco se dá apenas no potencial econômico que estes projetos abarcam. Cleonice nos conta um pouco da história desde o inicio da Cidade de Deus, desde quando era considerado um conjunto habitacional que atendia aos interesses de uma remoção autorizada pelas esferas de governo vigentes, mas que acabou atingindo abrangências maiores do que o esperado e se tornou um bairro. Também nos fez refletir sobre as forças de controle atuantes na favela, vezes por tráfico de drogas ou armas, vezes por policiais, vezes por milicianos, que se encontram cada vez mais próximos do (ou no próprio) do Estado e nos conta que não é um movimento recente. Numa roda de conversa bastante leve e informal, Cleonice também aponta a academia como sendo um espaço essencial para as lutas sociais, já que permite enxergar os processos, os contextos de uma perversidade capitalista na qual a sociedade se insere e permite revelar desdobramentos desta parceria da universidade com as lutas sociais. Sempre apontando para a importância do coletivo em suas lutas, Cleonice, destaca que seu maior aprendizado advem das experiências cotidianas e que sua formação se deu na Cidade de Deus, pois esta foi fundamental para entender a sociedade e a cidade, nos fazendo repensar nossas práticas acadêmicas.

Carolina Peres
PET-Geografia/UFRRJ-IM

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